sábado, 8 de abril de 2006

O submundo do mercado de trabalho

O destaque do Expresso de hoje não deixa de ser interessante. Denuncia o facto dos dados de contas bancárias de clientes do Totta estarem a ser processadas por tarefeiros, em regime de recibo verde, a trabalharem para uma empresa do grupo Reditus. Um deles disse ao jornal que tinha tratado “contas de figuras públicas, nomeadamente de Isaltino Morais e de Valentim Loureiro e tinha acesso a nomes completos, moradas, número de contribuinte, todos os movimentos de conta, etc.” Num país onde tudo se pode desvendar, bastando para tal saber mexer os cordelinhos junto de gente bem posicionada com contratos de tempo indeterminado, e onde o segredo de justiça é ignorado sistematicamente, isto mais parece uma não-notícia. Mas não é. No entanto, quando é revelada a relativa facilidade com que as empresas utilizam o chamado recibo verde como forma de contratação, vem-nos à memória os tempos em que Cavaco Silva era primeiro-ministro. Nessa altura, milhares de trabalhadores da Função Pública, empresas públicas e privadas eram mão-de-obra barata através da utilização sistemática dos tais recibos. Mesmo sabendo que era ilegal, uma vez que não havia uma prestação de serviços, mas sim trabalho subordinado. Ao que parece esses tempos estão a voltar. A Inspecção de Trabalho deve andar a fazer uns trabalhinhos para a Direcção-Geral de Impostos, talvez também a recibo, agora branco, à procura fugas ao fisco e de receitas para o Estado. E tudo indica que as aves de rapina do mercado de trabalho continuam em forma, a usar de forma vergonhosa quem anda à procura do primeiro emprego ou quem está desempregado.

3 comentários:

r.b.S disse...

....:::r.b.S:::....

Mês: Abril

Alguns destaques para este mês:
-Massive Attack
-Nightmares on Wax
-Mf Doom
-"Big Apple Rappin" (Soul Jazz Records)
-Muallem
-Gotan Project

entre outros...

Fico à espera da vossa visita!

http:\\rbs1.blogspot.com

Anónimo disse...

Muitos pensam que a forma de avançar com políticas neoliberais do trabalho sem levantar muitas ondas a nível social passa por essa solução: recibos verdes.
Não há vínculos e os depedimentos podem ser rápidos.
E quando o Estado fecha os olhos a esta situação, está a ser conivente com ela, embora os serviços de propaganda digam o contrário.

Anónimo disse...

A notícia do Expresso é simplesmente ridícula. É preciso não se perceber nada sobre como funciona a banca para se dar destaque àquela situação.