sábado, 29 de abril de 2006

França: Villepin cercado por Sarkosy no "caso" Clearstream tenta subir a parada sádica

O" Le Monde " destaca hoje nas suas manchetes multi-mediáticas o caso Clearstream e força o PM a retratar-se cabalmente ou a demitir-se por causa da manipulação que envenena o caso e implica todo o topo do aparelho de Estado chiraquino. O vespertino não se faz rogado e aponta: " trata-se de um escândalo de Estado " e "por agora, é sobre Dominique de Villepin que pesam as presunções em maior número sobre uma possível utilização dos serviços de Estado para conceber uma manipulação, um ajuste de contas político ". Nas entrelinhas, Villepin tenta implicar Chirac como o " estratego " da questão e Sarkosi tenta aumentar a sua margem de manobra para aparecer como candidato imposto à força a médio prazo.

" Se ele pretende continuar a dirigir o governo e a gerir os negócios da França, se ele aspira a que a dignidade da sua missão não seja manchada, D.Villepin deve lavar-se o mais rápido possível das suspeitas que sobre si recaem ", sublinha o jornal.

E´um autêntico rififi de fazer entontecer. Sade diria o crime como resgate da paixão contra a repressão, da ultrapassagem pelo desejo do excesso: " só o desejo é activo, só ele nos torna presentes ". Sarkosi persegue o(s) responsáveis pela inclusão do seu nome nas listas de clientes secretos do banco de compensações do Luxemburgo, o Clearstream. No afrontamento contra Villepin, o PM derrotado pelo CPE primaveril, o titular do Ministério do Interior, o senhor de todas as polícias, decidiu jogar por antecipação e crucificar novamente Dominique de Villepin, deixá-lo no tapete com a estocada final contra as suas ambições de presidenciável. Ou então obrigá-lo a um acordo de " banho maria ", mas com a corda na garganta.

O caso é de antologia policial de alta voltagem. Tem por comparsas, a cúpula do poder de estado- Chirac parece que deu luz verde. Villepin preparou o golpe há dois anos com os altos comandos da contra-espionagem interna e externa francesa. E um amigo seu de peito e antigo colega no MN francês deu-lhe o mote: o caso das listas de clientes evasivos do banco luxemburguês. Agora passa para a Imprensa, que recebeu instruções de Chirac para
tomar tal iniciativa... que cruxificaria Sarkosi.

Sarkosi acumulou alguns dividendos com a má-gestão por Villepin do dossier do Contrato de Primeiro Emprego, que fez cair o PM nas sondagens e colocá-lo da lista negra dos perdedores potenciais na corrida presidencial de Maio 2007. Chirac deu "corda" ao Sarkosi para proceder a alterações nos comandos das polícias- sinal de força do ministro, presidente do partido presidencial UMP e putativo auto-candidato à sucessão - e este, lesto, desencadeou buscas gigantescas no gabinete ministerial da sua colega da Defesa, a autoridade delegada no comando da polícia de espionagem externa, que controlou as investigações.

Se o" Le Monde" mobilizou a nata do seu Serviço Político( 4 redactores) e o edito do director ; o Libération destacou também quatro redactores. Serge July, (o ex- maoísta-sartriano director) vendeu mais de 45 por cento do jornal a um dos herdeiros Rotschild, e não pode nem deve querer fazer sangue. Bernard-Henri Lévi, o filósofo pop, autêntico sismógrafo das intenções políticas do maistream mediático-político-financeiro pariseense ,ainda há pouco se questionava publicamente sobre quem tinha mais chances... Villepin ou Sarkosi.!?! Citando Max Weber, poderíamos dizer que " ninguém sabe ainda quem habitará a gaiola, nem se no final deste gigantesco processo aparecerão profetas inteiramente novos... ".


FAR

2 comentários:

Anónimo disse...

Maloud, estrela de blogues- Estou admirado com o seu silêncio, será que se confirma a crise da classe média nortenha, as que vivem o dia-a-dia criterioso e trabalhando honesta e frenéticamente?!?A categorizada estrela dos blogues está a aatrvessar uma crise de crescimento ou simplesmente comecou a aprender o inglês a sério para fazer frente ao Pereira sabe-tudo? FAR

Anónimo disse...

Que arrogância!
Há silêncios de oiro.
A Maloud está a viver um conflito e sente culpa por ser da burguesia nortenha. Consta que brevemente vai descer ao Sul.