
Declaração de intenções: sou angolano.
Esta "cimeira" foi uma grande vitória para nós, africanos. Em primeiro lugar, e talvez pela primeira vez, os poucos líderes democraticos no nosso continente deram de si. Fizeram-se ver. O Abdoulaye Wade, presidente do Senegal e meu novo herói, fez-nos a todos o favor de abandonar a palhaçada prevista, os "Acordos de Parceria Económica". Esses "acordos" seriam, bem o sabemos, mais uma etapa desse percurso traçado em Lomé e Cotonou, isto é, o caminho do neo-colonialismo, e mais uma vez, qual ironia macabra, ratificados por quem nós próprios africanos temos a infelicidade de nos representar. Ou seja, o "livre comércio" unilateral: a destruição das possibilidades de criação de uma economia minimamente sustentável, a pura importação dos produtos em troca da exportação das matérias-primas, como sempre com as mais-valias delas a escaparem-se por entre os nossos dedos e a fugirem para as contas astronómicas das "empresas civilizadas". Alguém lhe escapa a equação? Quando se diz "neo-colonialismo" não é por capricho.
Pois bem: ao contrário do que se possa supor lendo os títulos dos jornais, finalmente uma cimeira UE-África foi um fracasso, e graças à resistência de poucos líderes africanos, desta vez, curiosamente?, democratas. Agora restará uma dúvida nas cabeças bem pensantes, "liberais", "democratas" e etc. aqui na nossa Europa: porque é que são os ditadores africanos que anseiam pelas "receitas de liberdade" do "mercado livre", e porque é que os poucos democratas africanos as rejeitam.
Ficará para a consideração "teórica" entre o valor da "democracia" e do "mercado", e muito bem comparado com a "questão do Pinochet".
2 comentários:
Estamos juntos, CAMBA !!
Gabriela
Só em Portugal, os jornais falaram de sucesso. Lá fora, ainda há gente na imprensa que não se deixa levar pelo marketing e publicidade. Quanto à vitória, já não sei. Os chineses também não são flor que se cheire. e ainda por cima são muitos.
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