quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

V - Caso Litvinenko: Serviços Secretos ingleses e russos aceleram análises

Dois dos três maiores correspondentes internacionais do Le Monde - Marc Roche (Londres) e Marie Jégo (Moscovo) - analisam tudo num texto superlativo.
Onde a guerra sem quartel dos serviços de espionagem não tem limites. Peça número cinco do nosso folhetim...


Trata-se de um texto magistral de profundidade, de intelecção e de audácia, para ler clicar aqui, que surgiu no Le Monde, na véspera do dia de Natal. Quase um mês depois da morte do antigo agente secreto russo, Alexandre Litvinenko, por envenenamento provocado pela absorção de substância radioactiva num hotel da capital britânica. Duas teses estão em confronto: a da Scotland Yard que parece corroborar as suspeitas avançadas pelos amigos da vítima e próximos do multimilionário russo exilado, Boris Berezovski; e a dos serviços secretos russos, FSB, que se inclinam para inculpar o antigo amigo íntimo de Yeltsin, refugiado em Londres, acusado pelos homens de Putin de financiar as revoluções tutti-frutti na Ucrânia, no Quizikistão e a oposição em armas na Chechénia.

A relevância política do caso impôs a contratação de dois grandes grupos de Média Consultores para ajudarem os dois campos em disputa, o que tem contribuído para o nítido arrefecimento das relações diplomáticas anglo-russas, proverbialmente tão estreitas e compreensivas. Boris Berezovski, o Raspoutine do Kremlin da era Yeltsin, como é chamado em Moscovo, é acusado pelos serviços secretos russos de ter inspirado, quer a morte da jornalista Anna Politkovskaia, quer a de Alexandre Litvinenko. Tudo, acusam, para dar " uma má imagem da Rússia, de modo a que os serviços da justiça inglesa não possam reclamar a extradição do multimilionário refugiado ", reportam no texto os jornalistas.

Um retrato inexcedível de Boris Berezovski, grande senhor do imobiliário de luxo da capital Britânica." Que espantoso caminho percorrido por BB, Bab para os amigos, depois dos finais dos anos 80! Oriundo dos círculos da inteligência judia moscovita, B. Berezovski não passava nessa altura de ser um estudante apagado, com vocação contrariada, obrigado devido às suas origens a renunciar à sua grande ambição - a astronáutica - para se orientar para as matemáticas aplicadas. No início dos anos 1990, lança-se na revenda de carros, o sector mais criminalizado. Comerciante arguto, cultiva relacionamentos com todos os patamares da sociedade, inclusive com o do crime. Atentados, incêndios postos e assassinatos encomendados são o pão-nosso de cada dia. Em 1993, um banqueiro, Ivan Kivelidi, é envenenado por isótopos radioactivos dissimulados na sua poltrona e telefone. É o primeiro assassinato radioactivo ", sublinham os autores do texto.

E mais este extracto sibilino: " Quando o Kremlin procura um sucessor para o presidente Yeltsin, enfraquecido por problemas de saúde, o oligarca (que já disputava 50 por cento das receitas internacionais da Aeroflot...), revela-se o mais ardente apoiante do candidato Putin. Os dois homens apreciam-se mutuamente, e muito. Durante o ano de 1999, Vladimir Putin desloca-se à mansão de férias do multimilionário, em Cádis, Espanha, mais de cinco vezes. No dia em que Putin é nomeado primeiro-ministro, houve festa rija no burgo dos arredores da estância balnear da Costa del Sol".

FAR

2 comentários:

Anónimo disse...

Meus caros, permitam-me um alerta onde diz: "para ler clicar aqui" não está activado a ligação.
Cumprimentos e votos de Bom Ano 2007.
Cumprimentos
Eugénio Costa Almeida

Anónimo disse...

www.danielestulin.com