Olá,
Estou de volta mais rapidamente do que o costume porque no dia de Natal estive a ler o relatório da bem britânica Chatham House a criticar a política externa do Tony Blá Blá (Blair) e não quis deixar de compartilhar o humor do tal documento.
Vocês devem ter ouvido falar disso pois pelo que me apercebi foi grande notícia aí desse lado do charco porque o instituto criticava as relações do Tony Blá Blá com o Bush. E como vocês sabem tudo que seja a dizer mal do Bush …é bom!
Eu cá desatei a rir quando cheguei à parte que afirma que “um distanciamento do Reino Unido dos Estados Unidos e uma relação mais próxima com a Europa são requisito para uma política externa pós Blair”. Depois de uns bons copos de vinho foi mesmo a frase que eu precisava para me pôr de bom humor antes de ir para a cama. Melhor que uma “passa” ou um brandy. Ainda estava a rir para mim mesmo já com a luz apagada Tenho quase a certeza que o Tony Blá Blá deve também rido às gargalhadas e respirado de alívio perante tal parvoíce.
É do camandro! Eu pensava que as elites europeias já tinham aprendido a lição, mas pelos vistos não. Continuam a viver na UEtupia, isto mesmo depois de o eleitorado já lhes ter dito claramente que não está interessado na sua versão burocrática e “tachista” da “Europa”.
Merecem em vez do Tony Blá Blá mais dez anos de Margaret Thatcher que é para ver se aprendem de vez! O Rumsfeld que me desculpe por eu fazer uso das suas palavras mas quando a Chatham House fala de relações com a “Europa” refere-se à velha Europa ou à nova? À França ou à Polónia? Talvez à Roménia? Ou será a Alemanha? E qual Alemanha? A da Angie ou a do Helmudt? Ou será a Europa do Luís Amado das frases complicadas “não só mas também e tal e coisa”?
Alguém sabe qual é o número do ministério dos negócios estrangeiros da “Europa”? Eu telefonei à Chatham House para ver se me davam o número do ministério dos negócios estrangeiros da “Europa” e vejam lá … desligaram-me o telefone. A telefonista disse que não sabia e pôs me em contacto com uma senhora do “research department” que me perguntou se eu estava “a brincar” e depois desligou o telefone toda irritada quando eu lhe perguntei se por acaso sabia também o nome do ministro dos negócios estrangeiros da Europa.
Eu depois fui à pagina da Internet da UE e descobri que a “comissária (!!) das relações externas” é uma pessoa de que nenhum de vocês já ouviu falar. Tem o nome bem euro de Benita Ferrero Waldner e é austríaca. Obviamente ela é parte daquele grupo de centenas e centenas de “commisarios” (!) e euro deputados que por não conseguirem emprego ou serem eleitos nos seus próprios países são enviados para a UE com vocês a pagarem os salários, ajudas de custo, viagens de avião etc. etc. para eles decidirem sobre o tamanho das maçãs e das peras, do conteúdo do leite e da cerveja, debaterem voos da CIA, como se vocês não pudessem fazer isso a nível local sem terem essa malta a ter que justificar o salário.
Mas se a Benita pensa que ela é que é a comissária (!) dos negócios estrangeiros da Europa está enganada pois tem concorrência. Isto porque a UE tem também um “Alto Representante para a Politica Externa e de Segurança Comum (!!?)” ocupada pelo Javier Solana, que até é um gajo porreiro mas que está cada vez mais magro e sempre com a barba por fazer devido a andar há meses a tentar convencer os gajos com pneus de lambreta na cabeça a deixarem de produzir urânio e mísseis. (boa sorte!). Ou então por andar à procura da tal politica “comum”.
Confuso que fiquei, eu depois telefonei ao meu “garganta funda” no Departamento de Estado que ficou um pouco atrapalhado com a pergunta mas admitiu não saber quem é o ministro dos negócios estrangeiros da “Europa”. Ele não sabia quem era a Benita Ferrero Waldner e disse-me que parecia um nome de “estrela” de cinema. Contudo acrescentou, no Departamento de Estado conhecem o Javier como “chief”.. Ora bem…. A comissária (!) Benita não vai gostar…
Tenho a dizer em abono da verdade que o relatório da Chatham House admite que no passado em termos de política externa a “Europa” não teve muito sucesso e que a incapacidade dos países europeus darem “uma resposta europeia” a crises no seu quintal, como o Kosovo , foi “lamentável” dando “a distinta impressão que a Europa era incapaz de ter uma visão geoestratégica”.
O que me leva a perguntar: Nesse caso e como noutros idênticos quando a campainha de alarme soa a quem é que se telefona? Quando o Ratko Mladic dá baile e prova - na prática - que não há - na prática - política externa e de segurança “comum” a quem é que se telefona? Ao Javier, à Benita ou ao ministro da defesa da “europa”? (Não sei quem é? vocês sabem?)
O documento da Chatham House diz ainda que uma “dificuldade” para uma política externa da Europa é que os gastos de defesa enquanto percentagem do produto interno bruto nos países europeus vão continuar a cair. Eu sei como é. A malta habitua-se durante anos e anos a viver à sombra protectora dos mísseis dos outros que se esquece que para projectar poder é preciso ter…poder.
Quando os gajos com pneus de lambreta na cabeça tiverem mísseis apontados para a Europa ou se a China (ou mesmo o Qatar) lhe der na cabeça de bloquear as vias marítimas do petróleo do Médio Oriente como é que o Javier ou a Benita vão projectar a politica externa da “Europa”? Indo à Hertz alugar uns Fiat Unos para levar o maralhal para a guerra ou alugando aviões à Ucrânia? Telefonando ao ministro da defesa da Europa (quem é?) ou ao Pentágono?
Alguém no MNE da “Europa” já pensou a sério quais são as ameaças estratégicas a longo prazo para a Europa? E como é que a Europa pode ou não pode responder a isso? Em quem é que o Tony Blá Blá pode confiar em termos de lhe garantir segurança: na UEtupia da “Europa” ou nos States?
Aqui deste lado do charco levou tempo mas está-se a aprender (uma vez mais) que ser superpotência não singifica ser omnipotência. Aí desse lado do charco deveriam aprender (mais uma vez) que de momento e por muito mais tempo nada pode ser feito sem os “states”. Quem o disse não fui eu. Foi o Tony Blá Blá. Ou como diria o Charles De Gaulle: “On peut sauter sur la chaise comme un cabri en disant: ‘L’Europe! L’Europe! L’Europe!’ mais cela n’aboutit à rien et cela ne signifie rien”.
Um abraço,
Da capital do Império
Jota Esse Erre
5 comentários:
O Jota Esse Erre devia era vir para este "lado do charco" falar directamente e como escreve à cambada EUROpolítica (e não só!).
A cambada acharia "montes de piada"... claro, e o Jota não quer... claramente!
Uma delícia, John!
Abraço do Jota Efe.
é verdade José. as ogivas e quejandos dos USA existem para manter a paz no mundo e não para defender os interesses da centena de bem instalados americanos, desculpa, a malta cá não percebe.
Pois é, mas também penso que com a globalização, e não só, a centena está há muito ultrapassada, (isto para manter o tom redutor do comentário do caro anónimo de cima),porque e para agravar, hoje em boa verdade são muito poucos os interesses que são 100% americanos. No passado é que era porreiro, as ogivas americanas eram para manter a tal "centena", mais as soviéticas para manter as "nomenclaturas" profundamentamente democráticas...., com muitos sóis a brilhar e lindos amanhãs. Uma orgia de ogivas...
dá-me gosto ler os contentinhos
perdoe mais uma vez a minha ignorância, a quem serve o arsenal bélico americano?
quem é que defendeu o arsenal da defunta União Soviética?
os interesses do capital multinacional não americano também é defendido à lei da bomba? Por quem? só se for pelos pobres britânicos.
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