O politólogo especialista do Médio Oriente na Brookings Institution aconselha que os EUA apliquem com planificação prévia o plano do ISG para iniciar conversações com o Irão, que a administração Bush-II tinha congelado...
Relatório do Grupo de Estudos do Iraque (ISG) nas livrarias e imediata polémica construtiva nos USA. Como não posso ler tudo, e já me habituei ao NYT, que considero fantástico e com uma superlativa performance política e técnica, 48 horas depois da saída do relatório Baker/Hamilton & copains, eis-nos no início de uma polémica avassaladora de que já demos notícia com as reacções de R. Dreyfuss( The Nation) e R.Kaplan( Atlantic M.). O politólogo Kenneth Pollack, grande especialista do Médio Oriente e Golfo Pérsico, autor de diversos livros sobre essa problemática, aponta no artigo publicado que " Não podemos simplesmente esperar que o Irão salve o Iraque para nós. Nós americanos precisamos de um novo, prático e exequível plano realizado por nós. Só então saberemos de que forma é que o Irão melhor nos poderá ajudar, e o que desejaremos pagar para essa ajuda. Falar com o Irão sem ter o tal plano, seria infrutífero ou mesmo absurdo ".
Pollack recorda que a administração GW Bush ostracizou e cortou os anteriores contactos com o Irão, depois de 11/9 de 2001. " Já devíamos ter comprometido o Irão no Iraque há anos a esta parte. Antes e durante a guerra no Afeganistão, os iranianos foram muito prestáveis para com os USA: Eles apoiaram a nossa raiva contra Al Qaeda e os talibãs; e tomaram a iniciativa de nos fornecerem assistência nas informações secretas, logística, diplomacia e também sobre as políticas internas do país em causa", frisa.
" Com a mudança de objectivos dos EUA focados para Saddam Hussein, os iranianos sugeriram que teriam querido cooperar também acerca disso. Infelizmente, a administração Bush declinou a oferta, preferindo agregar Teerão com Baghdad e Pyongyang no " eixo do diabo " ", acrescenta para sustentar: " Nada disto quer sugerir que o Irão estava disposto a ajudar-nos a não ser por razões de iniludível interesse próprio, ou que isso pudesse significar que se tinha desvanecido a antipatia que nutre por nós. Simplesmente isso significava um real pragmatismo e estar em afinidade com as opções que mutuamente nos implicavam, o que já tinha sido bastante bom ".
Relatando que o Irão financia, apoia e forma a maioria das milícias xiitas iraquianas a operar no terreno, Pollack diz que isso podia ser muito útil para tentar a paz civil entre as facções desavindas numa guerra perigosa. E pontua: "Temos de ter muito cuidado, contudo para não sobrevalorizar a influência do Irão. Os problemas no Iraque não foram criados pelos iranianos, nem o Irão os pode resolver na totalidade ". O politólogo pondera que se houver chantagem dos iranianos para inflectir o comportamento das milícias e dos grupos armados que ajuda, no sentido de os tentar desarmar e obrigar a sentar para negociações, talvez ocorra o caso deles não se importarem com o fim da ajuda múltipla iraniana.
FAR
1. Don´t count on Iran, por Kenneth M. Pollack, NY Times 9/10. December 2006
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