sábado, 9 de dezembro de 2006

The Iraq Study Group: O que dizem in vero os média norte-americanos

Fomos ler. Há o belíssimo texto da Maureen Dowd no NYT. Um assombroso de Robert Dreyfuss in The Nation ; e o do ex-neo-con R. Kaplan na The Atlantic Monthly

Dreyfuss diz que o relatório do Grupo de Estudos do Iraque (ISG) põe a correr a ideia da retirada das tropas lideradas pelos EUA no Iraque, o que é positivo; por outro lado, critica a posição do grupo que acredita a tese de que os aliados ocidentais podem continuar a sustentar o governo iraquiano quasi-inexistente e fortalecer as suas viciosas e sectárias forças em armas, o que é " um pequeno terrível defeito " do documento, assevera. O analista político acrescenta: " As principais características do documento mostram o total descalabro da política de Bush que conduziu o Iraque e o Médio Oriente à beira da catástrofe. Como é evidente, os EUA devem fazer um volte-face total", iniciar a retirada das forças de combate e todo o resto do contingente até 2008. Além disso, "os EUA devem esforçar-se por criar uma iniciativa diplomática que reúna os vizinhos do Iraque - incluindo a Síria e o Irão -, a Liga Árabe, a ONU, a Conferência dos países Islâmicos e toda a série de entidades mundiais para prevenir que o caos se instale.".

E Dreyfuss vai mais longe e descobre o nó górdio que o relatório aponta para ser resolvido." Os EUA devem renunciar a qualquer tipo de ideias para tentar estabelecer bases permanentes no Iraque, rejeitarem a ideia de que procuram controlar o petróleo e, acima de tudo, devem procurar estabelecer o quadro de uma urgente unidade nacional. Para a realização de tal, o ISG propõe que os EUA falem directamente com Muqtada al-Sadr, com os líderes das milícias e com os chefes dos grupos de guerrilha. Chegou a hora de falar com eles. E para coroar todo esse esforço, o ISG advoga a reabertura do processo de paz israelo-palestiniano", sublinha. " O relatório não soletra uma só palavra sobre a ´vitória` no Iraque. Acima de tudo e com o máximo de cautelas, Baker afirmou que a ideia de permanecer no Iraque não é mais viável ", aponta.

Dreyfuss fala das reacções positivas de Bush face ao " insulto " que constitui o relatório sobre a sua política. E adverte: " A situação é tão grave que até o presidente o reconhece. Os EUA, disse o senador democrata Hamilton numa entrevista à CNN, não tem meses mas só semanas, talvez dias para agir para acautelar uma possível guerra civil incontrolável e um conflito regional adicional ". E foi mais fundo ainda:" Embora todos os elementos do ISG o quisessem dizer - como o fez o ministro da Defesa Robert Gates - que os EUA não estavam a vencer no Iraque, foram relutantes em fazer face à verdadeira verdade: os EUA estão a perder ; na verdade, a guerra está perdida ".

Robert Kaplan, um recém escapado membro dos neo-cons de Rumsfeld, tenta recuperar a margem de manobra da administração Bush face aos efeitos duplos provocados pela publicação do relatório. " On the one hand, it has been a catalyst to force the Bush administration to initiate its own policy reviews, and step up its own diplomatic initiatives. That is an unmitigated good. On the other hand, by essentially making an end run around the Administration, the group risks seriously undermining it". Está tudo dito. Só que os democratas maioritários nas duas câmaras parecem determinados a implementar as orientações do relatório Baker/Hamilton. Um bom braço-de-ferro em perspectiva.

FAR

1) Robert Dreyfuss, The Iraq Study Group: A fatal Flaw. The Nation.

2) Robert Kaplan, The Iraq Study Group. The Atlantic Monthly

Sem comentários: