No redondo da sua dor, as pontas são donas de um nome.
Por elas denota-se o drama, esticam ou encolhem a vida mesmo a das dores maiores, as que têm face.
Essa história dos filhos e dos amores está lá, sabe-o.
O descanso da mãe estira-se em dois instantes - o da partida e o do regresso.
Persegue os pés do filho como se fossem berlindes, até qualquer fundo de descida, tentando encostar-se a ele lá no silêncio do merecimento da conjunta viagem; seus palpitantes dedos contam as esforçadas etapas da cria, sobrepondo-as em importância aos seus próprios pavores, somando-se em contentamentos de idas e vindas que não só em imaginação lhe pertencem, ensopando o destino de tempo feliz.
A sua admiração pelo rebento engendra-se voluptuosamente, quanto mais afasta as pontas da incerteza e o obriga a existir em maior duração, no fino equilíbrio da efemeridade.
É assim que se concebe como mãe.
Dar-lhe cada vez mais vida.
Já a desrosada face dos amores é mais infeliz.
Na aceitação, observa-o.
Já não apaga nem acende, vive só mesmo lá dentro da meia forma ganha em volume de silêncio, no escuro - sem piscar.
Treme por tocá-lo sem a espessura da espera, sem isso dos engrossados pensamentos nas muitas luas a cuidarem um esgar- o que desresta do seu homem.
Serpenteiam-lhe sob as finas pálpebras os olhos desejosos, vontades de pesadamente pousar-se nos cheiros que não se desmisturam, ficar neles agachada a parir fundura, não demovê-los como coisa não sua, abrigá-los como a casa os seus definitivos ocupantes quando se esboroa, ser só lançada boca de pedra aguçada em secular casca de árvore – se pudesse, para sempre.
Enroscada nos panos, a descida do astro ainda em memória, aponta uma sombra junto a si, o arco fechado das costas alheias descondizente com a linha horizontalizada dos seus seios.
Há-de vir alguém, de muito longe, cingir-lhe o desenho dos lábios com calores pertos e rodear-lhe a descintura da dor com amabilidades..
É assim que celebra os seus sangues de mulher – sonhando.
Talvez um bárbaro.
8 comentários:
Que texto mais feio, credo! Que mal escrito, que imagens tão forçadas, que construções tão... tão... óvalhamedeus!
Este texto é muito belo, pelo contrário, sr. inacreditável anónimo. Isto não lembra ao demónimo de dizer mal da palavra poética, onde justamente, não existem verdades nem paradigmas pré-estabelecidos e normativos, conforme nos ensinaram Derrida, Blanchot ou Kafka, que o sr. inacreditável anónimo também deve execrar. Avanti Gabriela, please! FAR
"Anonymous" primeiro!
Muito destrutivo...
Guarda esses comentários para os teus "parcos saberes"!
Gabriela..."chega à frente",
camarada!
Beijinhos do Frisó!
Ó Gabriela, ê!
Gosto do teu olhar fugidio, do teu bomdia a bendizer o meu dia no teu olhar afugir dos meusolhos.
Daquelas palavras que tu guardas para me dizer nos teus textos.
Gabriela, ê!
Escreves bem para me alegrar os meus dias.
Obrigado!
Far, Frisó, Fernando...
Beijinhos!!
Mesmo!!
Gabriela
Os traços de grande modernidade do texto da G.Ludovice são pertinentes e indicam um bom caminho para o futuro: jogar com o efémero, o desiquilibrio e o instante! Tudo o resto, que é assimétrico e polifónico, são interferências do real que, como disse o Foucault no seu livro sobre Raymond Roussell, devem ser dinamitadas e descentradas, não iludindo o desejo e a subversão. FAR
I catch it, Far!
gabriela
bjs
FAr, frisó etc,etc:
entendi, pô! aqui escreve-se qdo se está de acordo, né?
tirem mto cotão dos umbigos!
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