Jacques Bidet, sociólogo da Uni. de Paris X-Nanterre e Jean Matouk perspectivam o estado de mobilização e programático da Esquerda à esquerda do PS francês que vale mais ao menos 15 por centos dos votos do eleitorado...
As análises políticas são como as cerejas e em espiral. Temos dado a conhecer os pontos axiais do futuro da vida política francesa, do seu centralismo esfacelado e de um PS conduzido por uma Ségolène Royal, a quem é pelo magma interclassista dos seus eleitores lançado o rapto de elaborar uma nova síntese de orientação social e económica que afaste os equívocos de uma social-democracia demasiado comprometida com o sistema capitalista da era da supremacia financeira e do virtual flagelo da desigualdade radical. È isto que estes dois textos, clique aqui e aqui, dão a ver.
O sociólogo de Nanterre diz que a " Esquerda " clássica está em mutação e pode mesmo desaparecer, mas " a persistência de baixo continua sempre a existir. Mas falta-lhe instância política que lhe voltaria a conceder consciência política. A resistência antiliberal exprime-se numa miríade de associações, diversamente politizadas, cobrindo todas as dimensões da realidade social. Mas as organizações políticas radicais, cuja mediação é indispensável, encontram-se num impasse ", frisa.
De acordo com Bidet, tudo separa as duas formações políticas à esquerda do PS. E adianta: " O PCF é um partido onde se morre. A Liga Comunista Revolucionária é um partido por onde se passa. Isso não faz coincidir o mesmo tipo de demografias. De um lado, um partido implantado na população, nos sindicatos e nos bairros, ao cabo de longas lutas sectoriais travadas. Do outro, uma elite radicalizada, pelo menos com a cultura e os médias, e que surfa com ardor sobre tudo o que mexe. O PCF não está em fase com a sua história. A Liga não quer conhecer a sua sociologia. Um, diz o outro, está no fim da corrida, condenado à repetição. O outro, diz o PCF, não é senão um movimento de nómadas, cujo maximalismo verbal não tem suporte no real... ".
A solução aponta, segundo J.Bidet, está em encontrar uma personalidade federadora, pois o " centro de gravidade da extrema-esquerda não se encontra nos partidos que dela se reclamam " e caberá, reflecte, " aos comunistas compreender que os tempos mudam e que o futuro do partido está em colocar-se no coração de uma estrutura mais vasta e mais diversa, que não pode usar o nome antigo "
Matouk, antigo prof de Economia de Paris- Sorbonne, diz que o eleitorado tradicional do PCF parece disposto a votar em Ségolène se esta apresentar um programa económico que os convença. A eles adeririam José Bové e os Verdes do Não." Pelo contrário, a LCR, a Luta Operária e o Partido dos Trabalhadores, se bem que revelando desacordos, comungam da mesma aspiração subliminal de impedir o PS e os seus aliados em aceder ao poder ". E enumera todos os pontos inovadores plausíveis de um projecto económico e social da candidata oficial do PS francês, sobretudo a promoção da economia social pelo estímulo na criação de cooperativas operárias para salvação de unidades industriais abandonadas pelos accionistas privados.
FAR
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