Armando,
Tenho dado sempre uma vista de olhos no 2+2=5. Está à vontade com os textos do Pratinho de Couratos. Podes usá-los como quiseres. Não estou na protecção dos direitos de autor como o caçador Miguel de Sousa Tavares. Todas as rolas que ele matou sentiram-se vingadas quando os tipos do blog freedomtocopy.blogspot.com o acusaram de ter plagiado o seu dilecto, “menos best que seller “, “Equador”. Ele ficou uma fera. Foi pena não ter estado outro caçador por perto para lhe dar um tiro.
Estou a tentar manter o ritmo de meter um post no blog dia sim, dia não. Um por dia seria muito violento. Significaria parar de vez com a escrita do livro. Que mesmo assim caminha a passo de caracol. Numa situação normal já estaria escrito. Tenho que terminá-lo. Não posso privar a GNR deste hino panegírico dos seus imemoráveis feitos. Eles quase ganharam a guerra do Iraque, e, em Timor, acabaram com as rivalidades Loromonu Lorosae, mostrando que, sob a união do cachecol do Benfica, todos poderiam ser como o seu presidente. Ou seja, ter uma vida razoável num país que despede metade da tropa.
De facto temos que nos encontrar mas por enquanto isto está difícil. Lá mais para o fim do ano, talvez. Tenho que te levar completo o primeiro livro que escrevi. Apesar do descomedimento vernáculo é uma critica mordaz ao nosso tempo. Do qual tento retratar o aspecto absurdo. (Exemplos desse absurdo não faltam. A banca aumenta os juros sob o astuto pretexto de que prevê idêntica atitude do BCE. Meses mais tarde, aparece o Trichet com aquela cara de paramédico da zona euro e confirma as previsões. Que videntes são os lusos gestores bancários! Sem consultar a Maya, ou ter ido a Vilar de Perdizes comprar uma mezinha - no seu significado latino como “líquido próprio para clister” e não no sentido popular de “remédio caseiro” -, estes sabichões estariam um passo à frente para ajudar a economia familiar. Os chefes de família exultaram, pois já tinham ajustado o seu orçamento, porque o aumento da taxa Euribor fora feito meses antes. Mas não. Mal o Trichet se escapule entre os flashes, vai mais um aumento na taxa de juro portuga. Se isto não é engraçado, então perdi o sentido de humor. E nem vou falar de Bush e os bushistas. A teoria dos dois Estados na Palestina é hiper super mega hilariante, como diria a nossa querida Floribella).
No primeiro livro levei ao extremo estas pérolas do nosso maravilhoso tempo, que pelo exagero do disparatado e ilógico, incluiu o “Rei Ubu” na corrente realista. O mundo ultrapassou a fase kafkiana da Guerra-fria para entrar na ubuesca idade do império americano. Escrevi o livro como um quadro pontilista ou impressionista. Eles usavam pequenas pinceladas para construir a imagem maior, eu atirei frases curtas para compor um quadro da maior realidade portuguesa. Ele assenta na polissemia e nos trocadilhos, e como as pessoas não têm tempo para ir ao dicionário meti o significado de algumas palavras. Dá-lhe um ar pobretanas, eu sei, não parece intelectual, mas que se lixe, escrevi-o a pensar na geração videogame, que não perde tempo em leituras. Talvez no futuro faça uma revisão do texto.
A obscenidade e amoralidade impedem a sua publicação. Não conheço escritor que tivesse ido tão longe. Talvez andem lá perto o Marquês de Sade com a destruição dos valores em “Justine”, ou o deboche de Henry Miller nos “Dias Tranquilos em Clichy”. Mas o pior é a destruição que faço do cristianismo. O que escrevi não é herético é mesmo blasfemo.
Só me interessava publicar para mandar um exemplar ao Cardeal Patriarca. Não espero que ele tenha uma apoplexia como o Papa quando os turcos estavam às portas da Europa no século XV, mas para que ele se dane, e, quem sabe, com o susto… deixe de fumar.
Um abraço.
Maturino Galvão
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