domingo, 19 de novembro de 2006

A.P.E.C. em Hanói: cooperação americano-russa pode disparar

Especialistas do Carnegie Center baseados em Moscovo e Washington lançam análise nua e crua sobre o marasmo das relações económicas bilaterais

O que é um jornal de qualidade? É o que inspira confiança e, reiteradamente, nos demonstra pela apresentação de grandes análises ou reportagens o raio-X de uma dada situação ou problema. A incomparável força do NY Times deriva da espantosa qualidade e independência dos seus cronistas ou jornalistas. O Le Monde, com a direcção muito centralizada e as suspeitas de tentar fazer o " jeito " ao candidato da direita Nicolas Sarkosy, tem abusado mais de gráficos e chaves de dados, apesar de ter ainda no quadro elementos de reconhecida valia técnica e intelectual.

Ora, aproveitemos uma análise da edição de ontem do NYT sobre o estado actual da cooperação entre os dois colossos. Realizada por dois investigadores, ao serviço da Fundação Carnegie, Dimitri Trenin e Mark Medish, o texto foca todos os itens do impasse político que envenena o processo de evolução das relações económicas entre os dois antigos colossos da Guerra Fria. Justamente, os dois investigadores concordam em sinalizar " que o nível atingido em valor é pouco melhor do que o verificado nos tempos da Guerra Fria ".

A presente edição da Assembleia de Cooperação Económica Ásia/ Pacífico, que decorre na capital vietnamita, pode encorajar os dois líderes a vencerem fobias e discordâncias para desencadearem novo ciclo de trocas comerciais aprofundadas, salientam os peritos. Urge, advogam, a constituição de um bureau especial " capaz de amortecer todas as rivalidades políticas que surjam ", no contencioso da esfera das relações russo-americanas. A expansão desejada poderá servir-se do ponto de arranque desencadeado com a admissão da Rússia na Organização Mundial de Comércio ( OMC). Hoje, sublinham, " as relações económicas entre os dois países não são nem estratégicas nem de cooperação ".

Trenin e Medish enumeram, entre outros, os estrangulamentos que enfraquecem o comércio entre os dois estados:" As divergentes análises sobre a corrida para a posse de armas nucleares por parte da Coreia do Norte e do Irão, o clima de intimidação criado pela Rússia sobre os seus antigos países-satélites, a implantação crescente dos EUA na Ásia Central com objectivos políticos e para a conquista de fontes de energia e ,acima de tudo, os sintomas de " russofobia nos EUA e de anti-americanismo na Rússia ". Tais itens constituem os pontos mais delicados de uma relação bilateral que deve tirar partido, adiantam os dois investigadores, da futura participação da Rússia nas operações de controlo e desenvolvimento mundiais da OMC. " A Rússia e os EUA devem efectuar uma mudança de 180 graus " no seu relacionamento comercial para reconfortarem a segurança mundial", assinalam.

FAR

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