Olá Diva!
Cá estou eu novamente para te falar das nossas relações durante os tempos em que aprendia no desporto e tentatavam que aprendesse nos bancos da escola.
Recordaste que nem tudo foi pacífico. Não havia modos de conciliar basquetebol com escola. Deste-me a conhecer coisas muito importantes e belas com aquele jogo e, por outro lado, acentuaste o meu quase desprezo pelos estudos.
Descobri que conviver com outros miúdos jogando uma bola com as mãos, dominá-la e enfiá-la naquele aro lá no alto conquistando tempos e espaços e sobressaindo entre os demais, eram "coisas do outro Mundo"!
Por aí, adquiri grandes conhecimentos. Na escola as coisas não eram tão importantes. Tudo me distraía! Desde as moscas que voavam frenéticas pela sala e eu ficava a olhar para os seus voos como se de naves espaciais se tratassem... até aos gestos - e não às sapientes palavras - dos professores... as miúdas que andavam pelo recreio... as flores liláses dos jacarandás no parque de estacionamento da escola... o sonho de uma nova finta que mais logo ia "ferrar" nos treinos do jogo...o projecto de outra gazeta à aula de contabilidade para ir lançar mais umas bolas ao cesto...tudo servia para me abstrair daquelas descomunais secas que os mestres para ali se punham a debitar nas aulas! Depois eram os cartões das faltas que regularmente chegavam a casa, pelo correio. E eu ficava de atalaia à espera que eles viessem e tratava imediatamente de os rasgar. Por vezes desconseguia, lembras-te? E era a minha mãe que recebia o documentozinho malvado e, pronto, lá estava outra vez "o caldo entornado"! Porrada e mais porrada... sovas monumentais e castigos... durante uma semana não havia basquetebol. As sovas eram o menos. O pior era não poder ir treinar!
E assim se foram passando tempos de reprovações e passagens de ano na escola e progressos (muitos!) no basquetebol. E isso era o mais importante, como deves saber!
Mais me obrigaram - e tu também! - a ir estudar Comércio quando eu queria era ir para um Liceu, para poder escolher Artes.
Mas o Liceu era mais para os meninos filhos dos senhores ricos e eu era filho de um senhor dos machimbombos e de uma senhora doméstica, lembras-te?
Diva. Hoje não vou esgotar-te com recordações.
Olha aí um beijinho do Frisó.
1 comentário:
Esta troca de recordações entre a Diva e o Frisó acalmou bastante.
Está melhor e ainda bem.
Esperamos mais.
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