segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Gérard Chaliand: Irão, Arábia Saudita e Turquia podem intervir no Iraque caso haja tentações separatistas

O célebre e histórico geopolítico acha que os EUA devem evitar a chantagem da partilha do Iraque em três zonas confessionais. Caso contrário, assistir-se-á a uma guerra islâmica regional...

O rigor e minúcia da análise de Chaliand condensam todas as grandes análises mundiais sobre a Guerra no Iraque. Desde os finais de Setembro passado que o NY Times, o Washington Post e a grande série de revistas controladas pelos democratas yankees não cessam de reclamar o começo da retirada das tropas de ocupação lideradas pelos EUA no Iraque. Os ângulos de ataque à política desastrosa de GW Bush compõem um florilégio de requintados pormenores, desde a cruel submissão de Rumsfeld ao "petroleiro" Cheney e as altas e sonantes dissensões tácticas no interior dos estados-maiores dos aliados.

Tom Friedman expressou ontem esse tom geral de decepção: " A equipe Bush julga que somos uma cambada de estúpidos. Pensam que conseguirão fazer ignorar todos os insultos que o team de Bush cometeu contra os militares norte-americanos nos últimos seis anos, por causa da piada infeliz de Kerry que eles exageram e torcem. Não existe nada mais insultuoso do que enviar as tropas do EUA sem o número suficiente de homens para iniciar uma invasão de um território estrangeiro não sob o impulso da Doutrina da Super-força de Collin Powell mas pelo contrário sob o lema de Rumsfeld de só as suficientes para perder? ".
" Para a administração Bush já é demasiado tarde para mudar de estratégia. O que ela agora pode fazer, é considerar ainda prematura uma retirada. Para evitar uma retirada que possa vir a ser interpretada como uma derrota. (....) Uma retirada americana neste momento seria interpretado pelos movimentos insurreccionais à escala do mundo como uma vitória sobre a primeira potência do Mundo ", sublinha Chaliand.

" Bagdad é o centro máximo da confrontação inter-confessional. Com o leste da cidade ocupado pelos xiitas e o oeste pelos sunnitas, sendo as zonas de contacto entre elas o palco de liquidações étnicas. Uma coisa parece, desde já, certa: nunca mais o Iraque será dirigido a solo pelos sunitas sozinhos ", frisa. " Os EUA devem agora definir o que querem que não aconteça jamais no Iraque; e, nomeadamente, devem acautelar o não surgimento de um novo e alargado foco de guerra multi-confessional "., aponta.

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FAR

2 comentários:

José Raposo disse...

Esse é o pior pesadelo que os americanos estão a viver hoje em dia. Ou vêm embora e deixam aquilo ao abandono e à guerra civil porque a opinião pública americana já está farta. Ou então ficam, e têm de ficar durante longos e bons anos de forma a conseguirem manter a unidade do estado iraquiano tal como o conhecemos.

Anónimo disse...
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