quinta-feira, 1 de junho de 2006

Perguntas sobre o desastre anunciado

O essencial sobre a avaliação dos professores pelos pais não é, na minha opinião, a eventual impreparação destes para opinar sobre aqueles, mas a total subversão dos princípios pela qual se rege a Educação. Imaginemos uma família de classe média-alta, com sonhos e aspirações, legítimas ou não, sobre o destino do rebento: médico, advogado, economista, um futuro de sucesso sonhado. Qual a opinião deste pai ao avaliar um professor que chumba o seu filho? Ou que lhe dá um 16 em vez do 17 que permitia a média de entrada para Medicina? Imaginam os defensores desta medida que, no mundo da competição cega em que vivemos, os pais se preocupem sinceramente sobre a qualidade das aulas ou a cultura dos seus filhos? Sucesso, eis o que interessa a toda a gente. Naturalmente, os professores, que hoje já se vêm aflitos para chumbar um aluno (tem de apresentar um extenso relatório sujeito a contestação), simplesmente deixarão de o fazer, preocupados com a sua própria avaliação. É assim que queremos um ensino de qualidade e exigência? E o que acontecerá com aqueles professores, que todos tivemos e conhecemos, cujo saber e criatividade os colocam à margem dos programas, e que deixam marcas para sempre nos seus alunos? Como serão avaliados por pais conservadores e botas-de-elástico, que tem horror à diferença e a tudo o que possa tornar os filhos diferentes de si mesmos? Mais um passo no desastre, a caminho da uniformização e nivelamento por baixo da Educação. Mas não era este o grande desígnio nacional?

10 comentários:

Anónimo disse...

Gostei.

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo.

Kane disse...

A avaliação é necessária, para corrigir, para melhorar, para premiar. No entanto, querer avaliar o desempenho dos professores pelas taxas de abandono dos alunos ou pela avaliação feita pelos pais, é uma ideia que mete dó. Lá vem novamente o ataque generalizado e demagógico a mais uma classe!

Há muitos sindicalistas professores, certo! Não às progressões automáticas, também certo! Mas por favor, encontrem outros critérios para avaliação do desempenho dos professores. Caso contrário arriscam-se à extinção dos professores de certas disciplinas ( Matemática, Português, por exemplo).

Ó Srª Ministra, olhe que 2+2 = 4 !


PS: “Quem tem medo de ser avaliado?”, pergunta Vital Moreira no Causa Nossa. Este senhor tornou-se intelectualmente desonesto, seguidista, é o mínimo que se pode dizer.

Anónimo disse...

"Qual a opinião deste pai ao avaliar um professor que chumba o seu filho? Ou que lhe dá um 16 em vez do 17 que permitia a média de entrada para Medicina?"

Quem tem um raciocínio tão cretino e um comportamento tão aviletante pode ser tudo, mas professor não é.

A educação é o somatório de três factores: a família, a escola e o meio envolvente.

André Carapinha disse...

Quem tem um raciocinio tão cretino pode ser pai, professor, ou mesmo o meio envolvente, mas inteligente não é.

Que tal argumentar?

O seu problema, e o de muitos, Zé, é tomar o todo pelas partes. Ou nem isso, porque V. será mais um desta treta uniforme e uniformizante. Faça bom proveito, eu caguei.

(sim, estou muito chateado)

André Carapinha disse...

«A educação é o somatório de três factores: a família, a escola e o meio envolvente»

Erro nº 1 e habitual: a "educação" não é competência da escola, mas daqueles que, sorte ou azar, nos calham na rifa.

A função da escola é (deveria ser) formar cidadãos capazes e competentes (e críticos, acrescentaria, mas já seria pedir muito).

Quem quer que a escola "eduque" é porque se DEMITE da sua responsabilidade!

Anónimo disse...

Há sempre uma janela!!!! Calma, serena, e argumenta , já agora com educação.

Anónimo disse...

André,

O seu discurso lembra o da MFM.

Deixe-se de armar em Filomeno Mónico!

Anónimo disse...

Grande mininistra temos na educação.

Se fossem para a rua 90% dos profs a coisa ficava melhor. Era preciso que ficassem os 10% que fazem falta.

Anónimo disse...

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