terça-feira, 6 de junho de 2006

Forças aliadas desembarcam nas praias da Normandia, França. 06.06.44
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"Têm razão aqueles que definem a guerra como um estado primitivo e natural. Enquanto o homem for um animal, viverá através da luta, à custa dos outros e temerá e odiará o próximo. A vida é, portanto, a guerra".
Hermann Hesse, in “Sobre a Guerra e a Paz”, 1946

6 comentários:

Anónimo disse...

Grande escitor Herman Hesse. Muito bem.

Anónimo disse...

Talvez o Hermann Hesse seja um grande escritor, não sei. Mas, neste caso, acho demasiado simples o que diz. Parece-me que não é o animal primitivo e ancestral que há no homem que faz a guerra. Suspeito que seja o homem que superou a animalidade que a faz. Pior: é apenas na medida em que a faz (ou pode fazer) que o animal se converte em homem (é feio, não é, amigos pacifistas?).

Que eu saiba, os animais matam-se uns aos outros, mas não fazem guerras. Os terroristas islâmicos que declararam guerra ao Ocidente não são animais. Nem os seus actos são movidos por ancestrais instintos animais. Eles invocam o Profeta e a Revelação contra o Ocidente corrupto e demoníaco. E é todo um universo que define o humano, o que nessas categorias está em causa.

O animal procura a sobrevida a qualquer custo. O homem acha que há valores acima da vida, que justificam o seu eventual sacrífício. Há qualquer coisa, para os homens, que vale mais do que a sua vida. E é esse mais-que-a-vida que vale bem uma guerra. E define o humano, constitui o humano. No dia em que a VIDA BIOLÓGICA for TUDO, não será o homem que superou definitivamente os restos de animalidade que o movem quem terá tido a última palavra. Mas será a queda na animalidade sem resto de humano que se consumará. Ou a escravatura, que os antigos justificavam por serem escravos aqueles que, na guerra, preferiram a vida nua à morte honrosa. Sorry.

Anónimo disse...

Um pequeno detalhe a propósito desta imagem e de tudo o resto: os soldados que desenbarcavam na Normandia não eram animais, nem eram animais os soldados com que se iam defrontar. Eram os soldados dos aliados contra os das potências do eixo, com os nazis à frente. Eram inimigos e não bestas. Churchill, o homem que deu alma aos primeiros, representa para (muitos de) nós o exemplo extremo da grandeza humana, no século que passou. Hitler representa o que de mais pérfido é capaz o homem. O que estava em acto no desembarque da Normandia era o confronto decisivo entre a grandeza e a perfídia humana extremas. Não uma qualquer escaramuça entre animais.

Marx? O seu sonho era o de um universo apaziguado... animal, mesmo se de luxo. Não encontro melhor definição para o comunismo.

O homem? Por muito que custe aos pacifistas, é um animal belicoso. Tirem-lhe da definição a diferença específica e fica simplesmente o animal. Não teria a Europa caído na animalidade... ou na escravatura (o que vai dar ao mesmo), se parte dela não se tivesse disposto a morrer contra a perfídia nazi (humana, pois é), prefirindo sobrevier sob o seu império?

Anónimo disse...

Pergunta: estarão os europeus de hoje à altura dos seus inimigos? Serão mesmo capazes de conceber a sua existência como tal? Ou já caíram demasiado baixo para isso?

Unknown disse...

Não sou tão pacifista como Hermann Hesse. Penso que nesta etapa da civilização ocidental já se poderiam ter dado mais passos em frente. As guerras estão para durar porque são um negócio. Não foi o caso da II Guerra Mundial. Aí havia a besta. Mas desde então, as guerras não têm parado, desde a Coreia até ao caso mais recente do Iraque. As motivações são tudo excepto morais, o argumento supremo dos conservadores.

Churchill dizia que “a política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes”. Falhou no caso da guerra do Iraque, Bush e Blair tiveram a morte anunciada várias vezes e continuam no seu papel de sobreviventes patéticos. E vão sair pela via democrática.

Nesta guerra, contra os 5.000 mortos do 9/11 já se contabilizam mais de 100 mil do lado iraquiano. Além da guerra não fazer sentido, quem são as bestas, os animais? Sartre dizia “quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem”. Os iraquianos querem os americanos fora do Iraque, ao contrário dos europeus durante a II Guerra. Porquê? Os americanos continuam a lutam contra os seus próprios fantasmas, contra as suas próprias bestas.

Sun Tsu já dizia há muito tempo "conhece-te a ti e ao teu inimigo e não temerás o resultado de cem batalhas." Não foi o caso. Há guerras justas? Talvez as haja. Não é o caso destas guerras modernas.

Quanto aos europeus cito Tarantino em Pulp Fiction: "estamos numa fase de transição". Pergunto eu: De onde para onde? Acho que ninguém sabe.

Anónimo disse...

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