Desculpem. O Zeca é incontornável A terra treme - ele o cantou... Ele foi exemplo de verticalidade. O Zeca não tem contornos possíveis. Como prof. Como artista. Eh! Zeca Afonso!
A propósito de Zeca Afonso: Em 1969, foi interrompido o adiamento militar (nº anos do curso + 1) a um grupo de estudantes de Coimbra por causa da greve a exames nesse ano (90% de adesão e o Veiga Simão, que veio de Moçambique para substituir o Hermano Saraiva – o da TV –, teve de dar uma época especial em Setembro para não chumbar toda a gente) e, em Outubro, foram dar com os costados em Mafra. O Zeca Afonso, que já tinha apoiado a greve, indo a Coimbra duas vezes (era comovedor vê-lo a cantar com alguém à frente a segurar um papel como a letra, porque ele tinha dificuldade em memorizá-las) apareceu em Mafra com Luís Cília e Rui Pato, que era o guitarra que o acompanhava. À noite, na Ericeira, numa café/pensão (D. Celestina ou D. Isaltina ??), num primeiro andar, foi comer, beber, contar histórias e cantar, cantar. Quase no fim da noite (que era à meia-noite porque os recrutas tinham de entrar no quartel até à 1) o Zeca diz mais ou menos isto: “vou fazer uma música que todos possam assobiar”. No dia seguinte, na formatura da manhã, com 3 companhias de milicos na parada, os de Coimbra, que tinham sido dispersos (2 por pelotão, para não “desviarem” os outros) começaram a assobiar esse “hino”, que era muito fácil de ficar no ouvido. E, não é que toda a malta, aqueles 300 maçaricos e até os soldados que andavam por ali, sem saberem o que era nem de quem era, desataram também a assobiar e “aquilo” soava por todo e quartel e pelas ruas à volta. Os oficiais mandavam, depois gritavam, para toda a gente se calar, senão não havia fim-de-semana, mais isto e aquilo de ameaças. O major, que era baixinho e meio barrigudo, estava tão possesso que dava pulinhos e gritava. Não sabia que música era aquela, mas “aquilo” tinha aquele toque do Zeca que bastava para se perceber que não era um “hino” da Mocidade Portuguesa. A verdade é que todo o País estava podre,,, e ainda não amadureceu. Assim era Zeca Afonso, um Homem.
José Afonso tornou-se um ícone. Ainda em vida.Belissima voz, desenvoltura máxima, ousadia visceral e radicalismo esquerdizante de alta factura, ele que participou e viveu os tempos da Livrelco em 1968/70, em Lisboa,e da Clepsidra, em Coimbra,entre muitos outros. Um dia levamo-lo a Mortágua, a terra de resistentes e do grande Tomaz da Fonseca. Foi numa grande adega particular, com petiscos a assar e uns sentinelas muito eficazes. No final, fizemos uma recolha de massa para custear a deslocacao e entregamos o pouco que se apurou. Apesar das dificuldades por que entao passava, nao aceitou um tostaozinho a mais do bilhete de camionete.Encontreio-o mais tarde no café Monumental com fans de 20 anos e por perto ficava o bar-restaurante onde paravam os dirigentes históricos do PRP/BR. Amor,desejo de revolucao! FAR
7 comentários:
António, onde estás? não sentiste a terra a tremer? Amélia
Só quando tu passas por perto. Mas é um treme(o)r diferente....
é melhor ir buscar o macaco hidraulico para subir o nível da conversa. Nao há pachorra...
Desculpem.
O Zeca é incontornável
A terra treme - ele o cantou...
Ele foi exemplo de verticalidade.
O Zeca não tem contornos possíveis.
Como prof. Como artista.
Eh! Zeca Afonso!
A propósito de Zeca Afonso:
Em 1969, foi interrompido o adiamento militar (nº anos do curso + 1) a um grupo de estudantes de Coimbra por causa da greve a exames nesse ano (90% de adesão e o Veiga Simão, que veio de Moçambique para substituir o Hermano Saraiva – o da TV –, teve de dar uma época especial em Setembro para não chumbar toda a gente) e, em Outubro, foram dar com os costados em Mafra.
O Zeca Afonso, que já tinha apoiado a greve, indo a Coimbra duas vezes (era comovedor vê-lo a cantar com alguém à frente a segurar um papel como a letra, porque ele tinha dificuldade em memorizá-las) apareceu em Mafra com Luís Cília e Rui Pato, que era o guitarra que o acompanhava.
À noite, na Ericeira, numa café/pensão (D. Celestina ou D. Isaltina ??), num primeiro andar, foi comer, beber, contar histórias e cantar, cantar.
Quase no fim da noite (que era à meia-noite porque os recrutas tinham de entrar no quartel até à 1) o Zeca diz mais ou menos isto: “vou fazer uma música que todos possam assobiar”.
No dia seguinte, na formatura da manhã, com 3 companhias de milicos na parada, os de Coimbra, que tinham sido dispersos (2 por pelotão, para não “desviarem” os outros) começaram a assobiar esse “hino”, que era muito fácil de ficar no ouvido.
E, não é que toda a malta, aqueles 300 maçaricos e até os soldados que andavam por ali, sem saberem o que era nem de quem era, desataram também a assobiar e “aquilo” soava por todo e quartel e pelas ruas à volta.
Os oficiais mandavam, depois gritavam, para toda a gente se calar, senão não havia fim-de-semana, mais isto e aquilo de ameaças.
O major, que era baixinho e meio barrigudo, estava tão possesso que dava pulinhos e gritava. Não sabia que música era aquela, mas “aquilo” tinha aquele toque do Zeca que bastava para se perceber que não era um “hino” da Mocidade Portuguesa.
A verdade é que todo o País estava podre,,, e ainda não amadureceu.
Assim era Zeca Afonso, um Homem.
e não é que o macaco serviu? Merecias Zeca.
José Afonso tornou-se um ícone. Ainda em vida.Belissima voz, desenvoltura máxima, ousadia visceral e radicalismo esquerdizante de alta factura, ele que participou e viveu os tempos da Livrelco em 1968/70, em Lisboa,e da Clepsidra, em Coimbra,entre muitos outros. Um dia levamo-lo a Mortágua, a terra de resistentes e do grande Tomaz da Fonseca. Foi numa grande adega particular, com petiscos a assar e uns sentinelas muito eficazes. No final, fizemos uma recolha de massa para custear a deslocacao e entregamos o pouco que se apurou. Apesar das dificuldades por que entao passava, nao aceitou um tostaozinho a mais do bilhete de camionete.Encontreio-o mais tarde no café Monumental com fans de 20 anos e por perto ficava o bar-restaurante onde paravam os dirigentes históricos do PRP/BR. Amor,desejo de revolucao! FAR
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