quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Quem tem medo do holocausto?

Não percebo a altitude dos governos ocidentais de se armarem em virgens ofendidas quando o Irão quer por em causa o holocausto. Parece ser um assunto tabu. Não os perturba as guerras religiosas que se travam em diversas partes do mundo, não se sentiram chocados quando se deu o genocídio do Ruanda, em que morreram cerca de um milhão de pessoas, não se incomodam com os milhões de mortos no Sudão, na Libéria, no Haiti, e num sem número de locais em todo o mundo. Mas quando se questiona o holocausto, alto e pára o baile. Assunto intocável. Deve haver mais levantamentos, estudos, análises, estatísticas sobre o holocausto do que muitas guerras passadas, presentes e que ainda estarão para acontecer. Desmontar argumentos que o põem em causa parece não oferecer grandes problemas.
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Por isso não se percebe que quando a nomenclatura teocrática do Irão questiona o holocausto em retaliação à polémica das caricaturas, os governos ocidentais venham, tipo reflexo condicionado, reagir em fila indiana a condenar quem põe em causa o holocausto. Se alguém viesse dizer que não morreram 21 milhões de soviéticos mas apenas cinco mil, os governos reagiam da mesma forma? Se há inúmeras provas que o holocausto existiu, porquê este exagero? Não é óbvio que tudo isto é apenas uma reacção de um governo autocrático aos factos relacionados com as caricaturas do Jyllands-Posten?
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Por isso a análise tem de ser feita de outra forma. É que o problema não é o holocausto, que só gente pouco séria o põe em causa, mas sim o lobbie judeu em seu pleno funcionamento. Que tem por trás, nada mais, nada menos do que os “nossos aliados norte-americanos”. Ao que parece, os amigos são para as ocasiões. E não venha agora o Pacheco Pereira armado em porta-voz da indignação da direita contra Freitas do Amaral, só porque ele não actuou "by the book", como o lobbie judeu pretendia.
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Pessoalmente não concordo com a gestão desta mini-crise dos cartoons feita pelo ministro dos negócios estrangeiros e muito menos a mea culpa perante os pecados do passado que a história já condenou. Mas calma. Aqui não é o Médio Oriente, nem Lisboa é Tel Aviv. Por isso esta questiúncula entre Pacheco Pereira e Freitas do Amaral, mais parece uma luta de galos de capoeira. É uma trica de indígenas, a pretender mostrar quem tem mais reverência a Israel. Pacheco Pereira vem agora afirmar algo que em termos figurativos é do tipo “a minha circuncisão é mais tradicional que a tua”. Por isso quer Freitas fora do Palácio das Necessidades. Tem graça. Pacheco não se indignou com invasões a países em busca de armas de destruição massiva, cuja acção provocou milhares de mortos e agora incomoda-o Freitas, o Pio? Por favor Pacheco Pereira, quadrature-se.

1 comentário:

Anónimo disse...

è tudo uma hipocrisia, árabes, judeus...

Continuam a brincar com o fogo, em jogo de palavaras