sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

A arte e a polémica: um outro olhar

“Os fundamentalismos religiosos levam a estas situações dogmáticas, que não são aceitáveis”

“O ascendente do islamismo sobre a sociedade é maior do que o do catolicismo, pois não há naquelas sociedades uma separação entre a Igreja e o Estado como no Ocidente”

“Apesar das eventuais consequências as nossas sociedades não podem ceder a estas formas de chantagem”

“Todas as religiões são essencialmente antidemocráticas, porque são a voz de Deus. Se tiverem condições, o seu cariz teocrático vem ao de cima”


António
Cartoonista
“Publico”, 03.02.2006

3 comentários:

Anónimo disse...

Esta foi uma caricatura do Papa João Paulo II, feita pelo António em Dezembro de 1992 . As reacções foram muitas, umas de apoio e outras de condenação.

Os que mais barulho fizeram foram os conservadores. Um abaixo-assinado de um grupo católico indignado conseguiu 20 mil assinaturas e levaram o seu protesto ao Parlamento. Consideravam o desenho uma «execrável caricatura, que ofende gratuitamente e grosseiramente os sentimentos do povo português».

No jornal "O Dia", Silva Resende considerava o cartoon como um «desenho aporcalhado».

A polémica chegou à católica Polónia, que acusou António de ter feito "uma caricatura repugnante. Desenhou o nosso compatriota mais ilustre com um preservativo no nariz.» Era óbvio, não? Basta olhar.

Já a Alta Autoridade para a Comunicação Social considerou que «a caricatura não ultrapassou os limites impostos pela lei vigente à liberdade de imprensa».

Anónimo disse...

Concordo com o António. A tolerância da numenclatura religiosa é cinica, e esconde principios conservadores e amarguras mal digeridas, cuja origem se esvai no tempo. Não acho bem as reacções das pessoas em muitos países islamicos. Nota-se grande manipulação por parte dos organizadores, que alimentam o fanatismo religioso.

André Carapinha disse...

Muito bem, António. Para nos lembrar que o fundamentalismo e a intolerância não são exclusivos islâmicos, como parece ser moda pensar hoje em dia.