sexta-feira, 5 de agosto de 2005

Recordar Hiroshima

Faz hoje 60 anos que o bombardeiro norte-americano B-29 começou a aquecer os motores, para preparar o lançamento da bomba mais mortífera de sempre.
A 6 de Agosto de 1945, a cidade japonesa de Hiroshima foi o alvo da primeira arma de destruição maciça da história, a bomba atómica.
Era uma segunda-feira. O dia de trabalho estava a começar. A azáfama era a habitual num início de semana, tendo em conta que o Japão estava metido até ao pescoço naquela que ficou conhecida como a II Guerra Mundial.
Passavam 13 minutos das oito da manhã quando o bombardeiro B-29, a quem foi posto o nome de Enola Gay, lançou uma bomba equivalente a 13.500 toneladas de TNT. Deram-lhe o nome de Little Boy e pesava
4,5 toneladas.
Hiroshima ficou arrasada. De imediado morreram cerca de 80 mil civis. No total cerca de 140 mil japoneses perderam a vida na cidade mártir. A explosão fez subir a temperatura no local do impacto para 5,5 milhões de graus centígrados. Os ventos chegaram perto dos 400 Km por hora. Três dias mais tarde, uma segunda bomba foi lançada em Nagasaki. Matou mais 80 mil pessoas. Nos anos que se seguiram, milhares de japoneses continuaram a morrer, vítimas dos efeitos colaterais provocados pelas radiações.
É curioso ver como, nos dias de hoje, Estados Unidos e Japão interpretam o recurso à bomba atómica. Num inquérito feito recentemente, 68% dos norte-americanos ainda consideram que foi necessário lançar a bomba para pôr fim à guerra. 20% dos japoneses têm a mesma opinião.
Esta sondagem foi efectuada em Julho deste ano pela Associated Press, nos Estados Unidos e pela agência Kyodo, no Japão.

3 comentários:

André Carapinha disse...

O Horror nunca será esquecido enquanto existirem Homens. Salvé, António, pela tua homenagem. É também a minha.

Anónimo disse...

Parabéns pelo "Recordar Hiroshima", e pela resposta singela, sentida e cheia de significado do meu Caro André. Este tema pode levar-nos a inúmeras interrogações sobre o Horror, e a sua evolução conceptual, e respectivas tentativas de tipificar e qualificar o Horror, na história da Humanidade, de acordo com as conveniências do Homem. Uma espécie de "Métrica do Horror". Digo isto porque o Horror Nuclear é o único que não é selectivo, é incontrolável na previsão da devastação, é brutal para quem sobrevive, deixando uma herança imprevísivel, delicada e dispendiosa de remediar para a classe politica e pelos respectivos complexos militar-industrial. Numa palavra , "inconveniente". Para evitar tanto "desconforto", o Homem, rápidamente desenvolveu o conceito de "Destruição Mútua Assegurada" pelo chamado "Equilibrio do Terror" , e que, e apesar de todas as promessas de redução dos arsenais nucleares, a queda do Muro de Berlim, etc, etc, ainda hoje rege e regula a nossa civilização.No entanto, criou as condições de uma preversidade monstruosa, para que esses mesmos protagonistas do " Equilibrio do Terror", ( os EUA, Ex-URSS/Rússia, China), fossem os grandes patrocinadores de conflitos regionais, Vietnam, Cambodja, Afganistão, Iraque, Coreia, Catanga no Ex-Congo Belga, Burundi/Ruanda, Tchetchénia, etc, cujos motivos foram tão diversos como o controle das matérias primas, até à promoção de ideais politicos e doutrinários completamente antagónicos ao perfil cultural e social dos povos que eram vitimas dessas experiências e não só,e até por motivos raciais ou tribais. Meus caros, a mantança selectiva e personalizada e sumária..., cara a cara..., por métodos nunca vistos na História da Humanidade, com catanas, macetes, machados, a inceneração de pessoas vivas através dos tristemente célebres, "pneus a arder", armas de fogo convencionais, etc, deu-me a mim uma perspectiva do Horror ainda mais sinistra e cinica, ou seja, a prática do Terror e do Horror por quem "comanda" a humanidade, é sancionada e permitida, desde de que o pais que pratique fique imune e impune. porque preenche os requesitos necessários e suficientes para não ser retaliado. Infelizmente o Homem e a Humanidade só refinou as tácticas, porque nunca parou de praticar o Horror, mas perceberam que ele tinha que ser controlado, e com custos baixos na gestão dos danos provocados, não só nas pessoas, mas também nos locais onde vivem. Macabro, não é? Vejam só a a " barracada" que um dos protagonistas deu em Tchernobil, na Ucrânia, e a falta de dinheiro e outros recursos para remediar a situação, tanto ao nível Humano como Ambiental. Uma chaga que vai levar muitos séculos a sarar...Felizmente ainda existem Homens a "Recordar Hiroshima" e a debater este sinistro Evento da Humanidade nos "quatro cantos do Mundo". Nem tudo está perdido...., mas no entanto a pergunta fica..Onde está o verdadeiro Horror?

André Carapinha disse...

O testemunho de uma sobrevivente, hoje no PÚBLICO on-line:

«Narra uma sobrevivente: "Era em Hiroxima, no dia 6 de Agosto de 1945. (...) O nosso grupo, em fila indiana, tinha passado a ponte de Tsurumi, quando, sem alerta aéreo, apareceu, muito alto sobre as nossa cabeças, um avião inimigo, sozinho. As suas asas de prata brilhavam ao sol, incandescentes.

Uma mulher gritou: "Oh, olha, um pára-quedas." Voltei-me nessa direcção e nesse exacto momento um raio fulminante ocupou todo o céu. Foi o raio o que eu vi primeiro ou o trovão da explosão que me rasgou as entranhas? Não me lembro. Tinha sido lançada por terra, estava colada ao chão e imediatamente o mundo começou a desabar à minha volta, sobre a minha cabeça e os meus ombros. Deixei de ver. Fazia completamente negro." Quando acordou, viu a "pintura do inferno".»