segunda-feira, 8 de agosto de 2005

O Homem-Umbigo

Peço desculpa aos meus leitores por aproveitar este espaço semi-público para destilar as minhas embirrações pessoais; também o espaço não é assim tão público, para dizer a verdade é nosso, dos autores, os visitantes só cá estão por algum impulso masoquista incompreensível que os leva a ler estas barbaridades. Não, não vou falar do Frade. É muito pior (ou melhor, depende da perspectiva). Vou falar do Pacheco Pereira. Sim, sei que não é construtivo, sei que destilo ódio, mas qual é o problema? Só lê quem quer.
O Pacheco Pereira escreveu na sua coluna do PÚBLICO esta alarvidade impressionante, observem: «A tradição da nossa cultura foi sempre colocar-nos dentro dos olhos dos outros, quanto mais Outro os outros forem. E num certo sentido este é um sinal da vitalidade da cultura ocidental [...]».
Gustavo Rubim no Casmurro respondeu desta magistral forma, num post brilhantemente intitulado "Resposta a Pacheco Pereira 70 anos antes". Mauzinho, o rapaz. Como poderão verificar se clicarem no link, trata-se de uma citação da antropóloga Ruth Benedict em 1934. Destaco esta parte: «O branco (...) aceita sem mais complicações a equivalência da natureza humana e dos seus próprios padrões de cultura». Genial, ó Rubim.
Agora o que eu destaco é a resposta do Pacheco Pereira. Um exemplo perfeito do raciocínio circular que vale mesmo a pena ler. É mais ou menos assim: Ruth Benedict é branca e ocidental; Ruth Benedict põe-se no lugar do outro; logo, os brancos e ocidentais põem-se no lugar do outro. Zero valores em lógica, JPP. Na condicional o predicado não se transforma por artes mágicas em sujeito. Mas a cereja no topo do bolo é esta: «Desconheço qualquer observação antropológica do mesmo teor, sobre os seus, provinda de qualquer outra tradição cultural (muçulmana, budista, animista, etc.), e que não possa ser suspeita de "ocidentalizada». Então a biblioteca imensa do JPP não tem um livrozinho, um único, em que um elemento de outras culturas nos veja, como ele diz, com «uma visão desapiedada, exterior, com os olhos do Outro, sobre "nós"»? Assim de repente lembro-me: dos discursos de Sitting Bull; do Papalagui do chefe Tuavii; de Ibn Batoute. E isto só de repente, não sendo eu um especialista na matéria. Para tornar esta prosa construtiva em vez de simples verborreia maldicente, aproveito para convidar os meus leitores a indicarem autores e livros sobre este tema dos ocidentais vistos pelos olhos dos outros. É útil e interessante, e depois eu mando uma lista ao Pacheco Pereira.

20 comentários:

André Carapinha disse...

A propósito deste tema: o escritor sudanês Tayeb Saleh diz ao site oficial do SPLM (o movimento de resistência dos povos do sul do Sudão, liderado pelo recém-falecido John Garang) que o défice de tradução de livros árabes aumenta a ignorância sobre a sua cultura e os preconceitos ocidentais:

"The Arab novel has reached a very high standard which is comparable to any standard, anywhere in the world. The fact that this is not recognised abroad is a matter either of criteria ... or it is a lack of enthusiasm for foreign products,"

leiam toda a entrevista em

http://splmtoday.com/modules.php?name=News&file=article&sid=7093

(o JPP se calhar acha que não há literatura árabe...)

André Carapinha disse...

Um bom guia de literatura chinesa em:

http://www.nationmaster.com/encyclopedia/Chinese-literature

(o JPP acha que os chineses são incapazes de se colocar no lugar do Outro- a menos que sejam ocidentalizados, claro)

André Carapinha disse...

Um guia para a literatura indiana em
http://www.questia.com/library/literature/sanskrit-literature.jsp

(o JPP acha que o sânscrito nunca existiu- a primeira de todas as línguas foi o latim)

Anónimo disse...

morreu ferrer, antes compay secundo. o mundo mais pobre...pessanha tb foi na hora dele e costumava acordar com: a oriente senhores, as pontes. Margaret Meadd teve q colocar-se no lugar dos gorilas que estudou, mas tb os gorilas no lugar dela, para não a devorarem inteira. As brumas no ocidente, senhor professor.

André Carapinha disse...

Nina, antecipaste-te, ia (e vou) já de seguida colocar um post alusivo à morte do Ferrer.

Armando Rocheteau disse...

Não haverá uma confusão com antropólogas? Posta o audio das GARDÉNIAS!

Armando Rocheteau disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

sociedade ocidental resumidamente: copistas com tendencias á apropriação ilicita de tudo o que não é nosso...ou seja, somos pela reciclagem...vamos buscar o material a outras culturas( não é roubo mas apropriação indevida) "montamos" tudo e chamamos: o caos.
Bah me alien, dont wanna be perfect, but instead just be.

Anónimo disse...

" Só quem não tem valor, é que não tem inimigos ". Provérbio Árabe.

Anónimo disse...

Estou eu a conhecer este blog (obrigado a jonhy guitar pelo convite) no qual me parece reconhecer uma "mozambican connection" ... quando dou com esta (e passo a citar) "alarvidade". Eu gosto de ódios de estimação mas gritá-los dá mau resultado, mais vale o prato frio da vingança. Independentemente dos termos da discussão entre-eles serem algo forçados (é no que dá a polémica, acho eu) o aqui odiado PP estabelece um ponto - a reflexão compreensiva sobre o Outro procurando reconstruir-lhe a sua visão do mundo é algo que não é exclusivo do discurso da antropologia mas que lhe é muito próprio - e nesse sentido é muito "ocidental", pelo menos na origem. Pode-se discutir da efectiva realização desse objectivo. Pode-se discutir da universaildade dessa objectivo na antropologia. Mas negar essa especificidade redunda em negar a ciência antropológica, e daí ao projecto político de negar as ciências sociais vai um pequenino passo. E é ideia que tem uma bela linhagem política, diga-se.

Para rematar V. põe aqui uma série de elos para literaturas não-ocidentais (e línguas) como se literatura (e língua) fossem sinónimos de tentativa de incorporação da visão alheia, quando não são. Podem sê-lo, mas não obrigatoriamente, no mais das vezes são discursos sobre o outro (e sobre o mesmo), o que é algo de completamente diferente. Ou seja, V. imputa a PP pensamentos (que se calhar tem, sei lá, mas que não percebem das suas palavras) para fundamentar o seu argumento, mas este falha nos seus princípios.

Enfim, já vai longo o comentário. Deixe-me só rematar: "diz o nosso povo" (como são interessantes estas expressões) qualquer coisa como isto: "quem cospe para o ar ...". Aqui é um bocado disto, um post de óbvio não-especialista (o papalagui é uma ficção, não lhe sirva de exemplo, é aliás exactamente um argumento favorável a JPP) profundamente reaccionário, adversário das ciências sociais, sob capa da profundidade e abertura multicultural, aqui mera aparência superficial. Para este discurso de direita ultramontana prefiro o explícito.

Hei-de voltar com menor verve, para ver da tal connection. E deste excesso de palavreio porque estava a gostar e levei com isto. Para quê? Porcaria de modismos, perdão, bloguismos

André Carapinha disse...

Caro JPT:

Não caia no mesmo erro do JPP: confundir a teoria e a prática. Sem dúvida que o pensamento ocidental foi o primeiro a debruçar-se sobre o tema do Outro (com apogeu no pensamento de Focault e Deleuze, onde o Outro toma o papel primorfial, são praticamente filosofias do Outro) mas acha mesmo que a prática ocidental foi é ou será "pôr-se no papel do outro"? Eu acho que não. Se acha o contrário, explique-me como e porquê- não o entendo.
Não se esqueça, caro JPT, que a história é a história dos vencedores, tal como a antropologia é a antropologia dos vencedores. A nossa história, como deve saber, é a história de uma civilização que se superiorizou por deter não o conhecimento, não a cultura, mas as armas. E que ao longo dos tempos se esteve (e está) completamente nas tintas para o Outro.

Anónimo disse...

A auto-citação é pecado (entre a luxúria e a soberba, acho). Então se de comentário em blog é pecado parvo. Mas ainda assim peco: disse que os termos da discussão entre eles são forçados (talvez via polémica) - dizer "A tradição da nossa cultura foi sempre colocar-nos dentro dos olhos dos outros" como JPP o faz é exagero, ou então balizemos nossa cultura e isso (ok, algum heródoto e etc, mas não chega para tal visão maximalista).

E também que se poderia discutir da efectiva realização e da universalidade do "meter-se na pele do outro" no seio do pensamento ocidental (canónico, primeiro filosofia depois cs sociais, o cujo como qualquer dogma serve para o manual). Mas, e aqui o texto de JPP, texto leve de blog claro, é claro - esta é uma aventura de origem ocidental (literária também, e do pensamento social). Negá-la tem o efeito que referi acima - e que, pelo tom deste seu/vosso blog e deste texto, é paradoxal em termos de valores ideológicos (parece-me, sem querer truncar opiniões alheias).

Mais, v. distingue teoria e prática. Claro. Mas cai no erro de as apartar radicalmente, como se o domínio da teoria não estivesse na prática e vice-versa (e nem vale a pena citarmos nomes grandes para o fundamentar). E é isso que se pode ler, do como este património intelectual também (não sei fazer negrito aqui, para o também) a prática. Aliás tanta da discussão sobre multiculturalismo, globalização, respeito pelo outro e isso são fruto disso, fruto prático e político. E tanta da discussão auto-crítica (e Às vezes autofágica) ocidental idem.

Depois há outra coisa que nada tem a ver com isto. JPP tornou-se, pelo seu peso mediático e político pré-blog e também por algum caminho dele, uma espécie de centro em torno do qual gravitam n bloguistas críticos, querendo cutucá-lo, abrenúncios. [eu compreendo a irritação, já no meu estaminé o disse, tenho um sentimento similar com o blog do Murcon - só que lá não vou, para quê?]. E esta centralidade do JPP, onde gravitam cometas denunciadores, é tipo geocentrismo, não leva a nada, nã se percebe nada com isso. A maioria das irritações (não das discordâncias) são nada ou obrigam-se a nada, a truncarem-se (vejo o que o homem escreve sobre a capital e as respostas iradas que teve, veja o seu recurso à literatura - é mera antipatia, nem discussão é.

a auto-citação é pecado, a auto-referência é parvoíce. MAs ainda assim aparvoo e auto-refiro-me: quanto blogo e estou chateado em vez de me por a dizer mal de um JPP só porque é JPP (no meu caso o JPP é murcon) falo de futebol. Ou vou a blogs alheios e chateio-os (mesmo que sejam de tipos não célebres, o que tem muito mais de blog), nos comentários de preferência. Acho melhor do que andar a espremer as palavras dum tipo conhecido só para entrar no clube dos que não gostam de ...

(pronto, isto vale pelos meus posts de hoje)

André Carapinha disse...

Caro JPY, não se chama "radicalismo obscurantista de fachada democrática", chama-se Sociliamo. Nâo está de acordo? Tudo bem, a discussão segue dentro de momentos.
(a propósito, eu não sou moçambicano, sou angolano, nós somos mais radicais)

Anónimo disse...

radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista, acho que é isso. aqui mera adaptação.
a costela moçambicana vi-a no blog, não tanto em si

André Carapinha disse...

Caro JPT:

Ontem não pude responder com propriedade aos seus comentários, porque me encontrava alcoolizado, logo não na posse de todas as minhas faculdades. Aqui vai:

Por aquilo que pude perceber de todo o seu palavreado (e sem dúvida que escreve muito bem), a sua objecção à minha crítica ao JPP baseia-se em: 1) O acto de reconhecer o Outro e de o interrogarmos em nós ser característica ocidental (porque é a cultura ocidental que trabalha as Ciências Sociais) 2) Quando afirmo que JPP não distingue a teoria e a prática v. afirma que eu as separo radicalmente e 3) A minha "embirração" com o JPP ter a ver com o facto de ele ser um género de "estrela da blogosfera" fácil de "malhar" a torto e a direito devido ao seu estatuto.

Começemos pelo fim para chegarmos ao príncipio. Garanto-lhe que a minha "embirração" pelo JPP não tem nada a ver com o seu estatuto "blogueiro". Já vem muito de trás, dos tempos de Cavaco e da quadratura do círculo na TSF; agora, se JPP (sem dúvida um dos pioneiros da blogosfera) têm um blogue, o utiliza, e mais, se auto-promove através do mesmo (todos o fazemos, é verdade), se JPP escolheu utilizar este mágnifico meio de comunicação que nos aproxima tanto da utopia da transmissão directa da opinião, de uma utopia democrática (mas cuidado com as ilusões), se o utiliza, dizia, então estará sujeito ao escrutínio da restante blogosfera. Nâo estou eu também sujeito ao mesmo? Aquilo que estamos a fazer neste momento, com um link no Ma'schamba para esta notícia, não é exactamente o mesmo?

Entendidos quanto às minhas motivações, passemos ao mais importante. Diz v. que eu quando distingo teoria e prática caio "no erro de as apartar radicalmente, como se o domínio da teoria não estivesse na prática e vice-versa". Completamente de acordo, JPV, quanto ao conteúdo, que não quanto ao erro. Mais do que referir a estafada discussão sobre o papel ocidental na definição do campo ideológico presente, que perigosamente se aproxima de pensamentos únicos que julgavamos extintos, importa-me salientar o súbtil contorcionismo teórico de JPP, quando utiliza este argumento de "colocarmo-nos no papel do Outro ser um sinal de vitalidade da cultura ocidental". Primeiro, quem escreve, JPP, é alguém com uma história (publicada) sobejamente conhecida quanto a estes assuntos. Resumidamente, alinha com aqueles que entendem que a Civilização Ocidental (chamemos-lhe assim para simplificar, porque é uma falácia nos termos perante o apresentado pela realidade presente) estará a ser "atacada" por inimigos que visam a sua destruição (o famoso argumento "estão a atacar-nos pelo nosso modo de vida"). Ora, isto é uma posição empírica que sustenta toda uma teoria quanto às ciências sociais (adenda: não sou pelo relativismo nem pelo construtivismo radical, não acho que a ciência seja neutra o que a verdade não seja descortinável, mas entendo- e aqui tenho algo de marxista althusseriano, reconheço- que a configuração do edifício das ciências sociais se constrói sobre uma base ideológica). E a teoria, resumidamente, constrói-se sobre três suposições (e só apenas): 1- que a cultura ocidental incorpora em sí o elemento pacificador do reconhecimento do Outro (falando do que nos interessa), materializado nos enormes progressos das liberdades fundamentais (aqui completamente de acordo); 2- Que caminha inexoravelmente no sentido da realização desse projecto (espécie de marxismo da pior espécie recauchutado- obviamente em desacordo) e 3- (o mais grave) que apenas a tradição ocidental e mais nenhuma tem estas ideias como património (um disparate). Como vê, quando se trata de teoria e prática elas concordam desde que se perceba qual é a teoria em questão. Não tenhamos ilusões quanto a alguma suposta ingenuidade de JPP: ela não existe, porque JPP segue um projecto de pensamento claro e inequivoco: para ele, "civilização" e "ocidental" são sinónimos. Mas se o afirmamos, então que nos debrucemos sobre a História da nossa cultura e (aí sim) observemos a sua prática: é a história da conquista sem concessões, da força sem compromisso, é a história de um projecto de uniformização do Mundo sobejamente enunciado teóricamente, realizado, e comentado. Volto a referir Focault e Deleuze. Digamos que nos é muito confortável lembrarmo-nos das magníficas realizações da cultura ocidental para nos esquecermos dos seus crimes e das suas caracteristicas mais perniciosas. É o que faz JPP e parece ser moda hoje em dia. Tal como é muito confortável lembrá-lo para passarmos os olhos pela actualidade sem querer compreender as verdadeiras razões dos terríveis dilemas que enfrentamos hoje em dia. Com este relativismo descartável travestido em determinismo é que eu não alinho, caro JPV. E termino trancrevendo-lhe (com a devida vénia ao autor) a (mais uma vez) brilhante resposta de Rubim a JPP no Casmurro:

«Parte 1:
José Pacheco Pereira (JPP) considera o livro Padrões de Cultura, de Ruth Benedict, um típico exemplo de "tradição da nossa cultura [que] foi sempre colocar-nos dentro dos olhos dos outros, quanto mais Outro os outros forem." Infelizmente para JPP, o que diz Ruth Benedict no seu livro não é exactamente o que JPP quer que Ruth Benedict diga. O juízo de Benedict sobre o Ocidente não é relativista culturalmente, é um juízo crítico, que, se escrito com os olhos do Outro, o é com os mesmos olhos e a mesma alteridade crítica que permitem a JPP desconfiar não apenas de Benedict, mas ainda de Margaret Mead, Lévi-Strauss e outros. Afinal, JPP critica o Ocidente pela tradição que o Ocidente tem de criticar o Ocidente. Assim sendo, a atitude crítica, que Ruth Benedict é insuspeita de ter fundado, também não há-de morrer com JPP.
Parte 2:
Como toda a gente, JPP deveria distinguir entre relativismo cultural, enquanto posição ideológica, e relatividade cultural, conceito que Ruth Benedict emprega nos Padrões de Cultura e que, ao contrário do primeiro, traz benefícios ao entendimento e largueza ao espírito. Caso JPP recuse a noção de relatividade cultural, o melhor a fazer é transmitir-lhe sinceros votos de boa sorte da próxima vez que for à China.
Parte 3:
JPP desconhece qualquer observação antropológica do mesmo teor [da de Ruth Benedict], sobre os seus, provinda de qualquer outra tradição cultural (muçulmana, budista, animista, etc.), e regozija-se com isso a ponto de sonhar com o mesmo para a nossa, ocidental, tradição. Resta, pois, saber como pensa reconverter-nos em muçulmanos, budistas ou animistas. Adeptos, decerto, não lhe faltarão.
Parte 4:
Esqueci-me.
Parte 5:
JPP deveria explicar o que entende por "tradição". É que Ruth Benedict e Margaret Mead parecem em bem pior posição para se candidatar ao cargo de emblemas da "tradição" do Ocidente do que, digamos, dois seres tão pouco preocupados com os olhos (ou o resto) do Outro como os que se chamaram Francisco Pizarro e Hernán Cortés. Para efeitos de tradição, a antiguidade conta.
Parte 6:
Avaliando pelo processo de globalização em curso, a influência de olhares como o de Benedict, Mead, Levi-Strauss e outros não foi nada por aí além, fique JPP descansado. O padrão que se globaliza é descaradamente ocidental, tudo indica. Sobre este assunto, a melhor leitura continua a ser Jack London.
Parte 7 e última:
No seu post de dia 7, fez JPP o favor de colocar uma foto de Ruth Benedict. A distinta antropóloga surge ladeada por dois índios norte-americanos. A escolha da foto não enferma de mistério nem de insignificância: inferimos que, na hora de se reclinar diante do ecrã, JPP continua exultando com o triunfo dos cowboys. Tanto basta para que saudemos nele um autêntico conservador.»

(adenda: Rubim é o mesmo que no Casmurro publicou um post sobre os atentados de Londres com a única frase "Filhos da Puta" que foi por mim criticado logo nos alvores deste blogue. Para que se perceba que não é sequer alguém muito próximo politica e ideológicamente das minhas posições)

Anónimo disse...

caro A. C.
Perdoar-me-á mas a minha já provecta idade não me permite alcoolizar-me em plena quinta-feira. Assim sendo já tenho que esperar pela sexta-feira, pelo que hoje me encontro por demais incapaz de palavrear - e até de ler longos textos. Assim sendo vou palavrear oralmente enquanto não entaramelo completamente. Mas não vou embora sem balbuciar que é porreiro não gostar de alguém - ajuda no pré-entaramelanço sem precisarmos de pensar.
Até domingo (a tal idade, amanhã também não estarei à altura)

André Carapinha disse...

Caro JPT, não é porreiro não gostar de alguém- é a vida.
Já tive oportunidade de elogiar a qualidade da sua escrita, espero poder também apreciar a profundidade do seu pensamento e a sua capacidade de diálogo.
Cá o espero.
AC

Anónimo disse...

Caros companheiros de Blog, li com muita atenção todos os comentários feitos ao artigo do meu caro André. Tenho muita vontade de comentar o tema, não com a profundidade e complexidade, tanto politica como linguística, atingida pelo meu caro André e pelo Sr.JPT, mas só queria dizer que como Cidadão do Mundo, com muitos "entas" no buxo, e observador minimamente atento da fauna e politicas nacionais, com um "income" mensal que não depende de qualquer estatuto com ligações ao governo, ou à função pública, mas sómente do meu trabalho, vulgo "privado", mas a 100%, classifico o JPP ou PP, como um sobrevivente, uma espécie de " Alien, o 8º Passageiro " da democracia, que tem vindo a refinar a sua técnica sobrevivência e o seu " survival kit" de uma forma notável e brilhante, tal como nos filmes da série " Alien". O PP é um homem muito inteligente, mas tal como no filme, um dia desaparece, ( não lhe desejo a morte, como é óbvio ), mas o seu regresso à Marmeleira, porque o seu reinado de de " Bramane ou intocável " do PSD e da politica está a acabar. O " enfant terrible " está cair numa miríade de contradições, as quais penso, muitas serem propositadas, porque volto a dizer, ele é muito inteligente, mas o desfecho final vai ser a candidatura do Cavaco Silva a PR, onde o pano vai cair, ou seja e na minha opinião o JPP sempre odiou o Cavaco Silva, mas como bom "Alien", precisou dele para se "multiplicar" ,amplificar a sua posição e influências politicas, assim como a sua carteira...Não se fazem omoletes sem ovos..., o eventual apoio do JPP ao CS vai "soar" tão " contra-natura " que o CS vai abandoná-lo, como abandonou outras coisas muito mais importantes que o JPP, à boa maneira do Guterres...
Até breve, e boas férias se ainda não as gozaram!

Anónimo disse...

Só para dizer, meus caríssimos, que agradeço a atenção prestada aos meus posts no Casmurro. O André transcreveu a minha resposta «por partes» a JPP e tanto basta para mostrar em que sentido se pode legitimamente chamar «disparate» ao que JPP originalmente escrevera. O facto (e era só isso que queria sublinhar) de o disparate ter sido escrito num blog não alivia em nada a enormidade do disparate, até porque veio a agravar-se depois (quod erat demonstrandum). Ser militante da crítica a JPP é desperdício de energias, donde não resulta que criticar JPP seja supérfluo: o Abrupto exerce, quer se queira quer não, influência de monta na opinião pública com literacia cibernética.
Um abraço assim em geral e assaz casmurro,

Gustavo Rubim

André Carapinha disse...

Caro Gustavo Rubim, agradeço-lhe também a atenção dada ao 2+2=5, e a toda esta polémica à volta do JPP e dos seus posts. Aproveito para elogiar e recomendar o seu (e de outros) "Casmurro", é para mim neste momento a melhor proposta da blogfosfera nacional.
Abraço heterodoxo
André Carapinha