sábado, 13 de agosto de 2005

Indignação moçambicana precisa-se!

A embaixadora do Brasil em Moçambique afirmou que os habitantes de Maputo são "mais sujos" que o seu cão, e que "não admite ser tratada com desrespeito por pessoas inferiores".

«Embaixadora compara moçambicanos e seu cachorro.

Sexta, 12 de agosto de 2005, 10h31
A embaixadora do Brasil em Moçambique, Leda Lúcia Martins Camargo, insultou dois seguranças de um dos maiores complexos comerciais da capital moçambicana, o Shoprite, depois que eles a impediram de entrar no estabelecimento com seu cachorro, relata o semanário Zambeze em sua última edição.
A embaixadora comparou os moçambicanos ao seu cão e os chamou de porcos, segundo informam jornais do país.De acordo com os trabalhadores do complexo que funciona no coração de Maputo, ao ser impedida de entrar no Shoprite, a embaixadora do Brasil disse que seu cachorro "era mais limpo que Maputo (capital do país) e que seu animal de estimação era mais limpo que os moçambicanos"."Não há razões que me impeçam de entrar no centro comercial porque meu cachorro é limpo", diz o jornal citando a embaixadora.O Zambeze ouviu Leda Lúcia com relação ao assunto, e ela confirmou ter participado deste "incidente". Segundo consta, é proibida a entrada de animais no centro comercial em que o episódio ocorreu."Chegamos perto da embaixadora, e ela disse que o cão era mais limpo que a cidade de Maputo e que os próprios moçambicanos", afirmou um funcionário do local ao jornal.O diário levanta outros problemas de relacionamento entre a diplomata e os trabalhadores da missão diplomática brasileira em Maputo. Os funcionários da missão diplomática fizeram um abaixo-assinado na própria embaixada e o levaram ao Ministério dos Negócios Estrangeiros e de Cooperação e ao Ministério do Trabalho, em que fazem denúncias de supostas arbitrariedades cometidas pela diplomata. No abaixo-assinado, os trabalhadores pedem para ser "respeitados e tratados como seres humanos"."Pedimos para ser tratados com cordialidade", escrevem em carta dirigida a essas instituições. Os funcionários da missão diplomática dizem que esta embaixadora "é a pior que passou por aqui". "Passaram bons embaixadores por aqui e nunca houve problemas. Hoje somos maltratados e obrigados a conviver com os animais da senhora embaixadora", relatam.Quando contatada pelos jornais locais, a embaixadora disse: "agi porque não admito ser ferida por pessoas inferiores". "Confirmo o incidente com os dois trabalhadores daquele centro que queriam chutar meu cachorro", disse a diplomata brasileira. "Sei que em Moçambique e no Brasil não se aceita a circulação de animais em restaurantes, mas este chiuaua era da minha falecida mãe e hoje dorme comigo no meu travesseiro", afirmou a diplomata. A diplomata acusa os trabalhadores de tentarem "estragar as relações diplomáticas entre Moçambique e Brasil".Comunicado
De acordo com o comunicado à imprensa da embaixada do Brasil, a embaixadora informou os trabalhadores do supermercado de que o cão "nao haveria de incomodar quem quer que fosse". Segundo a embaixadora, o que "notei é que eles é que são racistas". "Não sei como é que eles descobriram que eu sou embaixadora porque eu não disse a eles", diz o comunicado. Os trabalhadores, entretanto, insistem que a embaixadora do Brasil chamou-os de imundos e que não titubeou para classificá-los de negros imundos e sujos incomparáveis a seus cachorros. Dado o impacto que a notícia teve depois de publicada nos jornais locais, a embaixada do Brasil apressou-se e emitiu um comunicado. EFE»

Leia esta notícia no original no jornal on-line brasileiro Terra em

6 comentários:

Anónimo disse...

Caros companheiros de Blog; indignação genuínamente moçambicana? É para já. O inventor do famoso, largamente e indiscriminadamente aplicado, "Decreto - Lei 24/20" , 24 horas, 20 kilos de bagagem, o Sr. Armando Guebuza, é como todos sabem o " number one " de Moçambique, tem agora uma oportunidade de ouro para o aplicar com toda a força e com maior legitimidade; porque, quando era um "simples" Comissário Político ", nem telefonava aos dois mais tenebrosos lacaios a "ver se estava bem", os quais normalmente executavam na perfeição o "decreto - lei", entre outras actos horrendos, o Raposo Pereira, já falecido, e o Jorge Costa, algures em parte incerta, e que segundo consta, está em Portugal. Só queria deixar uma nota de rodapé, muito simples, muitos dos moçambicanos podem considerar a minha sugestão de um " talibanismo alarve ", mas olhando o passado recente,antes e após revolução, e os anos de independência, de uma forma pragmática e objectiva, não consigo evitar um comentário, sobre as "voltas" que o mundo dá..Uma Embaixadora do Consulado do PT, Partido dos Trabalhadores, no Brasil, a falar e a comentar desta forma, os trabalhadores e população de Moçambique. A Anais Nin escreveu, e está coroada de razão, " we don`t see things as they are, but we see things as we are ", e agora vamos ver como as "altas patentes" de Moçambique vêem isto, porque se fosse um deslize do Embaixador de Portugal, acho que até os parlamentares portugueses tinham que interromper as férias....É estranho também que só este precioso Blog tenha sido o único a dar a notícia...O branqueamento já começou...? E a CPLP? Isto tudo já me faz lembrar o " Viva O Gordo " desse fabuloso Jô Soares, naquele número do general que entrou em coma durante a ditadura no Brasil e acordou já na democracia, e ao ouvir as noticias "impossíveis" de se ouvir no tempo da ditadura, pedia para o desligarem da máquina,.."me tira o tubo",.., mas ouvindo outras do calibre do "Mensalão", dizia, " me deixa estar com o tubo,.., isto afinal está na mesma.."!

Anónimo disse...

Se é indignação que se precisa, hoje sou mais moçambicana do que nunca. Mas que nojo de ser humano, essa embaixadora. O cão não tem culpa...mas a mãezinha dela sim, que foi ensinando valores sem valor como sejam: trata os outros como seres inferiores. Ao chiwawa
dêem o travesseiro dela, o cargo e etc...ela para o chão...está visto que os diplomas se compram...e que o civismo é apenas paisagem para esta senhora. Diplomata?
Lusídia Filimone, um abraço.

Anónimo disse...

No fundo, mesmo no fundo....., muitos moçambicanos eram muito bons portugueses, para não lhe chamar outra coisa. Apesar de terem nascido lá, estavam já em "comissão de serviço"....Marcas indeléveis do colonialismo, ao pior estilo metropolitano da época. Que vergonha..Só dois protestos...

Anónimo disse...

Quando comentei o post anterior, ainda não tinha lido esta pérola.

Em 1967, dizia Guy Debord, da Internacional Situacionista: "O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas a relação social entre as pessoas mediatizada por imagens. O espectáculo revela a própria sociedade quando mostra partes dela."

A atitude desta indivídua é um retrato exemplar dos dias de hoje.
E aquilo que este não nos dá a ver é revelado pela atitude moçambicana.

Para a jabiraca, ex-aluna de colégio de freiras, negro é sinónimo de sujo. Nem sabe que 47% (quase metade) dos 175 milhões de brasileiros são negros.
Nem percebe como é que podem ser tantos se todos os seus amigos e amigas são brancos.
Como dado abonatório da biraia registe-se que, actualmente, dos 513 deputados no Congresso Federal, 15 são negros(2,92%).

E perante os dislates da facinorosa que fazem Moçambique e os moçambicanos?
Clamam ofendidos e lacrimejantes: "ai que a desalmada pisou-me e nem pediu desculpa"; lançam queixumes: "Aqui d'él Rei que os brancos contiunuam a tratar-nos abaixo de cão". E, farfalhosos, bradam: "A sanidade pública é uma das nossas prioridades." E um cospe para o chão enquanto outro aprecia os macacos que tirou do nariz.

Choraminguices e rosnadelas quando se impunha uma única atitude e, na falta dela,uma única exigência: notificar a lambisgóia com o "24/20".

Anónimo disse...

Desde há uns anos para cá que o racismo passou a ser uma prática nas estruturas do Estado Moçambicano. Começou com a morte de Samora Machel e agravou-se nos anos 90.

Em Moçambique, branco só interessa se tiver dinheiro. O governo moçambicano só considera racismo se for contra o negro. O inverso ou não existe ou são heranças do colonialismo.

Curioso que essas posições abundam principalmente na chamada intelectualidade de Maputo, completamente provinciana e com falta de visão. Viajam por todo o mundo, mas ao que parece, pouco aprendem.
Há que condenar todas as manifestações de racismo e não aquelas quer politicamente interessam ao Governo moçambicano.
Por isso há que saber separar as águas e não entrar em grupos.

Anónimo disse...

!!!!!!!!!!!!!Eu não sou Moçambicana, mas não é necessário ser-se para sentir-se indignado com tamanha falta de educação, civismo e hipocrisia!

Penso que a embaixada do Brasil se deve envergonhar e devia pedir desculpas pelas ofensas cometidas; Os negócios estrangeiros do Brasil, deviam ainda levar a senhora embaixadora para um local intocável, onde ela e os seus bichinhos fossem sobejamente apreciados e circular sem problemas, talvez um circo ou um ZOO.