Foi a voz
a tua voz
era mansa quando comias as maçãs do meu quintal
muito bela quando me chamavas
abrias as janelas todas de uma casa grande
aonde o vento entrava mal o consentias
e durante o dia ali ficava
porque não havia mais ninguém...
Eu entrava como o vento
- eu era o teu vento
bailava nas cortinas
e depois nos teus cabelos
Eu não estou aqui para incendiar searas
peço apenas que se volte a filmar aquela cena
- seguíamos pela Grande Alameda
a caminho da beira-mar
onde prometeras finalmente encontrar o teu sossego
lembro-me
de que nos beijámos demoradamente
e depois choveu
Era Verão
e depois fugiste.
Mário Machado Fraião, Enquanto o Mar se Renova
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