terça-feira, 20 de novembro de 2007

Ó tempo volta para trás


No enclave russo de Birghton Beach em Nova Iorque alguém tem saudades. Ou será apenas marketing?(notar as pequenas foices e martelos). 2007

Foto Jota Esse Erre

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mambo 29

Sem desembrulhar

Quereria alongar e alargar um dedo, de forma a que este pudesse ser por ti calcorreado como sendo estrada, quando, com ele aponto sobre o que para mim é o fervor da vida.
Em vez disso, à tua beira exilo-me de vontades e aprendo a arte das ravinas com os seus temporários pássaros, ao sorver os teus não amansados entusiasmos.
O que, é parecido ante o coração e seu lago de inteiras verdades!
Mal se distingue, o que é desmedido em ti e o que é um fundo, que seja desejo meu.

Para um jovem filho

Terra

African Kids /11 (Barragem do Biópio, 06)
Foto:G.Ludovice

Nyimpine já era

Um amigo ligou de Maputo, logo pela manhã, a anunciar-me a morte de Nyimpine Chissano. O “filho do Galo” faleceu durante a noite, na sua cama, provavelmente de AVC. Logo desde manhã, nas barracas e bares da cidade, os maputenses pagavam rodadas uns aos outros, e havia flores frescas no local onde o Cardoso foi assassinado a mando do dito cujo. De imediato começaram a correr sms sobre o assunto, a versão moderna do “telégrafo da selva”. Segundo um deles, o Carlos Cardoso, farto da morosidade da Justiça moçambicana, meteu requerimento a Deus. É feio fazer a festa com a desgraça alheia? “Pois é, bebé”, como diz o meu Zé Luís, mas lá que Moçambique ficou um nadinha mais limpo, lá isso ficou. E por obra e graça dos sms, a notícia até me clareou um pouco esta manhã chuvosa, irredimível anúncio de que o Inverno aí está. É certo que o homem morreu mas nada mudará em Moçambique, porque a espécie está profundamente enraizada, e a governação de papá, mamã e sus muchachos garantiu que a corrupção, o nepotismo e o crime continuarão a vigorar como moeda forte no país. Porém, a morte acaba sempre por baralhar contas, e arrumar velhos processos. O processo por difamação com que o seu advogado me ameaçara, por exemplo, fica em águas de carapau para a eternidade. Nesta hora penso é no Catoja, que está a assistir a tudo já bem instalado na sua nova reincarnação. Pois é. Ás vezes até parece verdade que “cá se fazem, cá se pagam”. Enquanto escrevo estas linhas de pura emoção e irracionalidade, recebo novo sms de Maputo, absolutamente lacónico. E passo a citar: “Só me dói que um gajo assim morra na cama. Com tanto projéctil de 9mm que acerta em quem não o merecia...”


José Pinto de Sá

Dupond e Dupont


O mais curioso nos debates parlamentares desde o final do guterrismo é o facto de o principal, talvez até o único argumento que PS e PSD utilizam é o de "o nosso governo estar a fazer o que o governo anterior não foi capaz de fazer". Este argumento é a confissão pública de que o programa dos dois partidos é exactamente o mesmo, e o que os distinguirá é a "competência técnica". Mas se são partidos gémeos, verdadeiros Dupond e Dupont, para que servirá existirem dois, em vez de apenas um? Ah, já me esquecia: é a alternância democrática...

Il treno


Sardenha. 2007

Foto Francesca Pinna

domingo, 18 de novembro de 2007

Apelo de José Mário Branco

Aos meus amigos e conhecidos

Faço parte de um pequeno colectivo que decidiu lançar, este ano, um jornal político popular chamado MUDAR DE VIDA.
Um jornal de esquerda, em ruptura com o sistema, com uma clara posição anticapitalista, anti-imperialista e que critica o que chamamos "a esquerda do sistema".

O jornal-papel sai todos os meses (16 pág. A4), e não está nas bancas, sendo a distribuição exclusivamente militante.
O jornal online é actualizado diariamente.

Este jornal precisa da vossa ajuda para se aguentar, a ajuda de todos quantos reconheçam a sua utilidade para o movimento social.

Apelo-vos a que tomem conhecimento do jornal (na net) e do seu estatuto editorial, e façam uma assinatura (15 euros, donativo mínimo) na secção "Assinaturas" do site acima indicado. Com 500 assinaturas o jornal fica seguro.

Não basta dizermos que "isto está mal". É preciso fazer alguma coisa para re-politizar as nossas vidas, no sentido nobre que a palavra política pode e deve ter.

Posso contar convosco?

Um abraço,
José Mário Branco

P.S. O Mudar de Vida faz parte da nossa coluna de links Informação Livre, desde a última remodelação do nosso visual. Damos-lhe hoje o devido destaque.

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Chipre (1)



Nicósia. Chipre. 2007

Fotos FFC

sábado, 17 de novembro de 2007

Articulista do Wall Street Journal desaconselha o bombardeamento do Irão porque existem dissensões no topo do poder da mullahcracia

Esta é o máximo: não há niilistas, cripto-nietschianos, fernandistas, solistas que me agarrem. Na selva dos Blogues luto. Incito toda a gente a participar, a criticar, a dar a cara. Andamos nisto para acelerar o bom gosto, a libertinagem. Eu não quero liderar coisa alguma. Quero como Makhno ajudar a libertar, a fazer felizes todos quantos o poder tenta aniquilar, por ínvios caminhos. A Fox do Murdoch, aquela intolerável cadeia de intoxicação gwbushista parece que vai fechar. Será que os Clinton irão de novo para a Casa Branca? E, por isso, o Murdoch acelera o seu alinhamento e desfaz-se dos mais-do-que gwbushistas de vómito? Mas, a melhor deste dia 16 de Novembro, é que o Wall Street Journal, recentemente adquirido por Murdoch, publica um artigo de análise e enquadramento sobre o Irão, tudo sobre a estrutura e relações de poder dos Guardas da Revolução, onde é aconselhado que não se bombardeie o país dos mullahs, por ser contraproducente.

O artigo, escrito por um sociólogo residente em França, Amir Thaeri, analisa pormenorizadamente a força virtual dos Guardas da Revolução. Os seus efectivos, o seu enorme poder económico e o capital investido na subversão xiita no Médio Oriente, o que nos provoca: 1 bilião e 200 milhões de dólares por ano . Vocês já pensaram nisto? Só no Líbano, o Irão já investiu mais de 20 biliões de dólares para a manutenção da frente armada contra Israel, desde 1983.

"A few Islamic Revolutionary Guard Corps (IRGC) commanders, including some at the top, do not relish a conflict with the USA, that could destroy their business empires offering Iran victory on the battlefield. There is no guarantee that, in a major war, all parts of the IRGC would show the same commitment to the system. (...) A blanket labeling of the IRGC as " terrorist " as opposed to targeting elements of it that terrorize the Iranian people and others in the region and beyond, could prove counterprodutive". Tudo nos conformes, como diria o outro.

FAR

Londres (2)


Royal Festival Hall. Londres. 2007

Foto Maya Santimano

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Terra

Somewildwish/15
Foto:G.Ludovice


"Os trópicos corroem o verniz de Cambridge e de Oxford. Deves saber que lá, na Inglaterra,, todos os ingleses que passaram um período mais longo nos trópicos são suspeitos. Respeitam-nos, reconhecem-nos, mas são suspeitos. Tenho a certeza de que nas suas fichas dos registos secretos há uma nota que diz "Trópicos". Como se dissesse "Sífilis". Ou "Espionagem".Toda a gente que passou um tempo mais longo nos trópicos é suspeita, porque apesar de ter jogado golfe e ténis, de ter bebido whisky na alta sociedade (...) e de ter aparecido de tempos a tempos nas recepções do governador de smoking ou de uniforme, com medalhas ao peito, é suspeito. Porque passou por esse contágio terrível, ao qual é impossível a gente habituar-se e em que há algo fascinante, como em todos os perigos da vida. Os trópicos são uma doença. É possível a gente curar-se das doenças tropicais, mas dos trópicos nunca. (...) Todos ficam contagiados. (...) Lá a paixão está escondida na vida, tal como o tornado se esconde atrás dos pântanos, entre as montanhas e florestas. Paixões de todo o género. Por isso, para o inglês insular, toda a gente que vem dos trópicos é suspeita. Não se pode saber o que há no seu sangue, no seu coração, nos seus nervos. Já não é um europeu simples, de certeza. Não de todo. De nada serve se assinou revistas europeias, se leu tudo no meio dos pântanos, todas as ideias que tinham sido escritas e pensadas nos úiltimoa séculos.. de nada serve, se preservou aquelas maneiras particulares, meticulosamente cuidadosas, que o homem dos trópicos resguarda entre os seus companheiros brancos,, como um alcoólico presta atenção aos seus modos numa festa: comporta-se de um modo demasiado rígido para que não seja possível notar-se a sua paixão, é perfeitamente brando, correcto e bem educado... Mas no seu íntimo é diferente. (...)"
Sándor Márai, As velas ardem até ao fim
Escritor húngaro (1900/1989)

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Sinais


Desenho Maturino Galvão

I- Raoul Vaneigem: "Je veux me battre pour jouir mieux, non pour souffrir moins"

"Quand l´émancipation prolétarise, elle n´est que le masque de l´oppression. Un malade est incurable dès qu´il accepte la maladie, dès que sa volonté de vivre la tolère comme une implantation parasitaire que seul un traitement appliqué de l´extérieur peut résorber ou extirper. Parce que le processus marchand que la classe dominante gère et qui la gère est un processus de mort, tel est aussi son remède. La thérapeutique qu´elle préconise bon gré mal gré est ce qui la tue. Sa solution finale de la maladie de survie tient en une apocalypse de la marchandise universelle."

"Pour les prolétaires, au contraire, la liquidation du sytème marchand n´est qu´un effet de l émancipation des jouissances. Ils peuvent accéder directement à la fin de la prolétarisation- à la fin de la survie-, parce qu´ils ne sont pas gestionnaires de leur propre aliénation. Ils subissent la peine à vivre comme une opression de la classe dominante, et quand ils éprouvent en eux le conflit de la jouissance gratuite et de l´économie, rien ne les retient, au fond, de jetter par-dessus bord travail, contrainte, intellectualité, culpabilisation, volonté de puissance."

"Ce qui réprime le désir sera détruit para le plaisir. Sabotage, absentéisme, chômage volontaire, émeutes, grèves sauvages, propagation de la gratuité, les coups portés à la société marchande se multiplient et je me réjouis que n´y comptent pour rien les mots d´ordre et les incitations. La volonté de vivre n´a que faire des commis-voyageurs du refus et de la radicalité. Elle suffit à subvertir ce qui l´opprime et la falsifie".

In Le Livre des Plaisirs, par R. Vaneigem. Edit. Atelier du possible. France


FAR

Not dirty, not sexy and no money


Metro de Nova Iorque. 2007

Foto Jota Esse Erre

Terra


African Woman/9
(Cubal/06)
Foto: G.Ludovice

"O diálogo: entre quem e sobre o quê?"

Mensagem do Diretor Geral da UNESCO, por ocasião do Dia Mundial da Filosofia – 15 de Novembro de 2007

«“O diálogo: entre quem e sobre o quê?” é a pergunta em torno da qual girará a nova edição do Dia Mundial da Filosofia, acolhido este ano generosamente pela Turquia.

Consolidar os diálogos (políticos, filosóficos, interculturais) e o entendimento mútuo em torno de memórias e valores compartilhados, ambições e projetos comuns, requer, com efeito, um entendimento atualizado das linhas de convergência e divergência, das divisões, dos silêncios, dos mal-entendidos e das situações inextricáveis sempre possíveis.

O principal objetivo desse dia é, portanto, identificar as possibilidades para um diálogo universal, aberto à diversidade dos interlocutores, das correntes e das tradições filosóficas, bem como estabelecer um inventário, observar o mundo e fazer uma re-leitura crítica de nossos conceitos e formas de pensar.

Ao dar a palavra à sociedade civil e aos filósofos, aos historiadores, aos educadores e aos pesquisadores, a UNESCO se propõe a suscitar um amplo debate, aberto à dinâmica das idéias.

Além de ser um fórum de encontro das culturas, o Dia Mundial da Filosofia é, acima de tudo, um exercício coletivo do pensamento livre, racional e informado sobre as grandes problemáticas do nosso tempo.

A UNESCO, por seu lado, tem a satisfação de publicar nesta ocasião um amplo estudo sobre o ensino da filosofia no mundo, entitulado La Philosophie, une école de la liberté – Enseignement de la philosophie et apprentissage du philosopher (A Filosofia, uma escola da liberdade – Ensino da filosofia e da aprendizagem de filosofar), que visa a incorporar a exigência filosófica ao projeto de sociedades do conhecimento.

Faço votos que o maior número possível de Estados Membros respondam presente a este convite e participem na celebração deste Dia, ampliando os debates a todos os atores da Sociedade e em particular aos mais jovens, com a esperança de reconstruir e renovar nossos distintos espaços intelectuais.»

Koichiro Matsuura

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Elite mundial valoriza ultra-liberalismo dos Emiratos Árabes Unidos

Dubai, a capital dos Emiratos Árabes Unidos, tornou-se, há cindo anos a esta parte, na Meca da especulação comercial e imobiliária do Mundo. Os petro-dólares de raiz russa e árabe "fugiram" dos bancos americanos e europeus e refugiaram-se neste reino das Mil e uma Noites. Esta crónica económica do correspondente do Libé, de hoje, acentua esta tendência para o investimento no reino. Bons preços no imobiliário e ausência de uma quase nulidade no pagamento de impostos, estimulam o engodo dos grandes capitalistas russos ou latino-americanos à procura de lucro fácil e seguro.

« «Bénéfice assuré».«Dans la plupart des salons internationaux auxquels nous participons, nous avons remarqué une très forte hausse de la demande de la part de clients russes. Ce sont les prix du marché immobilier de Dubaï qui les attirent. Dans le résidentiel, le mètre carré des appartements ou villas de classe A se situe en moyenne à 3 000 dollars [environ 2 000 euros, ndlr]. Alors qu’à Moscou, les prix pour des logements de qualité très inférieure sont beaucoup plus élevés», explique Mohammed Nazir, un Sri-Lankais directeur général de l’agence Maraicar Real Estate. Beaucoup de ses clients sont de riches hommes d’affaires kazakhs ou russes qui investissent à Dubaï avec la perspective de s’y installer définitivement et d’y transférer leurs activités commerciales. «La corruption est quasiment nulle et vous n’avez pas à payer d’intermédiaires et de fonctionnaires pour votre business comme c’est le cas de façon systématique dans les pays de l’ex-URSS. Par ailleurs, vous ne payez pas d’impôts», explique Russvet Emurlaev, un Ouzbek installé à Dubaï depuis dix ans, directeur de la Deeraj & East Coast LLC, soulignant l’intérêt de «pouvoir investir pour une courte période et revendre avec un bénéfice assuré et non fiscalisé, ce qui est très pratique pour mettre de l’argent à l’abri pendant des périodes d’incertitude économique et politique».
L’explosion de l’immobilier à Dubaï remonte à 2002. C’est à cette époque que le cheikh Zayid ben Sultan al-Nahyan, défunt premier président des Emirats arabes unis, autorise les étrangers à devenir propriétaires pour une durée illimitée d’immobilier résidentiel ou commercial. Il s’agit de faire face à l’afflux soudain de capitaux et de touristes du Moyen-Orient qui, après les attentats du 11 Septembre, ne se sentent plus à l’aise en Amérique du Nord et en Europe. Depuis, Dubaï est devenu un gigantesque chantier où des centaines de milliers de mètres carrés de tours, de villas et de centres commerciaux sont en construction. De grandes sociétés internationales, comme le cabinet Ernst & Young ou Universal, y installent leur quartier général pour le Moyen-Orient.
 »
Ruée russe sur le luxe de Dubaï. JEAN-FRANÇOIS GUÉLAIN
Libération

FAR

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Hungria (8)


Pécs. Hungria. 2007

Foto FFC

Bélgica: Valões e flamengos não se entendem por causa dos cifrões

Tendo-se desfeito, paulatinamente, de quase todas as "jóias da coroa" do diversificado tecido industrial dos anos 50; e apostando todo o futuro do país num capitão-de-indústria francófono, Albert Frère, que descobriu os sortilégios do capitalismo financeiro europeu e mundial, da banda refinada dos ultra-realistas da fábrica sem máquinas nem operários... De forma transversal, por isso, a Bélgica assistiu ao crescimento das rivalidades linguísticas entre as duas comunidades estruturantes do país: Flamengos e Valões, por refracção dos sintomas sociais de crise e desemprego inerentes ao implementar do modelo post-industrial clássico. Apesar de tudo, houve uma constante melhoria do sistema cultural e político belga, sustentado e dinamizado pela imagem dinâmica de capital administrativa da União Europeia.

Com a Flandres, comunidades de ascendência holandesa, a saber adaptar-se melhor aos desafios do neo-liberalismo rampante, com um PIB regional muito superior ao dos valões, que assistiram à ruína das siderurgias e da indústria têxtil desde os finais dos anos 70, a classe política das duas comunidades linguísticas foi instilando o veneno da discórdia e da divisão. A transplantação de fundos financeiros regionais da Flandres para a Valónia não cessou de crescer, atingindo um volume colossal de perto de 6 biliões de Euros, há dois anos. O bode-expiatório do "assistencialismo" degenerou em apelos à ruptura e ao separatismo político, cuja gravidade se espelha na longa crise de " vazio" governamental a aproximar-se dos cinco meses de perplexa não-formação, embora a direita tenha vencido de forma muito folgada.

O fim do bilinguismo socio-administrativo na grande coroa de Bruxelas-Hal-Vilvorde(BHV), por voto expresso flamengo contra a colaboração valã, apesar da presença maciça de francófonos, soou como oa ultrapassagem do Rubicão, do ponto de vista político e sociocultural. Como assinala Vincent de Coorebyter, politólogo, "Este voto, bloco flamengo contra bloco francófono, é uma novidade. Mesmo se a cisão não chegue a consumar-se definitivamente, porque existem mecanismos constitucionais não permitindo que a maioria flamenga faça impor as suas leis. Mas um tabu foi estilhaçado e um ponto-de-não-retrocesso franqueado de grandes consequências para a memória colectiva. As consequências podem ser também políticas: depois desta demonstração de força, os Flamengos podem usar sobre os francófonos um tipo de chantagem que pode pôr em causa a existência da federação belga, do Estado" Ver também o artigo de Jean-Paul Nassaux no Libération do mesmo dia.

O NY Times, de hoje, refere-se ao acontecimento em termos prudentes. Sinaliza o enfraquecimento do princípio de compromisso entre as duas comunidades. Mas não ilude o perigo de uma cisão territorial que ponha fim à existência da Bélgica. "A classe política flamenga quer rever a Constituição para dar maiores poderes económicos às instituições regionais. Analistas francófonos receiam que isso constitua o princípio do fim das transacções financeiras em forma de subsídios".

Ler aqui, aqui e aqui.


FAR

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Terra


Somewildwish/14
Foto: G.Ludovice

Janelas de Lisboa - ao actor Pedro Alpiarça

Há janelas em Lisboa,
tantas,
que através delas, por vezes,
um homem voa.

Quando não se pode mais.
Quando Lisboa se abre em janelas
e fecha as portas.

Sete colinas sete lugares altos
que convidam a saltos...

As janelas do desespero de Lisboa...
Do desespero em Lisboa.

As janelas que se abrem para mostrar
que não há esperança.

Voa.

Pensa que voas
homem - ave
efémera criatura
que desacreditou.

Atira-te das janelas que se abrem nesta Lisboa.

(Que não te soube merecer.)

Sumbana deslumbrado


(foto tirada de www.unitedworld-usa.com)

O ministro do Turismo de Moçambique, Fernando Sumbana Júnior, ficou deslumbrado com a “Las Vegas do Oriente”. Sumbana, que se deslocou a Macau para participar num seminário sobre oportunidades de investimento, uma iniciativa estimulada pelo órgão de contacto comercial entre a China e os Palop, desafiou os operadores de casinos a investirem nos três espaços de jogo de Moçambique. Maputo (Polana), Namaacha (Sol Libombos) e Cabo Delgado. Ficou, contudo, a ideia de que a oferta não se resume a estas três ‘licenças’... tão grande é o país e tantos são os grupos que, em conjunto, fizeram com que o pequeno Macau ultrapassasse, em chiffre d’affaires e outros, a mítica Las Vegas, ou Sin City. Como por lá se brinca.

Convite extensivo, presume-se, aos locais, SJM (Stanley Ho) e Galaxy (Hong Kong), aos americanos (Las Vegas Sands, Wynn e MGM; com o Harrah’s à espreita) até à PBL da Austrália.

Subscrevemos sem reservas esta visão do ministro Sumbana. As pobres gaming joints de Moçambique não podem, de facto, concorrer com Sun City- uma criação de Sol Kerzner, o mesmo das Bahamas, e que, por acaso, foi um dos perdedores na abertura do Jogo em Macau. Para disputar o terreno a Sun City é necessário partir para outro patamar, com o conforto, inclusive, de saber que a indústria do jogo nas imediações é muito rudimentar. Tanto na Maurícia, como nas Comores, nas Seychelles, no Lesotho ou mesmo no Hilton de Antananarivo, os casinos são meros complementos, amenities, e não um negócio em si. No modelo desenvolvido desta indústria a lógica é precisamente a inversa. O core business é o jogo.

É verdade que em Moçambique sobejam problemas e poderá parecer ofensivo apostar em Jogos de Fortuna ou Azar- aquele que é o seu descritivo técnico. Mas não é menos verdade que há muito os governos jogam com a paciência e as legítimas expectativas da população. Diria melhor, a parte Azar está amplamente saciada. Eis a Fortuna fácil. De moral duvidosa?

Pois, estava Cristo pregado na cruz e os soldados romanos como matavam o turno de guarda? Jogavam aos dados.

Além disso, este sector de actividade consome grandes contingentes de trabalhadores, notadamente, na segurança e vigilância. Uma óptima oportunidade para bufos desempregados, ex-quadros da SNASP e filhos da puta de diversa proveniência.

Portanto, é preciso aproveitar em todas as latitudes estas pequenas oportunidades, enquanto as alterações climáticas não lixam o grande recurso da Pérola do Índico. Um dia destes os frangos começam a nascer assados, então, sim, será tempo para alarme e para o senhor Al Gore.


JSP

Sinais


Desenho Maturino Galvão

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

O julgamento da praxe: Ana Santos à espera, cinco anos depois

Pela primeira vez, um caso de praxes leva pessoas a sentarem-se no banco dos réus.

Depois da Ana Sofia Damião – aluna do Piaget de Macedo de Cavaleiros em 2002 – não ter visto a sua queixa passar da fase de inquérito, a Ana Santos ultrapassa as barreiras que vão surgindo a quem tenta ultrapassar as marcas das "praxes".

O caso que vai a tribunal no próximo mês de Fevereiro remete à "época de praxes" de 2002, em Santarém. Ana Santos foi, entre muitas outras coisas, obrigada a ter a sua cabeça em excrementos de vaca e abandonada após ter desmaiado. Das acusações da Ana Santos, seis dos arguidos serão julgados por "ofensa à integridade física qualificada"; ficam para trás as acusações de coacção, sequestro, ameaça, injúria.

O Movimento Anti "Tradição Académica" (M.A.T.A.) tem vindo a acompanhar este caso desde 2003 e assinala a coragem da Ana Santos que foi obrigada a sair da instituição pública de ensino superior (Escola Superior Agrária de Santarém) e da própria cidade, de modo a poder continuar a estudar.

A decisão do tribunal revelar-se-á fundamental no caminho de mudança que tem envolvido a "tradição académica" nos últimos anos, assim como na construção de uma opinião pública crítica a este respeito e que questione a relação entre a natureza da praxe e este tipo de acontecimentos.

É também determinante para que a impunidade encoberta pelas "negras capas estudantis" possa ter fim e que deixem de ser as Associações de Estudantes ou as ilegítimas "comissões de praxe" a julgar os "abusos" com códigos inventados que se têm sobreposto às leis do país.

Esperamos, ainda, que as palavras finais do juiz venham abalar o "clima de medo" que abafa todas as histórias que se tornaram públicas e as que jamais saberemos.

Mailer tornou-se imortal


(Foto tirada de www.achievement.org)

A morte surpreendeu anteontem Noman Mailer, aos 84 anos, em Nova York, vítima de doença súbita. Um dos mais emblemáticos dos escritores yankees do séc. XX passou a ser imortal: pelo exemplo, pela ousadia e liberdade, mas também pela coragem de ser verdadeiro até à medula, contra tudo e contra todos. Guerras, GW Bush, feminismo castrador e puritanismo de sacristia, tudo servia para contestar a esta espécie de J-P. Sartre com a esfusiante loucura dos intelectuais-extremos de Village Voice, o semanário dos 70´s, que ajudou a fundar e a tornar mundialmente famoso. Como escreve a repórter do Libé. A.-Lévy-Willard, "Como autêntico nova-iorquino para quem o resto da América é uma imensa província, Mailer desconhecia o termo "esquerda caviar", mas praticou-o antes de tempo, com o snobismo que descreve no romance "Os exércitos da noite", onde ele e os seus companheiros "acreditavam estar condenados a ser revolucionários, rebeldes, não-conformistas, contestatários e, de uma forma geral, os campeões de uma qualquer causa de esquerda. Ao mesmo tempo, sentiam-se pessoalmente...grandes conservadores ".

FAR

"«La stupidité du peuple américain»
En 2006, l'écrivain avait reçu à New York la Légion d'honneur, la plus haute distinction française. Verve et causticité intactes, il pestait contre ce qu'il considérait comme «la stupidité du peuple américain» sous l'influence du président George W. Bush.

Toujours actif, il venait de publier Un château en forêt, dans lequel il explore la jeunesse et la famille d'Adolf Hitler. Libération l’avait longuement rencontré à cette occasion dans sa maison du Massachusetts

Ce témoin engagé, grand conteur des matches de Mohammed Ali ou de la conquête de l'espace, regardait cette «drôle d'époque» et s'avouait «dans l'état de pessimisme intellectuel le plus profond».
Il déplorait une Amérique toujours plus puissante économiquement mais moins créative et moins cultivée, dévoyée par la cupidité, abrutie par l'obsession patriotique ou les publicités télévisées.
"
Libération

Londres (1)


Marble Arch. Londres. 2007

Foto Maya Santimano

Sinais


Desenho Maturino Galvão

domingo, 11 de novembro de 2007

Putin: o poder a qualquer preço

"A democracia, hoje, é estruturada pela igualização do sentimento de competência. Isso constitui uma radical revolução: interessamo-nos pela política porque pensamos ter os meios para nos interessar por ela ", escreve Pierre Rosanvallon, o politólogo que foi conselheiro especial de Rocard e é, hoje, guru do Collège de France, o topo da carreira universitária gaulesa. A marcha qualitativa da vida em comum, acrescenta, "postula que a vitalidade da democracia seja agenciada não só pelo reconhecimento da legitimidade e da positividade do conflito na sociedade, uma espécie de engrenagem e de regulação das divisões, mas também zela pela organização das instituições do consenso e da partilha comunitária". Isto são teses abordadas no seu último livro, "La Contre-Democratie", Edit Au Seuil, que saiu no decorrer das últimas presidenciais tricolores. Ora, a partir destes critérios, claramente se percebe que a hiper-presidencialização do sistema político russo por Putin, que parece hesitar entre duas maneiras opostas de se suceder a si próprio, só pode acabar por neutralizar o sonho de sentido e forma democráticos da Rússia contemporânea.

Entre a intensa polémica mundial desencadeada pela valsa-hesitação do n°. 1 do Kremlin em se suceder a si-próprio, ou designando um desconhecido sem perfil e sem autonomia, ou transformando o cargo de PM no núcleo duro do regime para o qual se postula, grande destaque para uma magistral artigo no Financial Times (10 Oct.07) de Anatol Lieven, professor do Departamento de Estudos sobre Guerras no King´s College, de Londres. Justamente, o analista dita de início a chave da sua tese: "A pedra de toque da política russa nos últimos vinte anos não se manifestou nas lutas e rivalidades forjadas entre partidários da democracia ou da ditadura, mas nos combates entre diferentes espécies de oligarcas ". E detalha: "A oligarquia que se formou por acção do presidente Putin é, de longe, mais coerente, estruturada e disciplinada do que a colecção de magnates feudais dados à estampa por Yeltsin".

"Then again, a fully fleged oligarchy does not depend for its survival on one leader; on the contrary, it tends to rotate power among different members of the ruling elite.. For better or worse the Russian oligarchy is still far from achieving that degree of solidity. Mr Putin may be more the chairman of a corporate board than a personal ditactor, but he is extremely powerful. Without him, it is felt, not only would the rulling group lose iits prestige with the population, but it would be liable to fall into uncontrollable rivalries. Not just Mr Putin himself but most members of the elite are therefore determined that he go on exercising dominant influence after stepping down as president next year.

Hence Mr Putin´s apparent intention to take over the leadership of the progovernment political party, United Russia, and turn it into a real rulling party rather than the present coalition of bosses and celebrities held together by allegiance to the president. This could be accompanied by Mr Putin´s assumption of the primer minister´s office, leading in turn either to the next president quickly stepping down to allow Mr Putin to run another presidential term according to the constitution, or to the transfer of real power from the presidency to the prime minister´s office .

Given Mr Putin´s youth ( he has just turned 55), his great though contested achievements and his immense popularity, it would have been surprising if he had not sough to retain dominant influence. Whether this is the best way to go about things is a different matter. Frankly, if he could not retire, then it might have been better if he had changed the constitution to allow presidents to run for extra terms and submitted the change to a popular referendum. As it is, all Mr Putin´s possible courses look extremly problematicWorst of all would be for Mr Putin´s to become an all-powerful prime minister under a supposedly emasculated presidency. This strategy could lead to a disastrous clash between president and primer minister and the destruction of the entire system".


FAR

Terra

African Kids/10
(Angola /Benguela, 2006)
Foto: G.Ludovice

New York, New York


Rebentamento em conduta de aquecimento. East Village. Nova Iorque. 2007

Foto Jota Esse Erre

Sinais


Desenho Maturino Galvão

sábado, 10 de novembro de 2007

Cascata

 

Sardenha. 2007

Foto Francesca Pinna
Posted by Picasa

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Terra

African Woman/8 (Angola, 2006 , Teatro comunitário sobre o tema da Cólera)
Foto: G.Ludovice

La tierra sigue teniendo fiebre

Maiakovski
Escreveu, ainda no início do século XX :
Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.

Bertold Brecht (1898-1956) :
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso Eu não era negro.
Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário.
Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei.
Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo.

Martin Niemöller, 1933 - símbolo da resistência aos nazistas :
Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei .
No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar...

Claúdio Humberto, 2007
Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão da favela, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...

Quase 2008
O termómetro é um instrumento neutro, que serve para aliviar pouco.
As leituras que oferece são mundiais, obedecem a ciclos e são muito objectivas !

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Sinais


Desenho Maturino Galvão

NY.Times: "Falcões" perdem terreno junto a GW. Bush?

John Bolton, o infeliz saneado da ONU como representante dos EUA, a trabalhar agora na pesada "máquina" de propaganda de ir-para-a-guerra republicana, o American Entreprise Institute, lançou um livro e fez declarações bombásticas no meio dessa publicidade infernal, reporta hoje o NY Times. Os "falcões" parece estarem em minoria...Mas nunca se sabe com tal gente, a cheirar a evangelistas e a petróleo pesado...

O interessante da questão prende-se, decisivamente, com o facto de um "incondicional" de GW. Bush, vir a público contestar a moderação da actual estratégia de política externa norte-americana. Ele acusa os "High Minded" da estratégia bushista, a pouco e pouco, a direito e de través, terem imposto uma política de "soft power" e movido todo o empenho de conquista e supremacia pela sua linha , "pelo controlo não só dos Média, Congresso, Departamento de Estado e ONU, mas também agora da Casa Branca".

As negociações com a Coreia do Norte para o desmantelamento do seu arsenal nuclear são um momento iniciático dessa estratégia moderadora. Que pode vir a influenciar a "dificílima opção" que os EUA e os seus aliados devem vir a tomar em relação ao Irão. Bolton não esconde a sua opção guerreira (e nisso talvez deixe mal Cheney e os seus muchachos do Estado-Maior...), ao mesmo tempo que desvaloriza o préstimo de Benazir Bhutto e elogia Musharraf como o "fiel" do controlo nuclear paquistanês. Sobre o Irão precisa: "Trata-se de uma questão dificílima e que tem que ser profundamente examinada. A opção não se coloca entre deixar estar o mundo tal qual hoje é, ou usar a força. A opção coloca-se entre usar a força ou deixar o Irão com armas atómicas". O NY Times apresenta o livro desta forma: "Bolton´s book. Surrender is Not an Option: Defending America at the United Nations and Abroad (Thereshold Editions), is no kiss-and-tell screed against Bush and his team, though he recounts with relish his conflicts with colleagues and rivals at the United Nations and in the State Department".

FAR

Hungria (7)


Pécs. Hungria. 2007

Foto FFC

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Ségolène Royal: Fusão à italiana não deve excluir ex-militantes da extrema-esquerda e do PC

Não se pode, nem deve deixar Sarko à rédea solta: depois de ter ido "auscultar" Putin deslocou-se apressadamente a visitar hoje GW Bush. Toda a gente sabe: tudo por causa do Irão. As elites mundiais hesitam e tentam controlar o núcleo duro da Casa Branca, Cheney e os seus falcões disseminados pelo Pentágono. Por tudo isso, esta entrevista da antiga candidata presidencial do PS francês, se torna marcante e admirável. A distinção entre realistas e irredutíveis, nunca esteve tanto na ordem do dia, por conseguinte. Relembrem-se do grito espantoso de Guattari, a dobrar o de Gramsci: sou hiper-óptimista e hiper-péssimista!.

Sego desfruta ainda de grandes vantagens e de uma aura de fibra e sedução. B-H. Levy parece assumir as funções de conselheiro especial e editor do seu próximo livro-balanço da Campanha presidencial. Ela diz que Sarkozy, o seu rival sortudo, mostra "um grande arcaísmo na sua forma de procedimento. O poder actual está muito próximo das potências do dinheiro, do patronato. Não fala nem de Educação, nem de Inovação, nem de PME´s, nem de modernização económica". Ela diz que, em breve, vai apelar à luta. "Unir,explicar, federar, eis o meu papel".


"Très silencieuse ces dernières semaines, Ségolène Royal confirme à Libération que sa détermination reste intacte pour mener la rénovation du PS. Depuis Rome où elle a rencontré Walter Veltroni, le nouveau leader du Parti démocrate italien, elle ajoute qu’elle jouera son rôle de première opposante à la politique de Nicolas Sarkozy.

Où en êtes-vous de votre réflexion? Serez-vous candidate au premier secrétariat?
Je n’ai pas pris ma décision. Cela viendra le moment venu. A partir du moment où je ne quitte pas la politique, on ne peut pas faire de la politique sans parti. J’observe ce qui se passe, mais je ne veux pas me placer dans des logiques de conflits internes.

Cette indécision n’a-t-elle pas désorienté vos proches?
C’est vrai que c’est un peu déstabilisant pour mon entourage, qui se demande pourquoi je ne repars pas sabre au clair. Certains se sont inquiétés, ont demandé des consignes. Je leur explique que la politique est faite d’étapes. Et qu’il ne faut pas que je me laisse happer par le système. Le jour où je leur dirai: «On y va», nous irons vraiment.

Combien de temps durera votre réflexion?
Rassurez-vous, je ne suis pas en hibernation. Je travaille avec d’autres, j’accepte les invitations à l’international et je me bats pour ma région. C’est essentiel. Et je mettrai ce travail au service du collectif.

Comment allez-vous désormais participer à la vie du parti?
J’ai rassemblé 17 millions de voix, après avoir été désignée par 60% des adhérents du parti. J’ai des responsabilités à l’égard de tous et toutes. Je ne peux donc pas me laisser attirer dans je ne sais quel piège de tactique interne. Rassembler, expliquer, fédérer, voilà le seul rôle que je me donne. Et mettre au service de la gauche et des Français le potentiel de l’élection présidentielle.

La rentrée politique a été marquée par une profusion de livres très sévères à votre égard. Vous ont-ils affecté?
Oui. Ça laisse toujours des traces, on est toujours touché. D’ailleurs, c’est bien l’objectif. Mais c’est passé. L’important est que les gens se disent et me disent que je me suis bien battue.

Irez-vous au conseil national de samedi?
Je serai probablement en Argentine pour l’élection de Cristina Kirchner, puis au Chili. Sinon, j’y serais allée.

Vous venez de rencontrer Walter Veltroni. L’exemple de la primaire italienne est-il envisageable en France?
Tous les dirigeants italiens ont accepté l’émergence parmi eux d’un leader, avec trois millions et demi d’électeurs qui ont payé un euro pour participer. Au PS, les militants à 20 euros ont été parfois contestés. Mais la réflexion doit se poursuivre. Je sais que ce n’est pas facile, car nous héritons d’un système sécurisant pour les courants, avec ce que cela signifie de contrôle des fédérations et de positions verrouillées. Mais au PS, nous avons tous compris, certes à des degrés divers, que ce système devait changer. L’exemple italien doit nous faire réfléchir.

Comment faire évoluer le PS?
Il faut rendre la parole aux militants. Mais aussi faire voter des gens qui ne sont pas adhérents du parti, comme en Italie. La préoccupation de l’organisation ne doit pas être l’organisation elle-même.
Cela ne semble pas être la tendance actuelle au sein du PS…
Il existe toujours dans le parti cette ligne élitiste sur la crainte d’une transformation en «parti de supporters». Mais qu’est-ce que ça veut dire? Cette conception condescendante me choque. Pourquoi considérer les gens comme des écervelés, qui choisissent à la tête du client? Peut-être qu’ils adhèrent aussi à des idées…

La fusion à l’italienne entre socialistes et centristes vous inspire-t-elle?
Ce qui se passe en Italie montre bien que des recompositions sont nécessaires. L’alliance, contre la droite, entre un parti issu du parti communiste et un parti du centre, d’inspiration chrétienne, est très intéressante. Il y aura forcément, en France aussi, des recompositions entre centre et PS. Et ce ne sera pas en laissant de côté les militants venus de l’extrême gauche ou du PC.

Avez-vous poursuivi vos contacts avec François Bayrou?
Non. Je ne suis pas encore dans cette phase. Je la poursuivrai quand j’aurai achevé la précédente, celle de la réflexion et de la reconstruction. Mais nous sommes à un tournant. L’électorat a évolué, avec de nouvelles générations qui n’ont pas connu l’histoire du PS et du PC, et qui ont d’autres comportements électoraux. Et parmi les centristes, il y a des démocrates qui peuvent se reconnaître dans un projet politique qui ne sacrifierait pas pour autant l’identité de la gauche. On m’a critiquée pour ma démarche d’entre les deux tours, mais soyons réalistes: dans de nombreuses villes, aux municipales, cette convergence devra s’opérer.
"

Libération. Recueilli à Rome par Éric Jozsef et David Revault d’Allonnes, 22 octobre 2007

FAR

A gozar o último sol


Em frente à cor típica de Coney Island, um grupo goza o sol de Outono. USA. 2007

Foto Jota Esse Erre

Aforismos liberais (epílogo)

Com a publicação do décimo da série, encerramos os Aforismos Liberais. Esta exaustiva pesquisa de síntese deixa-nos com uma verdadeira cartilha, algo como os Dez Mandamentos do Novo Liberalismo. Que relembramos, agora compilados, como memória futura e guia de acção das novas gerações, para que se possa, enfim, concretizar a revolução "liberal", que nos promete, todos os dias, o Sol na Terra. Só uma nota: se algo aqui parecer contraditório, é tão só por desconhecimento da fonte - significa apenas que não se estuda com afinco o que todos os dias se publica por aí, em blogues "liberais". Eis os ensinamentos da Luz:

1 - É natural existirem pessoas mais ricas, e outras mais pobres. O facto de nós, que o dizemos, pertencermos às mais ricas, é uma circunstância da vida que em nada nos afecta a clarividência de o dizer.

2- Os socialistas enganaram o povo com ilusões de igualdade através de revoluções. Já nós, não vendemos nenhuma banha da cobra quando prometemos a prosperidade para todos dentro deste sistema.

3- O tipo de sistema em que vivemos é o socialismo.

4- Salazar pode, em certos aspectos, ser considerado um liberal.

5- O liberalismo não é a favor nem contra a democracia, ou seja, não é a favor nem contra a ditadura, porque para o liberalismo o que interessa é que o mercado funcione. O mercado irá gerar riqueza, e isso é mais importante que vivermos em democracia ou em ditadura.

6- Se analisarmos a fundo, vemos que o interesse do produtor é o mesmo que o do intermediário e o do consumidor. Idem para os patrões e os trabalhadores.

7- Os gestores e administradores põem sempre os interesses da empresa acima dos seus interesses pessoais, de outro modo são, mais cedo ou mais tarde, postos de lado pelo mercado.

8- Qualquer problema económico, em qualquer lugar, sob quaisquer circunstâncias, deve-se sempre à falta de liberalismo.

9- Todos os cidadãos escolhem livremente. Não há assimetria de informação. Nenhuma escolha num mercado livre é condicionada. A informação que existe é aquela que os agentes do mercado, livremente, decidem transmitir. Logo, é livre. Deste modo, todas as escolhas são informadas, visto que a ausência de informação pode ser, neste sentido, considerada um incremento de informação.

10- O mundo é tal e qual como se vê.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Hungria (6)


Pécs. Hungria. 2007

Foto FFC

Ph.Sollers: Cecília e Sarkozy irão aparecer juntos na garden-party de 2011

O autor de "Femmes" atira com uma previsão bombástica para o futuro do ex-casal. Durante seis meses, os recém-divorciados "suportaram-se" para que Sarko tivesse hipóteses de ganhar as presidenciais. Sollers tira partido da mise-en-scène e prolonga-a para a véspera da recandidatura do actual PR francês em 2011. A política-espectáculo é, sem mais rodeios, obscena e fatal...

Num texto muito empertigado, publicado no JD Dimanche clicar aqui, o grande "papa" das letras gaulesas torna ainda mais audaciosa a revelação publicada pelo Le Canard Enchainè, há algum tempo, sobre a representação assumida por Cecília ao lado do seu ex-marido, putativo candidato presidencial vencedor, durante mais de seis meses da campanha que o elegeu. Sollers diz, preto no branco, com ironia e desplante "Não consigo acreditar no verdadeiro divórcio entre Cecília e Nicolas Sarkozy. É um filme, mais um, conduzido por mão de mestre, com as reviravoltas, o suspense e as surpresas, como é preciso".

O escritor de "Uma curiosa solidão", romance inicial que já não surge na longa lista dos seus romances e ensaios, assegura presto e sem ponta de ingratidão: "Sou levado a apostar que, em 2011, a 14 de Julho (Dia Nacional da França), uma Garden-Party de alta voltagem terá lugar no palácio presidencial, com todos os personagens reunidos numa reconciliação geral. No entretanto, talvez aconteçam novos casórios, alguns bebés apareçam, peripécias, mas vejo a festa desta maneira: toda a gente será esplendorosa, uma reeleição irá surgir no ano seguinte. Ségolène e Hollande estarão lá, também eles, fazendo boa figura". E remata com suprema argúcia, sem ponta de fel e vinagre: "Que é que importa as famílias destruídas, reconstruídas, de novo destruídas e recompostas, isso é a vida, a abertura, uma lição de humanidade para todos".


FAR

domingo, 4 de novembro de 2007

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Terra

African Kids/9 (Angola/Lubango-2005)
Foto: G.Ludovice

Canção do Belíssimo Negócio


Da genial "Ópera do Falhado", de JP Simões, que é para mim o Chico Buarque português, dedicada a todos os liberais:

Desde tempos sem memória
edificou-se esta história
através da compra e venda
e roubo por aí.
Já adão disse à serpente
numa reunião urgente,
que queria um sócio
pró negócio das maçãs


No ínicio era um franchising,
com um marketing selvagem,
com uma visão estupenda,
um faro genial:
vender o perdão sagrado,
um para cada pecado,
desde o raspanete
até à pena capital.
Tanta sucursal,
privada e estatal,
todo o universo é de raíz liberal.

E um belo negócio
entre homens de bem
explica-nos por que razão
já Nosso Senhor
morreu por amor
à grande liberalização.

Neste jogo extraordinário,
inventaram-se os salários,
para o empregado não pecar
mais que o patrão.
E apoios, benefícios,
promoções a outros vícios,
contratos a prazo pra dar azo à multidão.
E um corpo de leis,
polícias fiéis,
que salvam os homens de inverter os papéis.

Se o negócio é o passado,
passa o futuro também,
tudo aqui foi comprado
e vamos mais além:
Transacionamos cometas,
estrelas, luas e planetas,
lambretas e espaçonetas
e muito vaivém.
A ciência descobriu já
a combinação perdida:
cedo vai vender a cura
pró vírus da vida.

Suécia (9)


Sergels Torg. Estocolmo. Suécia. 2007

Foto Sérgio Santimano

sábado, 3 de novembro de 2007

Sinais

Luta de morte


Luta de morte com faca e tudo. Faca de plástico numa brincadeira de subway riders. Nova Iorque.USA. 2007

Foto Jota Esse Erre

Mambo 28

Nele, brinco de todas as maneiras; finjo ser pessoas diferentes, as que enlaçam com perguntas e as que com respostas matam, as que são paixão e as que ensaiam latejos à volta disso, as que perdem para sempre o habitáculo do tempo e as que se demoram a estar nesse acumular de enchimentos de tórax, as que quase nada percebem de tudo e as que se desiludem com hábil dificuldade.
O meu quintal é o mundo.
Nele sossego , como se estivesse na parte avançada da minha casa.
Quando o que suporta a varanda, desde onde é unicamente visível o nada, são os outros em amáveis pilares.
O meu quintal é o mundo.
Brinco no quintal, como que junto a uma árvore galáctica, sem que me aperceba de quantos mundos há; apenas a leve portada da casa, que bate com o vento em dias irregulares, me é funda angústia.
É o seu seco som de repetível fronteira, que me faz sentir só por todos os lados.

As mentiras do ranking

A secretária é um local perigoso para se observar o mundo. John Le Carré

Iniciou-se na sociedade portuguesa o debate acerca do ensino público e privado, a propósito dos rankings dos exames. Na mesma linha de implementação do RJIES e da liberalização de todos os valores que o Tratado de Lisboa abriu, começou a campanha de destruição do ensino público.
Vem aí a escola - empresa. Aprender é muito lindo, tudo bem, mas o mundo não está para estas bizarrias e é muito mais lindo se for lucrativo. Tudo pode ser rentável. E se não for, não somos livres. É a liberdade dos liberais. Se não lhes deixarmos por um preço na educação (quanto custa educar os nossos irmãos, filhos e amigos?) estamos a cortar-lhes a "liberdade" (confundir liberdade com liberalização é como confundir germano com género humano).
Sabemos então pelo Público (sem link, lamento) que 17 das 20 primeiras posições no rdos exames das escolas secundárias são de escolas privadas.
Os "liberais", ora inocentes ora mentirosos, atiram-nos com certeza perturbadora: o privado é melhor que o público. Quantas mentiras há nesta frase?
O que se está a sugerir quando se diz que o privado é melhor que o público é que se puséssemos os meninos e meninas lusos em escolas privadas estes tornar-se-iam, como por magia, alunos fantásticos. Portugal desbravaria caminho, o choque tecnológico não seria necessário, o sucesso é já ali.
Há um pequeno pormaior: leio também n`"O Público" que o colégio melhor classificado foi o Externato As Descobertas (não faço ideia se também aqui se mantêm a mroal e os bons costumes e se separam os meninos e as meninas, porque o que precisamos na universidade é de mais virgens ressabiados e insurgentes) que tem uma mensalidade de 355 euros. Penso que para um país com 2 milhões de pobres, talvez seja apertada a entrada, mas estou certo que os liberais pensaram numa solução qualquer para um agregado familiar com o rendimento mínimo e um só filho possa viver com 200 euros por mês. Longe de mim pensar que a sua cegueira chegaria ao ponto de afastar alguma parte da população portuguesa dos ditos colégios. Ora, mesmo engolindo a mentira que esta escola é melhor independentemente dos alunos que lá pusessem, a solução é bastante simples: só temos de ter todos os portugueses ricos e pronto. Têm todos dinheiro para pagar ao colégio e aí vamos nós para o progresso. O que os "liberais" não dizem é que tal é impossível, porque o sagrado mercado que tanto defendem não o permite e obriga a que haja uma maioria de pobres para sustentar uma minoria que possa por os filhos (cheios de mérito por nascerem em boas famílias) em boas escolas.
Desmentindo agora o óbvio (porque para argumentos simplistas, contra argumentos simples): é óbvio que a interpretação destes rankings não pode ser feita à secretária, descontextualizada. Le Carré bem o diz que tal é perigoso. As escolas com melhores notas são escolas com meninos com condições em casa, sem problemas sociais ou até num estatuto tal que nem sabem o que são problemas sociais. Toda a vida tive boas notas e não foi por estar no privado, nem por a minha escola ser espectacular ou eu um génio como Cunhal. O que se passou é que sou filho de pais de classe média alta que sempre tiveram dinheiro para eu ter condições em casa, poder ter livros e viagens para me cultivar.
Não querer ver esta associação primária é próprio da idiotice direitosa de quem de tanto usar a lógica da batata ficou com a inteligência de uma batata.
Comparar resultados das escolas públicas e privadas descontextualizando é um absurdo e uma mentira de uma desonestidade intelectual fantástica. Comparar colégios com alunos de classes sociais altas, onde os que tiram más notas são convidados a sair, com escolas públicas onde há um retrato de um país arrasado pelo centrão dominante desde o 25 de Abril e pelos neo - liberais é de uma estupidez formidável.
Mais: a mercantilização da escola é um passo fulgurante para uma sociedade cada vez mais desumanizada, vendida ao mercado e ao capital, emaranhada na sua esquizofrenia burguesa e nas suas bestas sábias (expressão de Garcia Lorca para designar os técnicos altamente competentes sem a mínima noção da vida e das pessoas que o rodeiam. O mesmo Lorca que foi assassinado pelos fascistas pela sua ideologia.). A escola como produto, sujeita às leis do mercado é absurda. E a explicação é o próprio absurdo da lei do mercado. Os privados só entram num negócio com um objectivo: lucro. Tudo o resto é secundário. Não há interesses da população a defender se não derem lucro. E há quem nos queira convencer que uma escola virada para o lucro e para os interesses dos accionistas e empresários é melhor que uma escola que tem como primeiro interesse a formação profissional e humana dos estudantes. Melhor para quem? Para os accionistas?
Será mesmo preciso dizer o óbvio? Num ensino cada vez mais privatizado, haverá uma maioria de pessoas que deixará de ter acesso à educação para (ainda maior) benefício de uma minoria de privilegiados?
No dia em que essa maioria perceber que está a ser enganada, cá estará ela para pedir contas a estes que a enganam com a liberdade da liberalização. E aí, espero que sejam tão impiedosos como a lei do mercado.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Pinnetto


Sardenha. 2007

Foto Francesca Pinna

O mundo de Houellebecq

A fina-flor da crítica literária mundial reuniu-se desta feita em Amesterdão para a II edição do conclave sobre a obra literária do autor da Possibilidade de uma Ilha. O Libération de hoje revela-nos tudo sobre essa celebração caústica e sedutora.

"Mercredi 24 octobre, 10 h 30. La première communication de la journée promet beaucoup : «Cunnilingus et fellation : le sexuellement correct chez Michel Houellebecq.» Murielle Lucie Clément, chercheuse indépendante, a inventorié les pratiques sexuelles dans l’œuvre houellebecquienne ; elle nous fait profiter aujourd’hui de ce travail minutieux ainsi que d’aphorismes de circonstance comme : «La fellation peut être utilisée comme une caresse dans le cours normal de l’étreinte, mais certainement pas comme une méthode de réanimation.» (C’est de Romain Gary.)
Un peu plus tôt, la professeure Ieme Van der Poel, titulaire de la chaire des études de lettres et culture françaises à l’université d’Amsterdam, avait délivré un court speech de bienvenue à la cinquantaine de chercheurs accourus d’Europe et d’Amérique du Nord pour la seconde édition du colloque Le monde de Houellebecq. Devant ces universitaires spécialisés dans la théorie littéraire, environ 35 ans de moyenne d’âge, Ieme avait insisté sur la parfaite adéquation du lieu et du thème : «Liberté et libertinage sont deux aspects importants de cette ville.» On ne pouvait être mieux accueilli.
La Néerlandaise Sabine Van Wesemael, de l’université d’Amsterdam, avait ensuite prononcé une conférence introductive qui, sous le titre singulier de «Faire un gros câlin», s’était révélée être un judicieux exercice d’intertextualité entre Gros Câlin, premier roman d’Emile Ajar (alias Gary, déjà cité), et Extension du domaine de la lutte, premier roman de Houellebecq. Les héros de ces ouvrages ne sont-ils pas tous deux «des idéalistes habités par un indicible besoin d’amour» ? Sabine a cependant noté que, chez le second, le flot de spermatozoïdes n’est jamais follement enclin à prendre le chemin de l’utérus : «Le frétillement de leur queue semble traduire une hésitation ontologique», écrit M.H. dans Extension
"

Com o autor celebrado ausente, a adaptação cinematográfica do seu último romance é tema. Os anfiteatros da Universidade de Amesterdão puderam certificar a extravagância científica e, em paralelo, o fervor erótico mais requintado fomentado pela leitura apaixonada dos textos dos especialistas presentes, oriundos de todas as latitudes. "Num mundo em dissolução, incontrolável, só o corpo permanece resgatável",destaca a investigadora Rita Sandnes, da Uni. de Oslo, numa intervenção intitulada "Corpos, desejo e vitalidade nas Partículas Elementares". E o repórter do Libé frisa sibilino: "Lançando pontes de sexo por cima das ideologias abismadas, Houellebecq permitiu a uma geração, apesar da incerteza de encontrar soluções, a possibilidade de pelo menos usar um olhar menos arruinado sobre o futuro pos-moderno nada encorajador". Num conjunto participativo de cerca de 50 especialistas literários, destaque para a tese de Liza Steiner, da Uni. Marc-Bloch de Estrasburgo, sob o tema grandiloquente, "Da alcova ao sex-shop, a escrita da crise democrática através da confrontação Sade-Houellebecq". "No fundo, o grande corte entre Sade e Houellebecq, foi revelado por Maio 68. Como a excitação depois de Maio 68?

FAR

Sinais


Desenho Maturino Galvão