segunda-feira, 17 de outubro de 2005
domingo, 16 de outubro de 2005

Las Guitarras Locas é um projecto de música instrumental baseado na comunicação e cumplicidade entre duas guitarras, com interpretação de composições originais e temas de outros autores.
A sonoridade latina com influências de Jazz, de flamenco e de Blues, caracterizam de forma geral o diálogo das guitarras em palco.
Após a gravação do primeiro álbum Las Guitarras Locas, editado pela Blind Note e divulgado amplamente a nível nacional, João Cuña e Luís Fialho preparam-se agora para editar o segundo CD denominado Guitarra Tejo, no qual contam com a participação de Raimund Engelhardt nas tablas e cajon.
sábado, 15 de outubro de 2005
Eu e os liberais (3)

Gosto de me deitar
sem sono
para ficar
a lembrar-me
das coisas boas
deitada
dentro da cama
às escuras
de olhos fechados
abraçada a mim
Adília Lopes

Em 1976, em Évora, um comando internacionalista de anarcas afixou um panfleto à porta dos principais cafés da cidade.
Ficaram-me partes do texto: “Burgueses vocês não entenderam nada….As nossas plantações crescem lindas como as searas cooperativas do Alentejo…Vocês a falar de droga fazem lembrar as freiras a falar de sexo…Libertemos a droga, libertemos a loucura, desejemos sem limites.”
O Marciano, Eduardo Luiz Magno, argentino de Martinez de Hoz, fez parte do grupo.
Anos mais tarde recebi dele esta foto do Luxemburgo. Onde andará?
sexta-feira, 14 de outubro de 2005


Fotos de Ivone Ralha
Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
(...)
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstrato
correr do espaço –
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave – qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
Herberto Helder, ‘Tríptico’, II
‘Ou o Poema Contínuo’. Assírio & Alvim
Eu e os liberais (2)
O moderno pensamento liberal baseia-se nesta simples e singela premissa: entendem que o indivíduo é soberano. Nada de mal nos parecerá esta ideia, que traz a capa do igualitarismo, no entanto por baixo dela esconde-se uma realidade divergente. Para a compreender temos nós de “mudar a agulha” da análise, e ver a coisa por outro prisma. Na verdade, dizer que “o individuo é soberano” não será mais que uma boa ideia, o problema é verificar se existem condições de facto para que o indivíduo, ou melhor, cada indivíduo, exerça livremente a sua soberania. Parece então claro que por baixo desta ideia igualitária esconde-se a mais brutal das desigualdades: uma vez que esta proto-soberania do indivíduo se fará à custa da transferência do poder estatal, resulta que a relação de poder terá de obedecer a novos critérios. João Miranda e os outros liberais não têm pejo em esclarecer de onde virá a nova fonte de legitimação da soberania. Por baixo desta aparência de individualidade nasce o individualismo, e assim todos terão na justa medida do que puderem pagar. Desta forma pode João Miranda escrever, falando de municipalismo, que «Num sistema puramente liberal, o território não é planeado. Os municípios e as regiões organizam-se de acordo com as decisões descentralizadas de cada munícipe», e que «Os habitantes do município M não podem esperar que os habitantes dos outros municípios se diponham a financiar o município M». Ou seja, a cada um consoante as suas posses. É por isto que os liberais defendem o fim dos sistemas públicos de saúde ou educação (como já tive oportunidade de comentar aqui). A sua visão individualista impede-os de entender conceitos como a redistribuição da riqueza, que, note-se, não têm origem em qualquer tentativa quixotesca de igualizar o mundo, mas antes, como Keynes entendeu muito bem, na necessidade de sobrevivência do próprio sistema. É que a acção do indivíduo, se deixada sem controlo, irá necessariamente produzir não a igualdade mas a desigualdade, e numa segunda fase a crise do sistema, uma vez que os liberais não querem entender que as relações entre indivíduos não são iguais na medida em que a relação de poder entre os mesmos é desigual.
Mandela líder de um governo mundial
Nelson Mandela é o político preferido para chefiar um hipotético governo mundial. Pelo menos para as pessoas que seguiram e votaram no programa da BBC “ Who Runs Your World?”. E foram mais de 15 mil, os votantes de todo o mundo que consideraram o ex-presidente da África do Sul como o mais capaz de liderar um executivo global.As pessoas eram convidadas a escolher 11 entre 100 personalidades propostas. Estas integravam-se em quatro categorias principais: pensadores, lideres, economistas e uma categoria avulsa, subdividida em quatro: políticos, design, artes e desporto. Portugueses nem vê-los. Nem mesmo o José Mourinho no Sports!
No final, depois de somados os votos, o resultado foi o seguinte:
1 - Nelson Mandela2 - Bill Clinton
3 - Dalai Lama
4 - Noam Chomsky
5 - Alan Greenspan
6 - Bill Gates
7 - Steve Jobs
8 - Desmond Tutu
9 - Richard Branson
10 - George Soros
11 - Kofi Annan
Nobel da Literatura: dar o seu a seu dono.

*
quinta-feira, 13 de outubro de 2005
Um certo olhar para a História
Foto de Robert Capa, da agência Magnum, em 1932, o seu primeiro trabalho publicado. Na fotografia, Leon Trotsky fala aos estudantes de uma universidade na Dinamarca, sobre a revolução soviética.*
Rave Party
Sem mais comentários publicam-se excertos de notícia, de hoje, do D.N.:
O consumo de álcool e de droga no seio da PSP e da GNR é do conhecimento do Ministério da Administração Interna (MAI) desde o ano 2000. .
(…)
… num estudo da IGAI, feito em 2000, a que o DN teve acesso, e que nunca o MAI revelou, lê-se "Podemos constatar facilmente que o abuso de consumo de bebidas alcoólicas é uma realidade conhecida e admitida pela PSP."
(…)
No âmbito deste mesmo estudo, a IGAI entrevistou mais de uma centena de agentes, colocando-lhe uma pergunta concreta "Concorda que os elementos da PSP possam ser testados?" Mais de 90 por cento responderam afirmativamente. Mas ressalvando: "Se foram efectuados a todos e com isenção, e não apenas a alguns como é hábito da Instituição". Curiosamente, 47% dos entrevistados garantiram que os testes são feitos a quem não bebe, e 43% que eram "por simpatias".
Relativamente ao consumo de estupefacientes, a IGAI constatou "Os resultados são reveladores de que o consumo de estupefacientes é um problema que existe na PSP e não se pode continuar a ocultar. E acrescenta-se: "Mostram também que a Instituição não se apercebeu de qual a sua dimensão, pois caso contrário teria tomado medidas mais sérias de controlo".
A IGAI chegou a estas conclusões no ano 2000 e, conforme ontem o DN noticiou - com base em fontes policiais -, a situação não está ultrapassada, ainda que, em comunicado ontem veiculado pela Direcção Nacional da PSP, se garanta que há desde 1982 um controlo interno sobre o consumo do álcool.
Também o Comando-Geral da GNR emitiu um comunicado em que garante a realização de testes de despistagem de álcool com frequência. Afirma-se, por exemplo, que este ano já se realizaram 1754 testes, dos quais apenas três apresentaram resultado positivo.
Contudo, uma dissertação de licenciatura, elaborada por um capitão da GNR, em 2004, demonstra que a situação está longe de estar controlada. Este estudo, aliás, não se distancia da realidade apresentada pela IGAI em 1998. "O abuso do consumo de bebidas alcoólicas é uma realidade conhecida e admitida na GNR", lê-se num relatório a que o DN teve acesso.
Eu e os liberais (1)
A Tales de Mileto
A Água
Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.
Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau lasca
que bebe o homem que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.
Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho
Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche
e lava a boca depois de um broche.
Atribuído a Bocage
quarta-feira, 12 de outubro de 2005
Convém ter cuidado com os foguetes
- Total de votos obtidos pelos partidos de Direita (PSD, CDS/PP, PPM, PND, MPT, PNR e PSN e suas diversas coligações) concorrentes às eleições autárquicas de 9 de Outubro de 2005: 2.321.642
- Listas independentes: 133.146
- Votos em branco ou nulos: 230.338
Fonte: site oficial da Comissão Nacional de Eleições

Foto de Ivone Ralha
Há uma irreparável decepção quando um homem encontra uma sereia.
(...)
São, com efeito, seres horríveis, as sereias. Move-as o puro gosto de matar, de remeter a carne humana à sua origem, ao lodo, aos vermes e à fermentação. Vêm de tempos velhos, do horror de uma terra convulsa, ainda encharcada de sangue e lava, revoltada por nascer. Cantam, tal como canta a mulher feia, com a face escondida e desejando que quem a escuta se estilhace como vidro.
(...)
Hélia Correia, ‘Bastardia’, Relógio d’Água
terça-feira, 11 de outubro de 2005
"O Tigre da Malásia"

Luís Carlos Galvão. Foto recente de Ivone Ralha

João Santa Rita, com o próprio Sandokan, em foto do nosso arquivo.
segunda-feira, 10 de outubro de 2005
Joni Mitchell

Both Sides Now
Bows and flows of angel hair and ice cream castles in the air
and feather canyons everywhere, I've looked at cloud that way.
But now they only block the sun, they rain and snow on everyone.
So many things I would have done but clouds got in my way.
I've looked at clouds from both sides now,
from up and down, and still somehow
it's cloud illusions I recall.
I really don't know clouds at all.
Moons and Junes and ferris wheels, the dizzy dancing way you feel
as every fairy tale comes real; I've looked at love that way.
But now it's just another show. You leave 'em laughing when you go
and if you care, don't let them know, don't give yourself away.
I've looked at love from both sides now,
from give and take, and still somehow
it's love's illusion I recall.
I really don't know love at all.
Tears and fears and feeling proud to say “I love you” right out loud,
dreams and schemes and circus crowds, I've looked at life that way.
But now old friends are acting strange, they shake their heads, they say I've changed.
Something's lost but something's gained in living every day.
I've looked at life from both sides now,
from win and lose, and still somehow
it's life illusions I recall.
I really don't know life at all.
Autárquicas (3)
Autárquicas (2)
Autárquicas (1)
domingo, 9 de outubro de 2005
Os cartões dos pontos
Chega um cidadão à bomba, vem de trabalhar, está cansado e com fome, quer pôr algo como dez euros de gasolina, escolhe a bomba 5 porque não tem ninguém e tira a mangueira. No mostrador ainda está registado o valor do comprador anterior. O cidadão olha para o posto na esperança de que alguém o veja. Até que isso aconteça demoram uns dois a três minutos. Finalmente o mostrador fica a zeros e o cidadão pode abastecer. Sacudidas as últimas gotas do combustível para dentro do depósito, o cidadão dispõe-se a pagar. Há uma fila de 4 pessoas à sua frente. Nada de grave, pensa o cidadão para consigo, podia ser pior. Só está uma caixa a funcionar. O cidadão observa com atenção a pinta da funcionária, sorri satisfeito: a mulher tem ar de despachada, transpira eficiência por todos os poros. Já pôs aquela senhora a andar, restam três. O cidadão calcula mental e satisfeitamente que antes das sete estará em casa.
Nem pensar nisso!
Esqueceu-se o cidadão que entre os três circunstantes que o antecedem existe um grunho. É verdade. Eles estão por toda a parte e em qualquer momento surgem. Este estava no meio, armado em Virtude. O cidadão não tinha reparado nele, estava tranquilo, ou melhor, com vontade de chegar a casa o mais depressa possível. Baixara as defesas, essa é que é essa!
E, naquele momento, ali o tinha: sacando o cartão dos pontos. O homenzinho tinha abastecido 55,49 € de gasóleo e estava a pagar com notas de cinco euros todas amarrotadas e mais uma carrada de moedas que retirara dos bolsos e depositara em cima do balcão. A empregada, educada e diligentemente, ia contando. Atrás do cidadão que consultava o relógio de cinco em cinco segundos já se encontravam mais cinco outros cidadãos. A coisa estava composta, como se costuma dizer no teatro. O problema era que ali o pano nem sequer dava sinais de abrir...
A funcionária parecia um polvo, contava moedas, carregava em botões que tinham o condão de pôr fim a uns irritantes ruídos que provinham de quem estava junto às bombas, de mangueira na mão, à espera de abastecer. No fim, faltavam 3 euros e 23 cêntimos. O grunho sacou da carteira e exibiu o cartão de crédito.
Pensam que se dignou a voltar-se para trás e, pelo menos, esboçar um sorriso em jeito de pedido de desculpas? Nada. Coçou as partes baixas, ajeitou as calças e balançou um pouco os ombros. São sinais.
Depois, veio a cena dos pontos. Com aquele pagamento o grunho obtivera uma enormidade de pontos, a coisa era séria, dava para não sei quê e nem sei que mais. O grunho estava indeciso. A funcionária olhava apreensivamente a fila que se estendia nas costas largas do grunho. Coçando a grenha gelificada o grunho não sabia o que fazer, era uma decisão arriscada.
Cambada de cidadãos que não protesta, não espanca, nem defenestra um bicho assim!, pensarão os que lêem.
Pois, tudo isso é muito bonito de pensar, assim, a olhar para as letras impressas no monitor. Mas, estar lá, numa estação de serviço, ainda por cima?... Calma, já não somos muitos...
O grunho pediu o catálogo, desviou-se um nadinha para o lado esquerdo do balcão e alguns bons minutos mais tarde o cidadão arrancou da bomba, não sem antes ter aguardado mais uns minutos para observar a cara de felicidade que o grunho exibia a caminho do carro soçobrando um ‘pack’ com dois balões para ‘brandy’.
Fernando Rebelo

Foto de Álvaro Mendonça
estamos num certo impasse
apesar da consciência
aquilo que
nos ultrapassa
deixa sempre uma parte
no que fica
como se a vida
também fosse
uma parte do que passa
vagos momentos
os sonhos os lapsos
passos efémeros
com coisas escritas nas paredes
de papeis dispersos
tão longe
que nem se sabe
temos a noção do instinto
que cobre a morte
como se fosse
aquilo que mais tememos
mas o que de facto
devemos temer
é o desespero atónito
da morte inútil ou atroz…
quando ao anoitecer
abrires as portas
haverá uma brisa de silêncio
que sobe a escadaria
percorre as salas
e os quartos que habitamos
para sair pelas janelas
que deixámos abertas ao dia…
am 03.10.03
Álvaro Mendonça

Foto de Ivone Ralha
Aparição
Não foi a Senhora de Fátima que me apareceu, como aos pastorinhos. Mas a Literatura. Escritor, ajoelhei, logo.
“Que diabo andam os teus amigos para aí a fazer? Artigos, cartas, reuniões, colóquios?” “Mas eu tenho alguma coisa a ver com isso? O meu domínio é o da obscuridade. Sempre que um de vós se levanta, com as luzes da sala todas acesas, para falar de mim, eu faço por conversar com a empregada, lá atrás, porque depois, tenho que ajudá-la a varrer aquilo”
Sebastião Alba, ‘Albas’. Quasi
sábado, 8 de outubro de 2005
Palancas Negras garantem qualificação histórica para o Mundial 2006
A selecção de Angola qualificou-se hoje para o Mundial 2006 na Alemanha, ao vencer o Ruanda em Kigali por 1-0, golo de Akwá aos 82 min. Os Palancas Negras conseguiram assim um feito inédito, já que é a primeira vez que Angola, ou qualquer país africano de expressão portuguesa, atinge a fase final de um Mundial. Luanda explodiu em festa e também em Lisboa centenas de pessoas festejaram nas ruas a (sofrida) qualificação, que chegou a parecer não ser possível, já que, apesar do domínio da selecção angolana, os ruandeses defenderam sempre bem, nunca deixando de ameaçar o golo em perigosos contra-ataques.Música: propostas bravias, ou talvez não
Já é considerada a Billie Holiday dos novos interpretes de Jazz. Mas Madeleine Peyroux diz que é apenas uma cantora de blues e não está interessada em rótulos. Nasceu na Georgia, EUA, mas é no Quartier Latin de Paris onde deu os passos decisivos nas sonoridades que agora estão a encantar os mais atentos. "Careless Love", o seu último disco, é imprescindível para todos os que gostam da sensualidade cool das novas abordagens do jazz. Ouçam, por exemplo, a sua interpretação de "Dance Me to the End of Love", de Leonard Cohen, e depois fechem a boca, que parece mal.
Julian Cope é um génio e um louco. Formou e liderou The Teardrop Explodes, um grupo de grande projecção nos finais dos anos 70, principios dos 80. Depois flipou completamente devido aos ácidos. Veio à tona alguns anos mais tarde e começou a editar trabalhos de grande qualidade. "Peggy Suicide" é um disco antigo, de 1991, mas é um ponto alto da sua discografia. O trabalho baseia-se numa visão de Cope imaginando a Terra Mãe a atirar-se de uma falésia até morrer esfacelada nas pedras pontiagudas. Parece estranho mas este album conceptual é admirável. Para os amantes do rock não-alinhado é um disco a (re)ouvir com urgência. sexta-feira, 7 de outubro de 2005
As praxes como elementos reveladores da pobreza geral do sistema educativo em Portugal
O cair da folha na Natureza contrastava com a renovação da nossa ‘Alma Mater’.
Aquilo que supostamente deveria ter sido a primeira semana de aulas estava transformado numa série de manifestações do mais refinado grunhismo: a praxe, ou melhor, as praxes. Sim, porque a coisa não se poderia ficar apenas por uma partida de mau gosto. Um grunho que se preze exibe uma vasta panóplia de actividades, cada uma mais estúpida e cretina que a anterior – directamente retiradas de séries de TV com adolescentes made in USA ou de filmes made in USA que pretendem retratar a vida nas universidades dos USA. Claro, que o grunho não tem capacidade para criar o que quer que seja, limita-se a reproduzir e, pior ainda, a reproduzir-se. Adiante.
O mais grave é que o calouro gosta, acha graça, colabora e vai a todas. Afinal de contas, não é todos os dias que uma pessoa entra para a Universidade. O calouro tem já uma visão própria da instituição que irá frequentar nos próximos 5 a 6 anos da sua vida: andar por ali, semana académica, entrar para a tuna, umas frequências e uns trabalhos, sentir a vida académica, manifestações, queima das fitas, benção das capas, copos, e pronto está a coisa feita. Quais exigências, quais elevação do espírito?!
Está na Universidade. Mais nada! Tem direito a pavonear-se pelas ruas envergando o traje académico.
(Ainda hoje vi duas moçoilas no Continente do Seixal com o dito traje. O pior é que ninguém as insultou e lhes cuspiu em cima. Coitadas, pareciam tão orgulhosas...)
São os grunhos a corroer aquilo que deveria estar a salvo: a Universidade.
Chegaram lá porque os deixámos lá chegar. Querem bons empregos com melhores ordenados. Querem tratar das vidinhas e nós, quando os vimos pintalgados com verniz das unhas e rímel, sorrimos de forma alvar em vez de os atirarmos ao rio.
O calouro – forma embrionária de grunho – acha-se especial no seu casulo de inscrições feitas na cara, de humilhações várias a que se submeteu. Está a um passo de atingir a qualidade de divindade da grunhice.
Traz consigo um longo historial iniciático: as festas de Natal no infantário, nas quais fazia o papel de ajudante do Pai Natal, as festas de final de ano na Primária, nas quais fazia uma coreografia tosca ensaiada por uma professora que gostava da Aeróbica e que tinha visto o “Fame”, na Preparatória, onde fez merda da grossa mas foi a uma festa dos ‘finalistas’ no 6º ano e depois atravessou o deserto até ao 9º ano e, quando chegou ao 12º, foi a Lloret del Mar, na viagem de finalistas e foi, trajado(a) a rigor, ao Baile de finalistas. Está apto. Estudou q.b., passou pela escola, se os pais têm posses vai chegar à Universidade. Na privada, não! Eu escrevi: ’se os pais têm posses’.
Os grunhos com dinheiro têm a coisa organizada de outra forma...
Todos lemos sobre as praxes. Está tudo dito e escrito. Só não vê quem não se quiser dar ao trabalho de ver.
À margem: perto da secretária onde acabo de digitar este texto está um manual escolar destinado ao 10º ano de escolaridade. O título é: “Ser em português”.
Há coisas do caraças!
À margem2: um amigo enviou-me por mail um texto do Mia Couto – autor pelo qual não nutro nenhuma admiração especial – intitulado “Os sete sapatos sujos”, trata-se de uma oração de sapiência que ele foi convidado a proferir no ISCTEM, creio que em Moçambique. Gostei de ler.
Fernando Rebelo
Foto de família

Isto não é normal! (Reflexões acerca de viver aqui...)
É normal escarrar para o chão em plena via pública. É normal atender o telemóvel no cinema. É normal levar o cão à rua e não levar nada para apanhar os seus dejectos. É normal buzinar às três da manhã. É normal circular a 60 km por hora na faixa mais à esquerda de qualquer auto-estrada. É normal não pedir licença, não dizer ‘por favor’ ou ‘se faz favor’, ou ‘com licença’ ou ‘obrigado’.
Em Portugal foi-se instituindo aos poucos, de há uns anos a esta parte, a prática de uma mentalidade bronca e mal-educada. Chamemos-lhe pimba, grunha, o que quisermos. Ela está entre nós e parece ter vindo para ficar.
Por me parecer que se trata de uma questão de profilaxia, gostaria de poder fornecer alguns contributos para uma caracterização deste fenómeno e, deste modo, ajudar na sua urgente erradicação.
Creio que alguns atrasos estruturais poderão explicar a proliferação da mentalidade grunha; quem não se lembra do ‘pato-bravo’ – alguém que vinha do nada e que enriquecia subitamente, obtendo um progresso material que nunca correspondia ao progresso da sua própria mentalidade.
Para poder reflectir e expor fidedignamente a mentalidade do grunho seria necessário ter uma capacidade de estar ‘de fora’, um observador. Só me ocorre aquela senhora que foi para África observar os gorilas e travou toda aquela luta em prol dos mesmos. Em relação a mim, a senhora tinha uma vantagem: no final das suas observações, a senhora regressava ao acampamento, tomava um banho enquanto ouvia Mozart, jantava de faca e garfo e dormia numa cama, não sem antes ter lido umas páginas de um qualquer livro. Estava entre os gorilas por opção e apenas uma parte do seu dia.
A minha desvantagem é a de ser obrigado a conviver com o material que observo e sobre o qual reflicto durante 24 horas seguidas. Com um grave inconveniente: sempre que tento ouvir Mozart no meu carro tenho um grunho com o hi-fi do seu carro a inundar-me de sons de martelos e dá-me vontade de ir à procura dos restos mortais do Wolfgang Amadeus para lhe dizer que essa coisa do ‘alegretto’ não funciona.
Sou, portanto, obrigado a conviver com eles. A distanciação é nada ou quase nada. Suporto-os diariamente, em toda a parte e por toda a parte.
Daqui resultará, inevitavelmente, um tom irónico, sarcástico – as mais das vezes amargo e desiludido.
Os grunhos pimbas, bimbos, o que quiserem, estão aí. Não podemos ignorá-los nem atirá-los ao Atlântico. O melhor será, pois, pô-los a nu, falar sobre eles.
Sem achar que estamos acima deles. A arrogância intelectual é uma forma de grunhice...
Aos grunhos, pimbas, bimbos e afins!
Pelo bom gosto e pelo bom senso!
Fernando Rebelo
quinta-feira, 6 de outubro de 2005
Rimbaud (2)
LE MAL
Tandis que les crachats rouges de la mitraille
Tandis qu'une folie épouvantable, broie
- Il est un Dieu qui rit aux nappes damassées
Et se réveille quand des mères, ramassées
Imperdível
O Imperialismo resgatado
"Ripenso il tuo sorriso"

Foto de Francesca Pinna
Ripenso il tuo sorriso, ed è per me un'acqua limpida
scorta per avventura tra le petraie d'un greto,
esiguo specchio in cui guardi un'ellera i suoi corimbi;
e su tutto l'abbraccio d'un bianco cielo quieto.
Codesto è il mio ricordo; non saprei dire, o lontano,
se dal tuo volto s'esprime libera un'anima ingenua,
o vero tu sei dei raminghi che il male del mondo estenua
e recano il loro soffrire con sé come un talismano.
Ma questo posso dirti, che la tua pensata effigie
sommerge i crucci estrosi in un'ondatta di calma,
e che il tuo aspetto s'insinua nella mia memoria grigia
schietto come la cima d'una giovinetta palma...
Eugenio Montale
Rimbaud (1)

On n'est pas sérieux quand on a dix-sept ans
On n'est pas sérieux quand on a dix-sept ans
Un beau soir, foin des bocks et de la limonade,
Des cafés tapageurs aux lustres éclatants !
On va sous les tilleuls verts de la promenade.
Les tilleuls sentent bon dans les bons soirs de juin !
L'air est parfois si doux, qu'on ferme la paupière ;
Le vent chargé de bruits, - la ville n'est pas loin, -
A des parfums de vigne et des parfums de bière...
Voilà qu'on aperçoit un tout petit chiffon
D'azur sombre, encadré d'une petite branche,
Piqué d'une mauvaise étoile, qui se fond
Avec de doux frissons, petite et toute blanche...
Nuit de juin ! Dix-sept ans ! On se laisse griser.
La sève est du champagne et vous monte à la tête...
On divague, on se sent aux lèvres un baiser
Qui palpite là, comme une petite bête...
Le coeur fou robinsonne à travers les romans,
Lorsque, dans la clarté d'une pâle réverbère,
Passe une demoiselle aux petits airs charmants,
Sous l'ombre du faux-col effrayant de son père...
Et, comme elle vous trouve immensément naïf,
Tout en faisant trotter ses petites bottines,
Elle se tourne, alerte, et d'un mouvement vif...
Sur vos lèvres alors meurent les cavatines...
Vous êtes amoureux. Loué jusqu'au mois d'août.
Vous êtes amoureux. Vos sonnets la font rire.
Tous vos amis s'en vont, vous êtes mauvais goût.
Puis l'adorée, un soir, a daigné vous écrire !...
quarta-feira, 5 de outubro de 2005
Rui Nogar
Eu bebeu suruma
dos teus ólho Ana Maria
eu bebeu suruma
e ficou mesmo maluco
agora eu quero dormir quer comer
mas não pode mais dormir
não pode mais comer
suruma dos teus olhos Ana Maria
matou sossego no meu coração
oh matou sossego no meu coração
eu bebeu suruma oh suruma suruma
dos teus ólho Ana Maria
com meu todo vontade
com meu todo coração
e agora Ana Maria minhamor
eu não pode mais viver
eu não pode mais saber
que meu Ana Maria minhamor
é mulher de todo gente
é mulher de todo gente
todo gente todo gente
menos meu minhamor.
Justiça: magistrados jogam baixo
A desorientação no seio da magistratura é grande. Senão vejamos. Na segunda-feira, no programa Prós e Contras da RTP, António Cluny, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, disse, a propósito das medidas que o governo quer tomar, que “ a opinião geral dos magistrados é que entendem isto como uma retaliação desta maioria politica contra a acção dos magistrados relativamente a muitos processos incómodos contra grandes interesses politicos e sociais”. O que Cluny queria dizer, também foi dito numa assembleia de juízes por um magistrado: "depois do processo Casa Pia, os políticos prometeram vingança contra o poder judicial". O lançamento deste tipo de acusações e insinuações mancham a magistratura e os magistrados, que colocam o debate ao nível da alcatifa.Ao decidir congelar carreiras, mudar as regras de aposentação, equiparar os subsistemas de saúde a outros, o governo toca em vários pontos sensíveis numa classe que se considera intocável, que vive completamente desligada da realidade e anda nas núvens. E joga baixo, tão baixo, que revela o nível em que actualmente se encontra. No melhor pano, cai a nódoa.
terça-feira, 4 de outubro de 2005
The Blues Brothers convidam
O jovem empresário de sucesso, Félix da Costa, um verdadero "case-study" e o "scout" zemari@, um verdadeiro caso perdido, vêm convidar todos 2+2=5, postadores, comentadores e leitores, incluindo o Padre de Alvalade. Quem quiser continuar nesta overdose de festas, que venha celebrar os 50 (meio-século) anos dele e os meus quase 60. É no Ténis de Carcavelos, almoço e têm de esportular à volta de 10 euros, só p(r)ato. Adília Lopes

Só depois de ler
Barthes
é que Camila
ficou a saber
que o dedo da masturbação
é o médio
até aí tinha usado
sempre
o indicador
experimentou também
o polegar
e viu que todos serviam
meu menino
seu vizinho
pai de todos
fura bolos
mata piolhos
depois de perder a virgindade
experimentou
com um tubo de Cecresina
metido num Durex Gossamer
também servia
mas isto nada
tem a ver com o amor
tem a ver com o escrever
e com o pintar
e dá menos satisfação
a menos que Camila
se lembre de Jénia
e da penetração
então usa
só os dedos
e serve
para adormecer
segunda-feira, 3 de outubro de 2005
O espectáculo do horror
Os 30 anos da Rádio Moçambique
Podem dizer que sou suspeito, na medida em que fui, muitos anos, trabalhador da Rádio Moçambique, mas a verdade é que não queria deixar passar em branco os 30 anos daquela estação emissora.Talvez não haja em Moçambique nenhum factor que mais tenha contribuído para a unidade nacional e a consciência da nossa moçambicanidade do que a Rádio Moçambique, a voz que chega ao mais longínquo recanto do território nacional, falando com os seus ouvintes nas línguas que eles melhor entendem.
Nos terríveis tempos da guerra, quando quase todas as outras formas de comunicação estavam cortadas, as ondas da nossa emissora continuavam a passar por cima dos obstáculos para dizer às pessoas o que se passava no País e no mundo. Para lhes levar mensagens de esperança em melhores dias, junto com o divertimento da música ou do teatro radiofónico. Quem não recorda o sucesso que foi o folhetim radiofónico Sandokan, o Tigre da Malásia, transmitido quando a guerra já fazia sentir o seu horrível bafo.
Mas a Rádio Moçambique tem sido, ao longo destes 30 anos, muito mais do que uma forma de comunicação que cobre o País inteiro. Tem sido um importante factor de modernidade. É através dela que o camponês analfabeto de Tete ou de Cabo Delgado fica a saber que há homens que viajam no espaço. Que os habitantes de vilas às escuras sabem que a electricidade chegará às suas casas dentro de poucos meses. Que foram dados passos significativos para a cura de doenças que os afligem.
E não quero deixar de falar de um objecto que foi aliado prioritário da Rádio Moçambique em todo este esforço. Estou a falar do rádio Xirico, aquela pequena maravilha, imaginada pelos alemães da extinta RDA, que era montado no nosso País e distribuído por todo o lado a um preço acessível a qualquer um. Não havia quem não tivesse um Xirico em sua casa. Vítima da queda do muro de Berlim, o Xirico desapareceu sem deixar substituto, mas deixando saudades pela sua alta qualidade a baixo preço.
Mas, voltando à Rádio Moçambique, temos que falar do esforço que a emissora faz a nível cultural. Reforçando a cultura local, através das línguas nacionais dos emissores provinciais, e misturando todas as raízes culturais na Antena Nacional. É por seu intermédio que o moçambicano de Gaza aprende a conhecer o ritmo trepidante do Mapico, do planalto de Mueda. Que o habitante da Angónia aprende a ouvir e apreciar os cânticos macuas da Ilha de Moçambique.Vão-me dizer que a imagem que estou a pintar é demasiado favorável e que a Rádio Moçambique também tem os seus aspectos negativos. E eu tenho que reconhecer que é verdade. A nossa RM perdeu, nos últimos tempos, uma certa imparcialidade que foi a sua marca a seguir à criação da empresa estatal. Está hoje muito mais alinhada com as posições do Governo e do partido FRELIMO.
No entanto, mesmo apesar disso, continua a ser o menos alinhado dos órgãos de informação do sector público e seus equivalentes. Menos alinhada que a TVM, o Notícias, o Domingo ou a AIM, sem margem para dúvidas.
Casa já muito antiga, na medida em que existe há 30 anos como Rádio Moçambique, mas herdou a experiência de dezenas de anos do Rádio Clube de Moçambique e de outras pequenas emissoras do tempo colonial, a RM tem sabido modernizar-se e adaptar-se aos novos tempos.
Começando por cobrir uma pequena área de Moçambique, foi-se expandindo até cobrir todo o território e parte dos países vizinhos. Recordo um responsável da rádio de Madagascar que me dizia que a RM se ouvia em melhores condições, em partes do território malgaxe, do que as próprias emissões locais. O que ajudava a manter as tradições culturais de uma parte da população, oriunda do nosso País, e que continua a falar macua.Hoje, graças aos milagres da internet, a Rádio Moçambique pode ser ouvida em qualquer parte do mundo. Moçambicanos no estrangeiro ou amigos do nosso País podem, através dos seus computadores, ouvir a nossa música, as notícias ou os programas. São saltos significativos que não podem ser ignorados nem menosprezados. Neste momento de festa aqui vai o meu abraço para todos os colegas que fazem possível a presença da RM, diariamente, nos nossos receptores de Norte a Sul. Que o vosso excelente trabalho continue e melhore por muitos e muitos anos. Para o bem de todos nós.
Machado da Graça
Pode ouvir AQUI música de Moçambique via internet
Homenagem aos antifascistas, 69 anos depois da primeira partida para o Tarrafal

UTOPIA
Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo mas irmão
Capital da alegria
Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
lança o teu
desafio
Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?
Zeca Afonso
You're listen to: LM RADIO

en Wakker met LM, Twin Spins, LM Lunchbreak, Popstop, LM A-Go-Go, It’s your bag, DJ Date, Spinout, Jet Parade Playback, Hits of the World, Hitsville USA, LM Hit Pickers, SA Big 10, LM Top Twenty, Track 33, Wish you were here, Kom luister met my Hospitaltime, et al....April 2002
Ouça AQUI a abertura do LM Hit Parade com David Davis (1969)
domingo, 2 de outubro de 2005
sábado, 1 de outubro de 2005
Sampaio homenageia presos do Tarrafal
O Presidente da República Jorge sampaio irá prestar homenagem aos 32 mortos e às cerca de 300 pessoas que cumpriram pena naquela que ficou conhecida como a Prisão do Tarrafal. Esta é a primeira homenagem de um PR português a todos aqueles que sofreram na carne o fascismo devido ao seu legítimo desejo de ser livre, e a quem tanto devemos e de quem demasiadas vezes nos esquecemos. A homenagem coincide com os 69 anos da partida do paquete "Luanda" que levava a bordo o primeiro grupo de 152 deportados, e terá lugar no cemitério do Alto de S. João esta 2ª feira, 2 de Outubro, às 10 horas, ao que se segue uma sessão solene pelas 11h15m no Palácio de Belém.É uma atitude bem portuguesa esconder as vergonhas debaixo do tapete. Daí que não espante que se continue a tratar o Tarrafal como mais uma prisão política como a de Peniche, por exemplo. Mas não era. Tratava-se, isso sim, de um campo de concentração e extermínio de opositores políticos, onde o objectivo era o da sua eliminação pura e simples através da chamada "técnica da morte lenta": má nutrição, periodos de fome, trabalho forçado, ausência total de cuidados médicos. Foi um campo que se inseriu na lógica fascista dos anos 30/40 em Espanha, Itália, Alemanha e Portugal, a época do auge destes regimes, em que os seus governantes sentiram as mãos livres para a eliminação física daqueles que resistiam. A todos esses devemos a nossa democracia, e por isso o 2+2=5 presta aqui também a sua homenagem aos tarrafalistas, e a todos aqueles que lutaram com enormes prejuízos pessoais para que, hoje, possamos falar e viver em liberdade.
Bocas: o que se escreve e o que se diz por aí

O destaque:
"Uma greve na justiça não incomoda ninguém: para aqueles que esperam um ano por um simples despacho e dez anos por uma sentença, uma semana de greve de juízes, magistrados do Ministério Público e funcionários judiciais, não incomoda" Miguel Sousa Tavares, in "Público", 30.09.05
Autárquicas:
"Espero que seja agora que me dão umas bofetadas para ver se isto se resolve. Acabava-se já com estas coisas de campanha" Rui Rio, in "Público", 29.09.05
"Um terço das 308 câmaras municipais está a ser investigadas por crimes de corrupção, peculato e abuso de poder" in "Diário de Noticias", 01.10.05
«Esta campanha para as autárquicas é uma campanha de partidos, independentes e arguidos» Helena Roseta in" Diário de Notícias", 19.09.05
«É preciso dizer aos paizinhos que quem quiser votar em mim tem que pôr o voto na cruz do fim, na última do boletim. Desta vez não é no PSD. Mas devem dizer principalmente aos avós". Valentim Loureiro numa escola do 1º ciclo. in Diário de Notícias 29.09.05
"Mantenho a intenção de não ir a feiras e mercados", Maria José Nogueira Pinto in Diário de Notícias 01.10.05
Presidenciais:
"Ainda é cedo para fazer um julgamento sobre o desempenho do Governo". Cavaco Silva in Expresso 01.10.05
O anti-destaque:
“Depois dos avanços de Cavaco Silva, Paulo Portas, Manuel Monteiro e Basílio Horta, a candidatura de Santana Lopes fez subir para cinco o número de candidatos que disputam os votos do eleitorado conservador”. José António Saraiva in Expresso 1.10.05












