segunda-feira, 17 de outubro de 2005

"Nunca ousei ser um radical na juventude.
Tinha medo de me tornar um conservador depois de velho".
Robert Frost

domingo, 16 de outubro de 2005



Las Guitarras Locas é um projecto de música instrumental baseado na comunicação e cumplicidade entre duas guitarras, com interpretação de composições originais e temas de outros autores.

A sonoridade latina com influências de Jazz, de flamenco e de Blues, caracterizam de forma geral o diálogo das guitarras em palco.

Após a gravação do primeiro álbum Las Guitarras Locas, editado pela Blind Note e divulgado amplamente a nível nacional, João Cuña e Luís Fialho preparam-se agora para editar o segundo CD denominado Guitarra Tejo, no qual contam com a participação de Raimund Engelhardt nas tablas e cajon.


sábado, 15 de outubro de 2005

Eu e os liberais (3)

RELIGIOSIDADE
Não é óbvia a matriz religiosa no pensamento liberal. Como chamar religioso a um pensamento que põe no “indivíduo” a tónica? Para a entendermos, mais uma vez teremos de “levantar o véu” e reconhecer os subterrâneos do texto liberal. A religiosidade no liberalismo assenta em três dogmas: 1- A perfeição das organizações: para os liberais, o modelo organizativo da sociedade humana actual, longe de ser circunstancial ou determinado, resulta da prossecução do projecto essencial do Homem. É o “ímpeto” imparável da Evolução. Os liberais são darwinistas dentro do sistema, porque entendem que este se regenera através da competição, em que sobreviverão os melhores, mas são hegelianos fora dele, uma vez que são incapazes de aplicar o seu darwinismo à estrutura geral do modelo organizativo. Daqui resulta do seu discurso que só aparentemente é adaptável- o modelo vêm-no como fixo. 2- A infalibilidade do individuo: é claro que os liberais não supõem que os actos de cada indivíduo são infalíveis, mas julgam reconhecer a infalibilidade nas acções do conjunto geral das formas organizativas do indivíduo. Daí que o seu projecto seja permitir a livre competição entre indivíduos, ou organizações de indivíduos, uma vez que o resultado final dessa competição será sempre positivo. Imersos nesta semi-religiosidade, os liberais são incapazes de entender que nas organizações humanas a estrutura de poder é assimétrica. 3- A positividade da empresa: É curioso, mas os liberais vêm a perfeição nesse modelo que é a “empresa”, quando falam das “empresas” adoptam um tom divinatório, convencidos de que as “empresas” irão resolver “os problemas” se puderem simplesmente “ser empresas”, operar. Isto é a ontologia da empresa, assim mesmo com estas palavras. Os liberais estão sempre convencidos que o mercado, a acção das suas “empresas”, irá encontrar a justa via. Pouco lhes importam os exemplos que se repetem que contrariam este dogma: ainda ontem se descobriu que as farmacêuticas estavam a cartelizar o mercado português. Pouco lhes importam as Enrons e quejandas, para os liberais estes são ramos podres da árvore. Como não reconhecem a assimetria da estrutura de poder, não percebem que isto é toda a árvore. É que, como o exemplo das farmacêuticas permite mais uma vez compreender, o interesse das empresas só circunstancialmente pode coincidir com o interesse geral; de qualquer modo, não é esse o seu objecto. Mais, sem o Estado que abominam não haveriam investigações e responsabilização destas práticas que a todos prejudicam, o que não é problema para os liberais, que devido à sua fé cega no mercado, julgam que do desaparecimento do Estado surgiria uma “ética” empresarial responsabilizadora que por si só nos levaria ao Paraíso.

Gosto de me deitar
sem sono
para ficar
a lembrar-me
das coisas boas
deitada
dentro da cama
às escuras
de olhos fechados
abraçada a mim

Adília Lopes


Em 1976, em Évora, um comando internacionalista de anarcas afixou um panfleto à porta dos principais cafés da cidade.

Ficaram-me partes do texto: “Burgueses vocês não entenderam nada….As nossas plantações crescem lindas como as searas cooperativas do Alentejo…Vocês a falar de droga fazem lembrar as freiras a falar de sexo…Libertemos a droga, libertemos a loucura, desejemos sem limites.”

O Marciano, Eduardo Luiz Magno, argentino de Martinez de Hoz, fez parte do grupo.

Anos mais tarde recebi dele esta foto do Luxemburgo. Onde andará?

sexta-feira, 14 de outubro de 2005



Fotos de Ivone Ralha

Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
- eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.

(...)

Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstrato
correr do espaço –
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave – qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,

que te procuram.


Herberto Helder, ‘Tríptico’, II
‘Ou o Poema Contínuo’. Assírio & Alvim

Eu e os liberais (2)

INDIVIDUALISMO
O moderno pensamento liberal baseia-se nesta simples e singela premissa: entendem que o indivíduo é soberano. Nada de mal nos parecerá esta ideia, que traz a capa do igualitarismo, no entanto por baixo dela esconde-se uma realidade divergente. Para a compreender temos nós de “mudar a agulha” da análise, e ver a coisa por outro prisma. Na verdade, dizer que “o individuo é soberano” não será mais que uma boa ideia, o problema é verificar se existem condições de facto para que o indivíduo, ou melhor, cada indivíduo, exerça livremente a sua soberania. Parece então claro que por baixo desta ideia igualitária esconde-se a mais brutal das desigualdades: uma vez que esta proto-soberania do indivíduo se fará à custa da transferência do poder estatal, resulta que a relação de poder terá de obedecer a novos critérios. João Miranda e os outros liberais não têm pejo em esclarecer de onde virá a nova fonte de legitimação da soberania. Por baixo desta aparência de individualidade nasce o individualismo, e assim todos terão na justa medida do que puderem pagar. Desta forma pode João Miranda escrever, falando de municipalismo, que «Num sistema puramente liberal, o território não é planeado. Os municípios e as regiões organizam-se de acordo com as decisões descentralizadas de cada munícipe», e que «Os habitantes do município M não podem esperar que os habitantes dos outros municípios se diponham a financiar o município M». Ou seja, a cada um consoante as suas posses. É por isto que os liberais defendem o fim dos sistemas públicos de saúde ou educação (como já tive oportunidade de comentar aqui). A sua visão individualista impede-os de entender conceitos como a redistribuição da riqueza, que, note-se, não têm origem em qualquer tentativa quixotesca de igualizar o mundo, mas antes, como Keynes entendeu muito bem, na necessidade de sobrevivência do próprio sistema. É que a acção do indivíduo, se deixada sem controlo, irá necessariamente produzir não a igualdade mas a desigualdade, e numa segunda fase a crise do sistema, uma vez que os liberais não querem entender que as relações entre indivíduos não são iguais na medida em que a relação de poder entre os mesmos é desigual.

Mandela líder de um governo mundial

Nelson Mandela é o político preferido para chefiar um hipotético governo mundial. Pelo menos para as pessoas que seguiram e votaram no programa da BBC “ Who Runs Your World?”. E foram mais de 15 mil, os votantes de todo o mundo que consideraram o ex-presidente da África do Sul como o mais capaz de liderar um executivo global.
As pessoas eram convidadas a escolher 11 entre 100 personalidades propostas. Estas integravam-se em quatro categorias principais: pensadores, lideres, economistas e uma categoria avulsa, subdividida em quatro: políticos, design, artes e desporto. Portugueses nem vê-los. Nem mesmo o José Mourinho no Sports!
No final, depois de somados os votos, o resultado foi o seguinte:
1 - Nelson Mandela
2 - Bill Clinton
3 - Dalai Lama
4 - Noam Chomsky
5 - Alan Greenspan
6 - Bill Gates
7 - Steve Jobs
8 - Desmond Tutu
9 - Richard Branson
10 - George Soros
11 - Kofi Annan
Mandela tem quase 200 anos. É um avozinho simpático, mas está fora da corrida. Os outros, please. Afinal, a crise de valores é mundial. É incrível que sejam estes os sujeitos que inspiram mais confiança às pessoas para governarem o mundo.

Nobel da Literatura: dar o seu a seu dono.


Harold Pinter
Prémio Nobel da Literatura 2005
*
Sou um amante do teatro. Vi muito, o mais possível, desde 68/69. Em Coimbra há(via) duas companhias estupendas e opostas: o TEUC (grego/clássico) e o CITAC (moderno/stavilasky-grotovskiano). A Gulbenkian subsidiava a contratação de encenadores sul-americanos (pelo espanholês) de renome internacional. Vi, aprendi, gozei e considero-me um meio-teatrólogo muito difícil de satisfazer.Não tenho culpa. Vi do melhor, do no Japão (Kabuki e Nô) a Nova Iorque (“Einstein on the Beach”, de Bob Wilson), E vi do mais melhor bom em Portugal (Coimbra, Porto e muito em Lisboa). Da tragédia grega ao Living Theatre. Do teatro do Absurdo ao Peter Brook (“Birds”, um espanto no Convento do Beato). Onde vi também “outra coisa do outro mundo”: «Novos Contos da Montanha», de Miguel Torga, que é(ra) de leitura obrigatória no secundário, numa encenação desse génio singular que é João Brites e do seu “O Bando” irrequieto.
Sem falar da “Ópera dos Três Vinténs”, de Bertolt Brecht, pelo TEC (Cascais), encenada por Carlos Avilez, em 1976. Esta trupe, já em 1968, tinha varrido muitas das teias de aranha que atrofiavam a cena teatral portuguesa com um inovador/brilhante “D. Quixote”, aplaudido em “n” países. Costumava dizer-se que quando um (actor(riz) (de)clamava "Fiquei cego! Não vejo nada!" só dava vontade de replicar "Ó filho(a) tira a mão dos olhos".
Podem, portanto, imaginar a minha felicidade pela atribuição do Nobel da Literatura a Harold Pinter por ter "recuperado para o teatro os seus elementos básicos: um espaço fechado e um diálogo imprevisível, onde as pessoas estão à mercê umas das outras". Estamos a falar de um “Figo”, ou melhor, no caso dele, britânico, de um “Lampard”.
É um “menino” (75 anos) que, além de ser um criador multifacetado, diz coisas como estas: “The laws are brutal and cynical. None of them has to do with democratic aspirations. All of them have to do with intensification and consolidation of state power. Unless we face that reality fairly and squarely, this free country is in grave danger of being strangled to death.” – in "Murder is the most brutal form of censorship", 1989. Na temporada 2001/2002, os Artistas Unidos (Jorge Silva Melo, um “must”) levaram à cena 8 peças de Pinter. Pois, mas já passou. Mesmo que sejam os mesmos intervenientes nunca será igual. Se é diferente todos os dias que está em cena…Este é também um dos fascínios do teatro.
Depois há ainda o texto, o cenário, a luz, o som, os desempenhos/actuações e o conjunto disto tudo, ali, à nossa frente, onde um passo em falso pode ser a morte do artista. Atribuir o Nobel a Harold Pinter foi dar o seu a seu dono.
zemari@

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Um certo olhar para a História

Foto de Robert Capa, da agência Magnum, em 1932, o seu primeiro trabalho publicado. Na fotografia, Leon Trotsky fala aos estudantes de uma universidade na Dinamarca, sobre a revolução soviética.
*
"Quando se quebra um braço ou uma perna, os ossos, os tendões, os músculos, as artérias, os nervos e a pele não se rompem segundo uma só linha, da mesma forma que não se colam novamente e saram ao mesmo tempo. Quando se produz uma fratura na vida da sociedade, não existe simultaneidade nem simetria de processo, quer na ideologia social, quer na estrutura económica. As premissas ideológicas formam-se antes do seu rompimento, enquanto as suas mais importantes consequências ideológicas só aparecem muito tempo depois."
Leon Trostky

Rave Party

Dando cumprimento à política de segurança e proximidade do Governo, P.S.P. e G.N.R. vão convidar a população para convívios na esquadra, ou no quartel, da sua área de residência.

Sem mais comentários publicam-se excertos de notícia, de hoje, do D.N.:

O consumo de álcool e de droga no seio da PSP e da GNR é do conhecimento do Ministério da Administração Interna (MAI) desde o ano 2000. .
(…)
… num estudo da IGAI, feito em 2000, a que o DN teve acesso, e que nunca o MAI revelou, lê-se "Podemos constatar facilmente que o abuso de consumo de bebidas alcoólicas é uma realidade conhecida e admitida pela PSP."
(…)
No âmbito deste mesmo estudo, a IGAI entrevistou mais de uma centena de agentes, colocando-lhe uma pergunta concreta "Concorda que os elementos da PSP possam ser testados?" Mais de 90 por cento responderam afirmativamente. Mas ressalvando: "Se foram efectuados a todos e com isenção, e não apenas a alguns como é hábito da Instituição". Curiosamente, 47% dos entrevistados garantiram que os testes são feitos a quem não bebe, e 43% que eram "por simpatias".
Relativamente ao consumo de estupefacientes, a IGAI constatou "Os resultados são reveladores de que o consumo de estupefacientes é um problema que existe na PSP e não se pode continuar a ocultar. E acrescenta-se: "Mostram também que a Instituição não se apercebeu de qual a sua dimensão, pois caso contrário teria tomado medidas mais sérias de controlo".
A IGAI chegou a estas conclusões no ano 2000 e, conforme ontem o DN noticiou - com base em fontes policiais -, a situação não está ultrapassada, ainda que, em comunicado ontem veiculado pela Direcção Nacional da PSP, se garanta que há desde 1982 um controlo interno sobre o consumo do álcool.
Também o Comando-Geral da GNR emitiu um comunicado em que garante a realização de testes de despistagem de álcool com frequência. Afirma-se, por exemplo, que este ano já se realizaram 1754 testes, dos quais apenas três apresentaram resultado positivo.
Contudo, uma dissertação de licenciatura, elaborada por um capitão da GNR, em 2004, demonstra que a situação está longe de estar controlada. Este estudo, aliás, não se distancia da realidade apresentada pela IGAI em 1998. "O abuso do consumo de bebidas alcoólicas é uma realidade conhecida e admitida na GNR", lê-se num relatório a que o DN teve acesso.

Eu e os liberais (1)

São muito úteis as comparações: João Miranda costuma escrever no Blasfémias sobre o clima. João Miranda apresenta-se como um especialista, mas curiosamente todas as suas intervenções são no sentido de rebater aquilo que é hoje a opinião consensual dos especialistas sobre este assunto: que a acção do Homem está a provocar alterações dramáticas nos modelos climáticos do planeta. João Miranda escreve no Blasfémias, um blogue de convertidos à cultura do sucesso liberal que vai colonizando a praxis do nosso tempo. O seu axioma primeiro é o de que a acção do Homem não deve ser criticada nos termos em que, por exemplo, nós a criticamos. Claro que esta opinião nasce de um terreno epistemológico, o de que o Homem de hoje, a nossa civilização, será algo de inquestionável per si, como se fosse simplesmente o que de melhor poderia ter acontecido, o resultado lógico. Daí que seja impossível para João Miranda achar que poderíamos (atenção: que poderíamos!) estar a prejudicar o planeta, logo a prejudicarmo-nos, quando destruímos as florestas, poluímos a água, etc. Serve este exemplo para introduzir o tema que me vai ocupar os próximos posts neste blogue. Pretendo demonstrar como os liberais, os neoliberais, os ultraliberais, ou os anarcoliberais, são simplesmente as representações presentes de um fenómeno que só imperfeitamente poderíamos chamar de religioso, mas que mantém do religioso as piores características: aceitar sem questionar e questionar ferozmente a opinião divergente; chamar a si a razão no que aparenta ser óbvio e ser sofista no que nos ultrapassa.

Foto de Álvaro Mendonça

O Zambeziano Que Encalhou No Recife


Foto de Ivone Ralha

A Tales de Mileto


A Água

Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau lasca
que bebe o homem que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.
Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche
e lava a boca depois de um broche.

Atribuído a Bocage

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Convém ter cuidado com os foguetes

- Total de votos obtidos pelos partidos de Esquerda (PS, CDU, BE, PCTP/MRPP e PH) concorrentes às eleições autárquicas de 9 de Outubro de 2005: 2.699.812

- Total de votos obtidos pelos partidos de Direita (PSD, CDS/PP, PPM, PND, MPT, PNR e PSN e suas diversas coligações) concorrentes às eleições autárquicas de 9 de Outubro de 2005: 2.321.642

- Listas independentes: 133.146

- Votos em branco ou nulos: 230.338

Fonte: site oficial da Comissão Nacional de Eleições

Foto de Ivone Ralha


Há uma irreparável decepção quando um homem encontra uma sereia.
(...)
São, com efeito, seres horríveis, as sereias. Move-as o puro gosto de matar, de remeter a carne humana à sua origem, ao lodo, aos vermes e à fermentação. Vêm de tempos velhos, do horror de uma terra convulsa, ainda encharcada de sangue e lava, revoltada por nascer. Cantam, tal como canta a mulher feia, com a face escondida e desejando que quem a escuta se estilhace como vidro.
(...)

Hélia Correia, ‘Bastardia’, Relógio d’Água

terça-feira, 11 de outubro de 2005


(Katrina / A revolta da natureza)



José Pinto Sá

"O Tigre da Malásia"


Luís Carlos Galvão. Foto recente de Ivone Ralha


João Santa Rita, com o próprio Sandokan, em foto do nosso arquivo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2005

Joni Mitchell


Both Sides Now

Bows and flows of angel hair and ice cream castles in the air
and feather canyons everywhere, I've looked at cloud that way.
But now they only block the sun, they rain and snow on everyone.
So many things I would have done but clouds got in my way.

I've looked at clouds from both sides now,
from up and down, and still somehow
it's cloud illusions I recall.
I really don't know clouds at all.

Moons and Junes and ferris wheels, the dizzy dancing way you feel
as every fairy tale comes real; I've looked at love that way.
But now it's just another show. You leave 'em laughing when you go
and if you care, don't let them know, don't give yourself away.

I've looked at love from both sides now,
from give and take, and still somehow
it's love's illusion I recall.
I really don't know love at all.

Tears and fears and feeling proud to say “I love you” right out loud,
dreams and schemes and circus crowds, I've looked at life that way.
But now old friends are acting strange, they shake their heads, they say I've changed.
Something's lost but something's gained in living every day.

I've looked at life from both sides now,
from win and lose, and still somehow
it's life illusions I recall.
I really don't know life at all.

Autárquicas (3)

Única boa notícia da noite, a vitória da CDU no Barreiro. Ou antes, a derrota do PS: derrota da arrogância, do autismo e da pouca vergonha. E vitória de um candidato, Carlos Humberto, que é um homem de grande prestígio e fama de vertical e incorruptivel. A ver vamos, embora ache que no Barreiro não há equipa camarária que consiga por aquilo a andar. Trata-se de um problema endémico de mediocridade das elites.

Autárquicas (2)

Apoiante de Fátima Felgueiras em directo para a SIC: «Há outros que fazem pior que ela»

Autárquicas (1)

Por mais que culpe a divisão da Esquerda, por mais que insista nos males da Democracia, por mais que sacuda a água do capote, Manuel Maria Carrilho não pode fugir à evidência: a derrota do PS, e por arrasto da Esquerda, em Lisboa, é sua, antes de mais, e de uma concepção de fazer política: os eleitores castigaram duramente o arrivismo, a manipulação e o jogo de bastidores que ficaram como marca da sua candidatura. Carrilho não conseguiu, por mais marketing e Bárbara na campanha, fazer esquecer que o seu nome foi auto-imposto no PS através de um jogo sujo de alianças internas, que o seu programa era vazio e que o seu perfil era tudo menos o indicado. Quis fazer destas eleições trampolim pessoal e deu-se mal- e por arrasto levou-nos a todos a mais uma derrota amarga e mais quatro anos de política de betão e show-off populista, agora com o sr. engenheiro. Que sirva para o PS perceber de uma vez por todas duas coisas fundamentais: que o mito de Lisboa ser uma "cidade de Esquerda" acabou com estas eleições, e que se quer realmente ganhar na capital tem de apresentar um candidato de prestígio, com programa e perfil ganhador. Será que tem algum?

domingo, 9 de outubro de 2005

Terra de gente bonita



Amarante é terra de escritores, de pintores, de poetas.

Tenho orgulho na gente de Amarante.

Os cartões dos pontos

Aqueles que têm carro e precisam de ir às bombas de gasolina já se deram ao trabalho de contar o tempo que ali se perde?
Chega um cidadão à bomba, vem de trabalhar, está cansado e com fome, quer pôr algo como dez euros de gasolina, escolhe a bomba 5 porque não tem ninguém e tira a mangueira. No mostrador ainda está registado o valor do comprador anterior. O cidadão olha para o posto na esperança de que alguém o veja. Até que isso aconteça demoram uns dois a três minutos. Finalmente o mostrador fica a zeros e o cidadão pode abastecer. Sacudidas as últimas gotas do combustível para dentro do depósito, o cidadão dispõe-se a pagar. Há uma fila de 4 pessoas à sua frente. Nada de grave, pensa o cidadão para consigo, podia ser pior. Só está uma caixa a funcionar. O cidadão observa com atenção a pinta da funcionária, sorri satisfeito: a mulher tem ar de despachada, transpira eficiência por todos os poros. Já pôs aquela senhora a andar, restam três. O cidadão calcula mental e satisfeitamente que antes das sete estará em casa.
Nem pensar nisso!
Esqueceu-se o cidadão que entre os três circunstantes que o antecedem existe um grunho. É verdade. Eles estão por toda a parte e em qualquer momento surgem. Este estava no meio, armado em Virtude. O cidadão não tinha reparado nele, estava tranquilo, ou melhor, com vontade de chegar a casa o mais depressa possível. Baixara as defesas, essa é que é essa!
E, naquele momento, ali o tinha: sacando o cartão dos pontos. O homenzinho tinha abastecido 55,49 € de gasóleo e estava a pagar com notas de cinco euros todas amarrotadas e mais uma carrada de moedas que retirara dos bolsos e depositara em cima do balcão. A empregada, educada e diligentemente, ia contando. Atrás do cidadão que consultava o relógio de cinco em cinco segundos já se encontravam mais cinco outros cidadãos. A coisa estava composta, como se costuma dizer no teatro. O problema era que ali o pano nem sequer dava sinais de abrir...
A funcionária parecia um polvo, contava moedas, carregava em botões que tinham o condão de pôr fim a uns irritantes ruídos que provinham de quem estava junto às bombas, de mangueira na mão, à espera de abastecer. No fim, faltavam 3 euros e 23 cêntimos. O grunho sacou da carteira e exibiu o cartão de crédito.
Pensam que se dignou a voltar-se para trás e, pelo menos, esboçar um sorriso em jeito de pedido de desculpas? Nada. Coçou as partes baixas, ajeitou as calças e balançou um pouco os ombros. São sinais.
Depois, veio a cena dos pontos. Com aquele pagamento o grunho obtivera uma enormidade de pontos, a coisa era séria, dava para não sei quê e nem sei que mais. O grunho estava indeciso. A funcionária olhava apreensivamente a fila que se estendia nas costas largas do grunho. Coçando a grenha gelificada o grunho não sabia o que fazer, era uma decisão arriscada.
Cambada de cidadãos que não protesta, não espanca, nem defenestra um bicho assim!, pensarão os que lêem.
Pois, tudo isso é muito bonito de pensar, assim, a olhar para as letras impressas no monitor. Mas, estar lá, numa estação de serviço, ainda por cima?... Calma, já não somos muitos...
O grunho pediu o catálogo, desviou-se um nadinha para o lado esquerdo do balcão e alguns bons minutos mais tarde o cidadão arrancou da bomba, não sem antes ter aguardado mais uns minutos para observar a cara de felicidade que o grunho exibia a caminho do carro soçobrando um ‘pack’ com dois balões para ‘brandy’.

Fernando Rebelo

Foto de Ivone Ralha

Foto de Álvaro Mendonça


estamos num certo impasse
apesar da consciência
aquilo que
nos ultrapassa
deixa sempre uma parte
no que fica
como se a vida
também fosse
uma parte do que passa
vagos momentos
os sonhos os lapsos
passos efémeros
com coisas escritas nas paredes
de papeis dispersos
tão longe
que nem se sabe
temos a noção do instinto
que cobre a morte
como se fosse
aquilo que mais tememos
mas o que de facto
devemos temer
é o desespero atónito
da morte inútil ou atroz…
quando ao anoitecer
abrires as portas
haverá uma brisa de silêncio
que sobe a escadaria
percorre as salas
e os quartos que habitamos
para sair pelas janelas
que deixámos abertas ao dia…

am 03.10.03

Álvaro Mendonça

Um génio saiu da lâmpada há 65 anos

Born 09.10.1940, Liverpool, UK
*
" The thing the sixties did was to show us the possibilities and the responsibility that we all had. It wasn't the answer. It just gave us a glimpse of the possibility"
John Lennon

Soprónia Insuflávia de Alexandre O'Neill

this is an audio post - click to play

Foto de Ivone Ralha


Aparição

Não foi a Senhora de Fátima que me apareceu, como aos pastorinhos. Mas a Literatura. Escritor, ajoelhei, logo.
“Que diabo andam os teus amigos para aí a fazer? Artigos, cartas, reuniões, colóquios?” “Mas eu tenho alguma coisa a ver com isso? O meu domínio é o da obscuridade. Sempre que um de vós se levanta, com as luzes da sala todas acesas, para falar de mim, eu faço por conversar com a empregada, lá atrás, porque depois, tenho que ajudá-la a varrer aquilo”

Sebastião Alba, ‘Albas’. Quasi

sábado, 8 de outubro de 2005

Palancas Negras garantem qualificação histórica para o Mundial 2006

A selecção de Angola qualificou-se hoje para o Mundial 2006 na Alemanha, ao vencer o Ruanda em Kigali por 1-0, golo de Akwá aos 82 min. Os Palancas Negras conseguiram assim um feito inédito, já que é a primeira vez que Angola, ou qualquer país africano de expressão portuguesa, atinge a fase final de um Mundial. Luanda explodiu em festa e também em Lisboa centenas de pessoas festejaram nas ruas a (sofrida) qualificação, que chegou a parecer não ser possível, já que, apesar do domínio da selecção angolana, os ruandeses defenderam sempre bem, nunca deixando de ameaçar o golo em perigosos contra-ataques.
Ficam aqui os nomes dos 14 heróis angolanos que disputaram a partida: João Ricardo, Jacinto, João Pereira, Jamba, Yamba Asha, Gilberto, André Mukenga, Figueiredo, Mendonça, Flávio, Akwá, Maurito, Mantorras e Kalanga.

Música: propostas bravias, ou talvez não

Já é considerada a Billie Holiday dos novos interpretes de Jazz. Mas Madeleine Peyroux diz que é apenas uma cantora de blues e não está interessada em rótulos. Nasceu na Georgia, EUA, mas é no Quartier Latin de Paris onde deu os passos decisivos nas sonoridades que agora estão a encantar os mais atentos. "Careless Love", o seu último disco, é imprescindível para todos os que gostam da sensualidade cool das novas abordagens do jazz. Ouçam, por exemplo, a sua interpretação de "Dance Me to the End of Love", de Leonard Cohen, e depois fechem a boca, que parece mal.

Julian Cope é um génio e um louco. Formou e liderou The Teardrop Explodes, um grupo de grande projecção nos finais dos anos 70, principios dos 80. Depois flipou completamente devido aos ácidos. Veio à tona alguns anos mais tarde e começou a editar trabalhos de grande qualidade. "Peggy Suicide" é um disco antigo, de 1991, mas é um ponto alto da sua discografia. O trabalho baseia-se numa visão de Cope imaginando a Terra Mãe a atirar-se de uma falésia até morrer esfacelada nas pedras pontiagudas. Parece estranho mas este album conceptual é admirável. Para os amantes do rock não-alinhado é um disco a (re)ouvir com urgência.

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

As praxes como elementos reveladores da pobreza geral do sistema educativo em Portugal

Quase no final de Setembro, as Universidades e outros estabelecimentos de ensino superior encheram-se de vida nova.
O cair da folha na Natureza contrastava com a renovação da nossa ‘Alma Mater’.
Tinham chegado os calouros.
Aquilo que supostamente deveria ter sido a primeira semana de aulas estava transformado numa série de manifestações do mais refinado grunhismo: a praxe, ou melhor, as praxes. Sim, porque a coisa não se poderia ficar apenas por uma partida de mau gosto. Um grunho que se preze exibe uma vasta panóplia de actividades, cada uma mais estúpida e cretina que a anterior – directamente retiradas de séries de TV com adolescentes made in USA ou de filmes made in USA que pretendem retratar a vida nas universidades dos USA. Claro, que o grunho não tem capacidade para criar o que quer que seja, limita-se a reproduzir e, pior ainda, a reproduzir-se. Adiante.
O mais grave é que o calouro gosta, acha graça, colabora e vai a todas. Afinal de contas, não é todos os dias que uma pessoa entra para a Universidade. O calouro tem já uma visão própria da instituição que irá frequentar nos próximos 5 a 6 anos da sua vida: andar por ali, semana académica, entrar para a tuna, umas frequências e uns trabalhos, sentir a vida académica, manifestações, queima das fitas, benção das capas, copos, e pronto está a coisa feita. Quais exigências, quais elevação do espírito?!
Está na Universidade. Mais nada! Tem direito a pavonear-se pelas ruas envergando o traje académico.
(Ainda hoje vi duas moçoilas no Continente do Seixal com o dito traje. O pior é que ninguém as insultou e lhes cuspiu em cima. Coitadas, pareciam tão orgulhosas...)
São os grunhos a corroer aquilo que deveria estar a salvo: a Universidade.
Chegaram lá porque os deixámos lá chegar. Querem bons empregos com melhores ordenados. Querem tratar das vidinhas e nós, quando os vimos pintalgados com verniz das unhas e rímel, sorrimos de forma alvar em vez de os atirarmos ao rio.
O calouro – forma embrionária de grunho – acha-se especial no seu casulo de inscrições feitas na cara, de humilhações várias a que se submeteu. Está a um passo de atingir a qualidade de divindade da grunhice.
Traz consigo um longo historial iniciático: as festas de Natal no infantário, nas quais fazia o papel de ajudante do Pai Natal, as festas de final de ano na Primária, nas quais fazia uma coreografia tosca ensaiada por uma professora que gostava da Aeróbica e que tinha visto o “Fame”, na Preparatória, onde fez merda da grossa mas foi a uma festa dos ‘finalistas’ no 6º ano e depois atravessou o deserto até ao 9º ano e, quando chegou ao 12º, foi a Lloret del Mar, na viagem de finalistas e foi, trajado(a) a rigor, ao Baile de finalistas. Está apto. Estudou q.b., passou pela escola, se os pais têm posses vai chegar à Universidade. Na privada, não! Eu escrevi: ’se os pais têm posses’.
Os grunhos com dinheiro têm a coisa organizada de outra forma...
Todos lemos sobre as praxes. Está tudo dito e escrito. Só não vê quem não se quiser dar ao trabalho de ver.

À margem
: perto da secretária onde acabo de digitar este texto está um manual escolar destinado ao 10º ano de escolaridade. O título é: “Ser em português”.
Há coisas do caraças!

À margem2
: um amigo enviou-me por mail um texto do Mia Couto – autor pelo qual não nutro nenhuma admiração especial – intitulado “Os sete sapatos sujos”, trata-se de uma oração de sapiência que ele foi convidado a proferir no ISCTEM, creio que em Moçambique. Gostei de ler.

Fernando Rebelo

Foto de família


O nosso 2+2=5 vai tomando forma(s). Hoje chegou o Fernando Rebelo. Ainda tem aqueles problemas dos cotas a postar, de modo que o seu primeiro tríptico dedicado à grunhice tuga será posto pela minha mão. Neste momento já somos, como mostra a foto acima, um grupo jovial e dedicado a estas coisas efémeras da blogagem. Para quem não nos conheça pessoalmente, aqui vai a legenda: Armando Rocheteau: 2º à direita da foto, está evidentemente a fazer olhinhos à moça. António Oliveira: atrás do Rocheteau, mantém o ar compenetrado e sério. José Pinto Sá: em baixo, com um chapéu que revela as suas afinidades com a moda londrina. André Carapinha: o de óculos, em cima, ar de intelectual preocupado. Fernando Rebelo: ao lado do André, com boina de anarquista. Luis Palácios: o de manga cava bonzão, fugiu com uma economista de Oxford (primeira a contar da Esquerda), desaparecido desde então; João Carapinha: evidentemente não está na foto porque chegou atrasado. Francesca Pinna: aquela que está a olhar para o Rocheteau; Ivone Ralha: rapariga deitada revelando a sua pose de artista. José Carlos Mexia: por eliminação, o que tirou a foto, uma vez que não há mais gajos na foto, só gajas. As gajas da foto: nosso grupo dedicado de Musas Inspiradoras, sem as quais não haveria paciência para estas parvoices. Aos nossos leitores, capazes de aturar estas idiossincracias, um bem-haja e muito obrigado.

Isto não é normal! (Reflexões acerca de viver aqui...)

O problema principal que se me deparou quando resolvi escrever estes textos não foi o de generalizar. Não, o que para mim se afigurava grave era o facto de me pôr a escrever sobre coisas que estão generalizadas, fazem parte do quotidiano, não passam de rotina e, pior, começam a aceitar-se como normais.
É normal escarrar para o chão em plena via pública. É normal atender o telemóvel no cinema. É normal levar o cão à rua e não levar nada para apanhar os seus dejectos. É normal buzinar às três da manhã. É normal circular a 60 km por hora na faixa mais à esquerda de qualquer auto-estrada. É normal não pedir licença, não dizer ‘por favor’ ou ‘se faz favor’, ou ‘com licença’ ou ‘obrigado’.
Em Portugal foi-se instituindo aos poucos, de há uns anos a esta parte, a prática de uma mentalidade bronca e mal-educada. Chamemos-lhe pimba, grunha, o que quisermos. Ela está entre nós e parece ter vindo para ficar.
Por me parecer que se trata de uma questão de profilaxia, gostaria de poder fornecer alguns contributos para uma caracterização deste fenómeno e, deste modo, ajudar na sua urgente erradicação.
Creio que alguns atrasos estruturais poderão explicar a proliferação da mentalidade grunha; quem não se lembra do ‘pato-bravo’ – alguém que vinha do nada e que enriquecia subitamente, obtendo um progresso material que nunca correspondia ao progresso da sua própria mentalidade.
Para poder reflectir e expor fidedignamente a mentalidade do grunho seria necessário ter uma capacidade de estar ‘de fora’, um observador. Só me ocorre aquela senhora que foi para África observar os gorilas e travou toda aquela luta em prol dos mesmos. Em relação a mim, a senhora tinha uma vantagem: no final das suas observações, a senhora regressava ao acampamento, tomava um banho enquanto ouvia Mozart, jantava de faca e garfo e dormia numa cama, não sem antes ter lido umas páginas de um qualquer livro. Estava entre os gorilas por opção e apenas uma parte do seu dia.
A minha desvantagem é a de ser obrigado a conviver com o material que observo e sobre o qual reflicto durante 24 horas seguidas. Com um grave inconveniente: sempre que tento ouvir Mozart no meu carro tenho um grunho com o hi-fi do seu carro a inundar-me de sons de martelos e dá-me vontade de ir à procura dos restos mortais do Wolfgang Amadeus para lhe dizer que essa coisa do ‘alegretto’ não funciona.
Sou, portanto, obrigado a conviver com eles. A distanciação é nada ou quase nada. Suporto-os diariamente, em toda a parte e por toda a parte.
Daqui resultará, inevitavelmente, um tom irónico, sarcástico – as mais das vezes amargo e desiludido.
Os grunhos pimbas, bimbos, o que quiserem, estão aí. Não podemos ignorá-los nem atirá-los ao Atlântico. O melhor será, pois, pô-los a nu, falar sobre eles.
Sem achar que estamos acima deles. A arrogância intelectual é uma forma de grunhice...

Aos grunhos, pimbas, bimbos e afins!
Pelo bom gosto e pelo bom senso!

Fernando Rebelo

quinta-feira, 6 de outubro de 2005

Rimbaud (2)

desenho de Patti Smith

LE MAL

Tandis que les crachats rouges de la mitraille
Sifflent tout le jour par l'infini du ciel bleu ;
Qu'écarlates ou verts, près du Roi qui les raille,
Croulent les bataillons en masse dans le feu ;

Tandis qu'une folie épouvantable, broie
Et fait de cent milliers d'hommes un tas fumant ;
- Pauvres morts dans l'été, dans l'herbe, dans ta joie,
Nature, ô toi qui fis ces hommes saintement !... -

- Il est un Dieu qui rit aux nappes damassées
Des autels, à l'encens, aux grands calices d'or,
Qui dans le bercement des hosanna s'endort,

Et se réveille quand des mères, ramassées
Dans l'angoisse et pleurant sous leur vieux bonnet noir,
Lui donnent un gros sou lié dans leur mouchoir !

Imperdível

Margarida Rebelo Pinto costuma queixar-se de que a crítica literária portuguesa não lhe presta atenção. Pois bem, João Pedro George, no Esplanar, fez-lhe a vontade, e sem dó nem piedade arrasa-a de uma ponta à outra da sua obra.

O Imperialismo resgatado

Na América o uso académico do conceito "Imperialismo" vulgariza-se nas élites intelectuais da nova Direita. Leia a análise de John Bellamy Foster, editor da Monthly Review, da qual destaco este excerto:

« De acordo com a Estratégia de Segurança Nacional da administração Bush, não há limites ou fronteiras reconhecidas ao uso do poder militar a fim de promover os interesses dos Estados Unidos. Face a esta tentativa de expandir aquilo a que só se pode chamar de Império Americano, intelectuais e figuras políticas estão não só a regressar à ideia de “imperialismo”, como à visão da mesma proposta pelos seus antigos promotores do século XIX, ou seja, como constituindo uma grande missão civilizadora. Comparações dos Estados Unidos com a Roma Imperial e com o Império Britânico são agora comuns na imprensa de referência. Tudo o que é preciso para torná-la plenamente aproveitável é libertar o conceito das suas velhas associações marxistas de hierarquia económica e de exploração – para não mencionar o racismo. »

Texto completo em Resistir.Info, para o ler clique aqui.

"Ripenso il tuo sorriso"















Foto de Francesca Pinna


Ripenso il tuo sorriso, ed è per me un'acqua limpida
scorta per avventura tra le petraie d'un greto,
esiguo specchio in cui guardi un'ellera i suoi corimbi;
e su tutto l'abbraccio d'un bianco cielo quieto.

Codesto è il mio ricordo; non saprei dire, o lontano,
se dal tuo volto s'esprime libera un'anima ingenua,
o vero tu sei dei raminghi che il male del mondo estenua
e recano il loro soffrire con sé come un talismano.

Ma questo posso dirti, che la tua pensata effigie
sommerge i crucci estrosi in un'ondatta di calma,
e che il tuo aspetto s'insinua nella mia memoria grigia
schietto come la cima d'una giovinetta palma...

Eugenio Montale

Eugenio Montale

Rimbaud (1)


On n'est pas sérieux quand on a dix-sept ans

On n'est pas sérieux quand on a dix-sept ans
Un beau soir, foin des bocks et de la limonade,
Des cafés tapageurs aux lustres éclatants !
On va sous les tilleuls verts de la promenade.

Les tilleuls sentent bon dans les bons soirs de juin !
L'air est parfois si doux, qu'on ferme la paupière ;
Le vent chargé de bruits, - la ville n'est pas loin, -
A des parfums de vigne et des parfums de bière...

Voilà qu'on aperçoit un tout petit chiffon
D'azur sombre, encadré d'une petite branche,
Piqué d'une mauvaise étoile, qui se fond
Avec de doux frissons, petite et toute blanche...

Nuit de juin ! Dix-sept ans ! On se laisse griser.
La sève est du champagne et vous monte à la tête...
On divague, on se sent aux lèvres un baiser
Qui palpite là, comme une petite bête...

Le coeur fou robinsonne à travers les romans,
Lorsque, dans la clarté d'une pâle réverbère,
Passe une demoiselle aux petits airs charmants,
Sous l'ombre du faux-col effrayant de son père...

Et, comme elle vous trouve immensément naïf,
Tout en faisant trotter ses petites bottines,
Elle se tourne, alerte, et d'un mouvement vif...
Sur vos lèvres alors meurent les cavatines...

Vous êtes amoureux. Loué jusqu'au mois d'août.
Vous êtes amoureux. Vos sonnets la font rire.
Tous vos amis s'en vont, vous êtes mauvais goût.
Puis l'adorée, un soir, a daigné vous écrire !...

quarta-feira, 5 de outubro de 2005

Uma só palavra: Solidarinosc

Xicuembo de Rui Nogar

this is an audio post - click to play

Foto de Francesca Pinna

Rui Nogar

Xicuembo


Eu bebeu suruma
dos teus ólho Ana Maria
eu bebeu suruma
e ficou mesmo maluco

agora eu quero dormir quer comer
mas não pode mais dormir
não pode mais comer

suruma dos teus olhos Ana Maria
matou sossego no meu coração
oh matou sossego no meu coração

eu bebeu suruma oh suruma suruma
dos teus ólho Ana Maria
com meu todo vontade
com meu todo coração

e agora Ana Maria minhamor
eu não pode mais viver
eu não pode mais saber

que meu Ana Maria minhamor
é mulher de todo gente
é mulher de todo gente
todo gente todo gente

menos meu minhamor.

Justiça: magistrados jogam baixo

A desorientação no seio da magistratura é grande. Senão vejamos. Na segunda-feira, no programa Prós e Contras da RTP, António Cluny, presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, disse, a propósito das medidas que o governo quer tomar, que “ a opinião geral dos magistrados é que entendem isto como uma retaliação desta maioria politica contra a acção dos magistrados relativamente a muitos processos incómodos contra grandes interesses politicos e sociais”. O que Cluny queria dizer, também foi dito numa assembleia de juízes por um magistrado: "depois do processo Casa Pia, os políticos prometeram vingança contra o poder judicial". O lançamento deste tipo de acusações e insinuações mancham a magistratura e os magistrados, que colocam o debate ao nível da alcatifa.
Ao decidir congelar carreiras, mudar as regras de aposentação, equiparar os subsistemas de saúde a outros, o governo toca em vários pontos sensíveis numa classe que se considera intocável, que vive completamente desligada da realidade e anda nas núvens. E joga baixo, tão baixo, que revela o nível em que actualmente se encontra. No melhor pano, cai a nódoa.

terça-feira, 4 de outubro de 2005

The Blues Brothers convidam

O jovem empresário de sucesso, Félix da Costa, um verdadero "case-study" e o "scout" zemari@, um verdadeiro caso perdido, vêm convidar todos 2+2=5, postadores, comentadores e leitores, incluindo o Padre de Alvalade. Quem quiser continuar nesta overdose de festas, que venha celebrar os 50 (meio-século) anos dele e os meus quase 60. É no Ténis de Carcavelos, almoço e têm de esportular à volta de 10 euros, só p(r)ato.
Para se inscrever FAÇA UM COMENTÁRIO a este post até 5ª feira à noite!
Pode ser só o nome e se for anónimo pode escrever apenas: + 1
zm/ffc
*
PS. Este é um blogue sério, com código deontológico e tudo, que não faz publicidade. No entanto, esta é uma excepção à regra. Os Blues Brothers ofereceram 50 milhões de meticais por este post, o que tornou a oferta irrecusável. A crise orçamental chegou também à blogosfera...

Adília Lopes



Só depois de ler
Barthes
é que Camila
ficou a saber
que o dedo da masturbação
é o médio
até aí tinha usado
sempre
o indicador
experimentou também
o polegar
e viu que todos serviam
meu menino
seu vizinho
pai de todos
fura bolos
mata piolhos
depois de perder a virgindade
experimentou
com um tubo de Cecresina
metido num Durex Gossamer
também servia
mas isto nada
tem a ver com o amor
tem a ver com o escrever
e com o pintar
e dá menos satisfação
a menos que Camila
se lembre de Jénia
e da penetração
então usa
só os dedos
e serve
para adormecer

segunda-feira, 3 de outubro de 2005

O espectáculo do horror

Ao observarmos as imagens do bombista suicida na Indonésia, repetidas ad nauseam em todas as televisões, apenas um pensamento nos ocorre: como Guy Debord foi realmente visionário ao escrever A Sociedade do Espectáculo. De facto, o denominador comum ontológico do Século XXI é o Espectáculo, ou antes, a Produção de Espectáculo, factor em que temos vários mestres em acção, da Al-Qaeda aos generais americanos do "choque e pavor". Resulta daí que, paradoxalmente, com a banalização do Espectáculo dá-se um fenómeno de dessubstancialização do conteúdo do acto, em que tudo é substituído pela aparência espectacular, como se a realidade estivesse envolvida num espectro. Já não há conteúdo que se pense, há a queda das torres, e quando se pensa nas torres pensa-se na sua queda como fenómeno inscricionário espectacular que inaugura uma nova era (repare-se: é o fenómeno espectacular que inaugura a nova era, não o acontecimento em si). Debord tinha razão, tinha carradas de razão!

Os 30 anos da Rádio Moçambique

Podem dizer que sou suspeito, na medida em que fui, muitos anos, trabalhador da Rádio Moçambique, mas a verdade é que não queria deixar passar em branco os 30 anos daquela estação emissora.
Talvez não haja em Moçambique nenhum factor que mais tenha contribuído para a unidade nacional e a consciência da nossa moçambicanidade do que a Rádio Moçambique, a voz que chega ao mais longínquo recanto do território nacional, falando com os seus ouvintes nas línguas que eles melhor entendem.
Nos terríveis tempos da guerra, quando quase todas as outras formas de comunicação estavam cortadas, as ondas da nossa emissora continuavam a passar por cima dos obstáculos para dizer às pessoas o que se passava no País e no mundo. Para lhes levar mensagens de esperança em melhores dias, junto com o divertimento da música ou do teatro radiofónico. Quem não recorda o sucesso que foi o folhetim radiofónico Sandokan, o Tigre da Malásia, transmitido quando a guerra já fazia sentir o seu horrível bafo.
*
Mas a Rádio Moçambique tem sido, ao longo destes 30 anos, muito mais do que uma forma de comunicação que cobre o País inteiro. Tem sido um importante factor de modernidade. É através dela que o camponês analfabeto de Tete ou de Cabo Delgado fica a saber que há homens que viajam no espaço. Que os habitantes de vilas às escuras sabem que a electricidade chegará às suas casas dentro de poucos meses. Que foram dados passos significativos para a cura de doenças que os afligem.
E não quero deixar de falar de um objecto que foi aliado prioritário da Rádio Moçambique em todo este esforço. Estou a falar do rádio Xirico, aquela pequena maravilha, imaginada pelos alemães da extinta RDA, que era montado no nosso País e distribuído por todo o lado a um preço acessível a qualquer um. Não havia quem não tivesse um Xirico em sua casa. Vítima da queda do muro de Berlim, o Xirico desapareceu sem deixar substituto, mas deixando saudades pela sua alta qualidade a baixo preço.
Mas, voltando à Rádio Moçambique, temos que falar do esforço que a emissora faz a nível cultural. Reforçando a cultura local, através das línguas nacionais dos emissores provinciais, e misturando todas as raízes culturais na Antena Nacional. É por seu intermédio que o moçambicano de Gaza aprende a conhecer o ritmo trepidante do Mapico, do planalto de Mueda. Que o habitante da Angónia aprende a ouvir e apreciar os cânticos macuas da Ilha de Moçambique.
Vão-me dizer que a imagem que estou a pintar é demasiado favorável e que a Rádio Moçambique também tem os seus aspectos negativos. E eu tenho que reconhecer que é verdade. A nossa RM perdeu, nos últimos tempos, uma certa imparcialidade que foi a sua marca a seguir à criação da empresa estatal. Está hoje muito mais alinhada com as posições do Governo e do partido FRELIMO.
No entanto, mesmo apesar disso, continua a ser o menos alinhado dos órgãos de informação do sector público e seus equivalentes. Menos alinhada que a TVM, o Notícias, o Domingo ou a AIM,
sem margem para dúvidas.
*
Casa já muito antiga, na medida em que existe há 30 anos como Rádio Moçambique, mas herdou a experiência de dezenas de anos do Rádio Clube de Moçambique e de outras pequenas emissoras do tempo colonial, a RM tem sabido modernizar-se e adaptar-se aos novos tempos.
Começando por cobrir uma pequena área de Moçambique, foi-se expandindo até cobrir todo o território e parte dos países vizinhos. Recordo um responsável da rádio de Madagascar que me dizia que a RM se ouvia em melhores condições, em partes do território malgaxe, do que as próprias emissões locais. O que ajudava a manter as tradições culturais de uma parte da população, oriunda do nosso País, e que continua a falar macua.
Hoje, graças aos milagres da internet, a Rádio Moçambique pode ser ouvida em qualquer parte do mundo. Moçambicanos no estrangeiro ou amigos do nosso País podem, através dos seus computadores, ouvir a nossa música, as notícias ou os programas. São saltos significativos que não podem ser ignorados nem menosprezados. Neste momento de festa aqui vai o meu abraço para todos os colegas que fazem possível a presença da RM, diariamente, nos nossos receptores de Norte a Sul. Que o vosso excelente trabalho continue e melhore por muitos e muitos anos. Para o bem de todos nós.
Machado da Graça
In SAVANA semanário independente”, Maputo 30.09.2005

Pode ouvir AQUI música de Moçambique via internet

Homenagem aos antifascistas, 69 anos depois da primeira partida para o Tarrafal


UTOPIA

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
E teu a ti o deves
lança o teu
desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio este rumo esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?

Zeca Afonso

You're listen to: LM RADIO


LM RADIO. Who can remember the famous LM jingle. “This is Lorenco Marques, for non stop happy listening…….”.
Yes indeed, LM Radio.
The first commercial radio station in Southern Africa, broadcasting from Lorenco Marques, Mozambique. The service started in 1929 and was known as “The Radio Club of Mozambique”. For many years its broadcast were aimed in particular to South Africa. LM Radio was known for its up to date top twenty music programmes, variety and request shows. No news broadcast were ever done by this station, only non stop 24 hour a day hits. The most famous announcer to be heard on the station was, David Davies. Well known for his famous greeting. Over the many years of happy listening, LM Radio started many young radio personalities’ carreers. Some of them include, John Berks, Gary Edwards, Darryl Jooste, Evelyn Martin, Barry O’Donnahue and Reg de Beer.
Here is a list of just some of the programmes heard over the LM airwaves: Teenbeat Party, Op en Wakker met LM, Twin Spins, LM Lunchbreak, Popstop, LM A-Go-Go, It’s your bag, DJ Date, Spinout, Jet Parade Playback, Hits of the World, Hitsville USA, LM Hit Pickers, SA Big 10, LM Top Twenty, Track 33, Wish you were here, Kom luister met my Hospitaltime, et al....
When Mozambique got its independence from Portugal in 1975, LM Radio closed. A new SABC radio station started and took over from LM. Radio 5 was launched in 1975. Radio 5 can still be heard today, but it’s a far cry from the happy memories that LM Radio managed to conjure up in its heyday. To this day many South African’s fondly recall the days of happy LM listening. As one person put it, “When life was simple and radio was entertainment, not just an instrument babling in the background….”
Frans Erasmus
April 2002
Ouça AQUI a abertura do LM Hit Parade com David Davis (1969)

sábado, 1 de outubro de 2005

Sampaio homenageia presos do Tarrafal

O Presidente da República Jorge sampaio irá prestar homenagem aos 32 mortos e às cerca de 300 pessoas que cumpriram pena naquela que ficou conhecida como a Prisão do Tarrafal. Esta é a primeira homenagem de um PR português a todos aqueles que sofreram na carne o fascismo devido ao seu legítimo desejo de ser livre, e a quem tanto devemos e de quem demasiadas vezes nos esquecemos. A homenagem coincide com os 69 anos da partida do paquete "Luanda" que levava a bordo o primeiro grupo de 152 deportados, e terá lugar no cemitério do Alto de S. João esta 2ª feira, 2 de Outubro, às 10 horas, ao que se segue uma sessão solene pelas 11h15m no Palácio de Belém.

É uma atitude bem portuguesa esconder as vergonhas debaixo do tapete. Daí que não espante que se continue a tratar o Tarrafal como mais uma prisão política como a de Peniche, por exemplo. Mas não era. Tratava-se, isso sim, de um campo de concentração e extermínio de opositores políticos, onde o objectivo era o da sua eliminação pura e simples através da chamada "técnica da morte lenta": má nutrição, periodos de fome, trabalho forçado, ausência total de cuidados médicos. Foi um campo que se inseriu na lógica fascista dos anos 30/40 em Espanha, Itália, Alemanha e Portugal, a época do auge destes regimes, em que os seus governantes sentiram as mãos livres para a eliminação física daqueles que resistiam. A todos esses devemos a nossa democracia, e por isso o 2+2=5 presta aqui também a sua homenagem aos tarrafalistas, e a todos aqueles que lutaram com enormes prejuízos pessoais para que, hoje, possamos falar e viver em liberdade.

Bocas: o que se escreve e o que se diz por aí


O destaque:
"Uma greve na justiça não incomoda ninguém: para aqueles que esperam um ano por um simples despacho e dez anos por uma sentença, uma semana de greve de juízes, magistrados do Ministério Público e funcionários judiciais, não incomoda" Miguel Sousa Tavares, in "Público", 30.09.05

Autárquicas:
"Espero que seja agora que me dão umas bofetadas para ver se isto se resolve. Acabava-se já com estas coisas de campanha" Rui Rio, in "Público", 29.09.05

"Um terço das 308 câmaras municipais está a ser investigadas por crimes de corrupção, peculato e abuso de poder" in "Diário de Noticias", 01.10.05

«Esta campanha para as autárquicas é uma campanha de partidos, independentes e arguidos» Helena Roseta in" Diário de Notícias", 19.09.05

«É preciso dizer aos paizinhos que quem quiser votar em mim tem que pôr o voto na cruz do fim, na última do boletim. Desta vez não é no PSD. Mas devem dizer principalmente aos avós". Valentim Loureiro numa escola do 1º ciclo. in Diário de Notícias 29.09.05

"Mantenho a intenção de não ir a feiras e mercados", Maria José Nogueira Pinto in Diário de Notícias 01.10.05

Presidenciais:
"Ainda é cedo para fazer um julgamento sobre o desempenho do Governo". Cavaco Silva in Expresso 01.10.05

O anti-destaque:
Depois dos avanços de Cavaco Silva, Paulo Portas, Manuel Monteiro e Basílio Horta, a candidatura de Santana Lopes fez subir para cinco o número de candidatos que disputam os votos do eleitorado conservador”. José António Saraiva in Expresso 1.10.05