Pretória aprovou no Parlamento voto de recomendação contra a brutal repressão imposta no Zimbabué. Governo e forças militarizadas estão à deriva. Angola vai enviar 3500 homens da polícia de choque, a partir de 1 de Abril.
Quanto tempo ainda se aguentará o poder em perdição de Robert Mugabe? A espiral da violência conjuga-se com a da desagregação do poder no Zimbabué. O embaixador americano em Harare disse à Associatede Press, citado pelo NY Times, que há grandes dissensões no interior do que resta do executivo e no topo das forças militarizadas. A Zâmbia e o Botswana, dois dos vizinhos mais preocupados com a situação, tencionam elevar o seu protesto pela dura repressão imposta por Mugabe ao seu povo martirizado. O Pr. da Zâmbia, que preside à Comunidade Económica do Sul da África, pensa levar a discussão plenária o caso da violência inaudita criado pela repressão no Zimbabué. Entretanto, a África do Sul, o Lesoto e a Namíbia estudam um reforço da pressão política e diplomática sobre o que resta das estruturas governamentais zimbabueanas. Angola vai enviar a polícia de choque para Harare.
O caos económico potencializado pela ruptura dos parcos stocks alimentares pode desencadear uma revolta de proporções incalculáveis, segundo predizem inúmeros observadores estrangeiros. Angola, ignorando a imparcialidade requerida pela OUA, decidiu enviar um forte contingente de Ninjas (polícia de choque). A precária situação no Zaire pode influenciar uma redução, embora o comando militar angolano unificado se abstenha de comentar a situação política criada pela inaudita repressão criada por Mugabe. O Pr. sul-africano Mbeki também tem revelado alguma inconstância na sua denúncia dos massacres de Harare, por causa dos laços históricos que uniram o ANC ao partido de Mugabe, Zanu-PF, que se bateram pela libertação e o fim do apartheid.
O grande jornalista zimbabueano, Trevor Ncube, a residir em Pretória, escreveu ontem um longo e dramático artigo no Financial Times, onde analisa todos os pontos essenciais do drama pungente que assalta o povo do Zimbabué. Suplica que a ONU venha investigar e monitorizar as futuras eleições gerais, com carácter de urgência. Senão há o perigo de uma guerra civil em rastilho, indica. " A ajuda internacional e a assistência médico-medicamentosa são prioritárias. Sistemas de racionalidade económica e financeira também são essenciais para restaurar o que foi outrora o " Celeiro " do Sul da África: Mas Mugabe ainda se agarra ao poder e nada pode ser feito até ele se afastar. Os seus planos para adiar as presidenciais até 2010 parecem estar desfeitos. O tempo é escasso e o que pode acontecer é imprevisível. A hipótese de um golpe palaciano é a mais provável", sublinha.
FAR
2 comentários:
A situação no Zimbábue é velha de muitos anos, e a história repete-se. Quando era a antiga potência colonial a servir de bode espiatório e os agricultores brancos a serem o bombo da festa com aquele ridiculo e patético movimento dos antigos combatentes a ocupar terras, liderado por um tipo sinistro que supostamente se auto-alcunhava de "Hitler", as potências regionais ocidentais e regionais cagaram-se no assunto, e muitos intelectualóides disseram que se estava a re-escrever a história em áfrica. Pois é, o Zimbábue outrora celeiro de tudo e mais uma botas, ex-maior produtor de carne de áfrica, etc, estoirou, e como tal e à semelhança da matança durante a crise nos países dos grandes lagos, os vizinhos não querem levar com uma enxurrada de refugiados famintos e doentes, alheando-se a 100% do imbróglio, apesar dos milhares de corpos que diáriamente apareciam a boiar nos rios e lagos da região. Até o Kofi Anan pediu desculpa à posteriori da "distração. Os vizinhos já têm problemas que cheguem, e os "pagamentos" dos favores que o Zimbábué fez durante fez durante a guerra colonial ao servir de santuário aos movimentos de libertação também foi chão que deu uvas. Já ninguém se lembra. Que fazer? Simples e o habitual, apelar à boa consciência ocidental para resolver o assunto, despejar uns biliões de doláres em ajudas que vão ajudar uma meia dúzia,pagar aos angolanos o facto de serem agora os polícias de áfrica, depois do Congo-Kinshasa é só um pulinho a Harare, permitindo ao ditador corrupto Eduardo dos Santos manter aquela pseudo democracia em Angola sob a capa de um país em desenvolvimento e em paz, e com capacidade de intervenção regional, tirando essa chatice a outras potências regionais ou ocidentais, e que um dia mais tarde tarde vai ser, aliás já é, para pagar o favor ao Dos Santos continuar a engordar a sua conta bancária e da família à grande e à francesa, enquanto e por exemplo, Luanda é das cidades mais caras do mundo, mas onde se morre diáramente de cólera. O grande jornalista Ncube deve estar esquecido que os golpes palacianos em áfrica redundaram em banhos de sangue colossais, e que a restauração ou reabilitação de qualquer coisa no Zimbábue, deve ter-se sempre em conta o facto da população estar exausta de tanto sofrer, profundamente doente em todos os sentidos e com uma taxa de infectados com SIDA muito perto dos 40%, com um aparelho produtivo e administrativo pulverizado, e com aqueles que eventualmente podiam ainda ser o "motor" da recuperação não vai poder contar, porque estão completamente desprovidos de qualquer meio financeiro para dar início a seja aquilo que for. Aliás penso também que a maioria dos zimbabuanos brancos emigrou para África do Sul e Australia, e muitos estão agora em Moçambique. Vai ser outra tragédia e outro negócio.
Clap... clap... clap...
Palmas... vivas...
ao anónimo das 8.25 PM.
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