A cinco semanas da primeira volta das Presidenciais, Bayrou atingiu quase a igualdade no Barómetro das sondagens com a candidata da esquerda plural, Ségolène Royal. Sarkozy, segundo narra o Canard Enchainé, espera fazer entrar um novo coordenador- central na sua campanha. E não ilude a quebra percentual de intenções de voto: depois de ter " obrigado " a judia Simone Weil a entrar no seu comité de honra resolveu, inopinadamente, mudar de táctica (pela terceira vez) e tentar sensibilizar o eleitorado de direita radical, que vota maioritariamente por Le Pen, para tentar assegurar votos. O que quer dizer, que o centrismo refinado de que fazia alarde - um trabalhismo mitigado à inglesa...-, não lhe surtiu efeito e o eleitorado virou costas.
Bem dizia, o Dominique Villepin, que Sarkozy não tinha "pedalada" e a França arrisca-se a "encolher" política e economicamente como aconteceu com a Bélgica. Com o mal da direita podemos nós, o pior é que a candidatura de Ségo parece já ter cristalizado a imagem de uma certa inoperância política, principalmente pela exposição da candidata a golpes e golpadas dos líderes de tendência mais notórios, Laurent Fabius e Dominique Strauss-Khan, que expõem na praça pública as suas dissensões e diferenças tácticas...E tudo por causa das alianças " encapotadas " com Bayrou, claro. Fabius, mais calejado, diz que só se deve pensar nisso na segunda volta...
O candidato centrista, cristão-democrata, François Bayrou continua a capitalizar sobre os erros e omissões dos seus dois rivais, Sarkozy e Royal. O pior é que o centrismo francês não tem uma história muito edificante e o risco de falência da magistratura suprema de Bayrou pode ser enorme e dramático. Num texto muito impertinente e determinado, Jacques Julliard, historiador e número dois da direcção do Nouvel Obs., clique aqui, sublinha que o "centrismo está para o universo democrático contemporâneo como o unicórnio estava para o bestiário medieval: é um animal imaginário, compósito, com fama de virgem e apostado em sarar todos os envenenamentos ". " Um governo de centro faria correr à França o risco do agravamento dos conflitos e do extremismo.". Assim como o regresso à instabilidade política criada pelo "regime de partidos". " O restabelecimento da proporcional no país dos 400 queijos - sem falar das misturas governamentais -aportaria fatalmente este resultado ".
" O centrismo é uma má resposta a uma questão mal colocada. As dificuldades actuais da França não derivam de um defeituoso funcionamento das suas instituições, mas de uma corrupção dos costumes políticos e, sobretudo, do coma profundo da negociação social. Precisamos de um novo contrato cívico, mas não de uma mistificante cena de beijos para a galeria ", frisa o grande politólogo, antigo rocardiano que já apelou ao voto em Chevènement. E apoia agora Segolène Royal.
Num outro texto, no Libération, clicar aqui, um reputado sociólogo do CNRS, Jean Viard, aconselha Ségo a afirmar que irá " propor um governo enquadrado ao centro "." Minha senhora, permita-me que lhe diga, precisa de aliados que amem a economia de mercado, precisa de apoiantes para renovar a nossa democracia, precisa da França em conjunto para modernizar um Estado que se criva de dívidas para se não reformar. E esses aliados não estão situados à vossa esquerda, salvo algumas excepções desorientadas, eles situam-se ao centro, eles são atraídos por François Bayrou. Nele esta situada por um período de tempo a aliança para favorecer um Estado moderno e forte num mercado criativo e dinâmico ".
E deixa este aviso pleno de inquietação: " O PS não tendo repensado convenientemente a ideia de Estado numa sociedade hipertecnológica e fluida, arrisca-se a deixar à direita sarkozyta a sua reforma necessária que será dura e violenta. E não tendo também suficientemente repensado e difundido uma nova cultura da economia de mercado e da mundialização, não consegue incarnar a apaixonante aventura, sem dúvida bastante imprevisível, de uma humanidade reunificada num planeta totalmente interconectado. O homem vive um momento de viragem e a esquerda tem medo! ". Sego deu hoje uma entrevista ao diário económico, Les Echos, e responde, taco-a-taco, a este desafio: " A profundidade da crise exige uma revolução ". Jura que não aumentará os impostos e diz que lançará, no Outono, um referendo sobre o futuro das instituições", no sentido de " reconciliar o país com as empresas ".
FAR
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