quarta-feira, 21 de março de 2007

III - Presidenciais Francesas: A eleição será um golpe de azar, frisa Villepin

O PM francês foi aos EUA falar com os intelectuais americanos pró-França, com Bill Clinton e o secretário geral da ONU. Deu uma grande conferência no campus de Harvard e preconiza o reforço da cooperação entre os USA e a Europa para o período pós - Bush II.

Dominique de Villepin deu uma " escapadela " até aos USA para comemorar, à sua maneira, o 4° aniversário da invasão do Iraque pelas tropas comandadas sob o controlo dos Estados Unidos. Convidado por Stanley Hoffmann, da Universidade de Harvard, porventura o mais " frenchie " dos grandes intelectuais americanos da actualidade, o PM francês entusiasmou a audiência - anfiteatro nobre cheio a rebentar pelas costuras como tinha acontecido com a palestra de Khatami, o ex-PR iraniano - e não se furtou a indicar que o resultado das presidenciais de 22 de Abril terá a ver com " um golpe de azar ", pois, acrescentou, os quatro principais tenores à chefia do Estado, apresentam percentagens quase equivalentes nas sondagens sobre a intenção de voto...

Toda a gente se questiona onde irá ser " colocado " Villepin, na noite da segunda volta das presidenciais francesas. Alto-comissário da ONU, embaixador em Washington, professor numa Universidade americana para rectificar os erros cometidos nos doze anos de vida política no topo gaulês? O que é certo, enquanto Sarkozy fez a volta dos " presumidos " à Casa Branca, Villepin avistou-se em Nova York com Bill Clinton e a nata da intelectualidade americana que pensa o " soft power " para o futuro do equilíbrio geopolítico do Mundo.

Num artigo no Le Monde, um dos correspondentes do jornal nos USA, revela a disposição do actual PM francês, em estilo confidencial: " Não tenho vocação para me imobilizar... ". Sabia-se que Jean-Louis Debré, actual presidente do Conselho Constitucional, lhe tinha oferecido a sua circunscrição nos arredores de Paris para ele a disputar nas Legislativas. Só que, refere o Le Monde, Villepin sinalizou já " que isso não lhe interessava ". " Uma missão, um combate! Amo o que é novo e o desconhecido. A cultura? A arte? A paz? A justiça? O desenvolvimento..., enumera o PM francês ", pontua o Le Monde.

Stanley Hoffmann, o grande sociólogo-politólogo de Harvard, confessou ao vespertino parisiense que tinha achado o PM francês "mais relax e voltado para o futuro ", do que há meses atrás no auge da crise terrível do falhanço do lançamento do Contrato de Formação Profissional para a Juventude, o verdadeiro canto do cisne da praxis política de Dominique de Villepin. Página virada, Dominique lembrou aos estudantes de Harvard a grande força do " modelo " americano:" A verdadeira força do modelo americano, não é constituída pelo seu exército. Pelo contrário, é constituída pela sua capacidade a incarnar o progresso e a modernidade, o controlo das tecnologias de alta definição e pela atractividade do seu território e da sua cultura aos olhos do mundo ".

FAR

8 comentários:

Anónimo disse...

Este ex-diplomata, que nunca se deu ao trabalho de se submeter ao voto do povo para exercer cargos políticos, não vai ficar na história da Quinta República. Não passou de um moço de recados do Chirac, mas sempre é menos sinistro do que o pseudo-delfim deste último, um certo Nicolas Sarkozy.

Anónimo disse...

O sr. Alípio Severo é um sósia de um negociante de azeite que gosta, nos últimos tempos, de promover a pornografia encaixotada em poemas avulso de colectâneas requisitadas na Biblioteca Muncipal. A prosa de tom estaliniano, a sulforosa e emproada prosápia de contador de histórias de barbearia, acicata a laracha e ilumina a rasteira castração de um relevante leitor convulsivo do Correio da Manha, com ou sem tilt. Vade retro satanàs! FAR

Anónimo disse...

Cruzes, Amigo FAR! E até posso garantir que só consulto o Correio da Manha (sem TIL, porque "tilt" lembra o "flipper")para me informar acerca dos resultados futebolísticos nacionais. E, já agora, dado que fez referência a "poemas avulso", posso acrescentar que o simpático Villepin também tem dotes poéticos. Ocorre-me, porém, lembrar que este, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, teve uma excelente actuação nas Nações Unidas ao explicar as razões que levaram a França a opor-se à aventura americana no Iraque. Tal missão foi, evidentemente, a mando de Chirac e até contou com o meu humilde aplauso.

Sempre a considerá-lo, atenciosamente.

Anónimo disse...

As pessoas a lerem o NYT, o Monde, a The New Republic, etc e tal- por vezes com rigor microscópico- pois, como se sabe, as notícias em torno de Villepin são postas nas páginas mais esquecidas, e bumba, jogada de diversão contra este meu esforço titânico de querer viver de outra maneira, e arrastar a mentalidade e o conhecimento dos outros para novos patamares de beleza e audácia!.
Aliàs, o que há de louco e fantástico em Villepin- diplomata de carreira assim como o Lionel Jospin...-é que ele queria ultrapassar a mediocrita que entrava a doce e fabulosa França. E foi graças a essa audácia, a essa vontade iconoclasta de vencer( será que há sangue marroquino em Villepin.?.), que brilhou a grande altura na ONU contra GW Bush e os seus pandilhas, e por isso ficou célebre no mundo inteiro. FAR

Anónimo disse...

Prezado FAR,

Tudo bem. Dominique de Villepin é, efectivamente, um homem culto e com bastante talento. Foi um razoável funcionário do "Quai" e terá sido um não menos competente ministro dos Estrangeiros. Mas foi, igualmente, um medíocre chefe de gabinete do presidente Chirac. Villepin é acusado e com alguma razão, à direita, de ter convencido Chirac a dissolver a Assembleia Nacional em 1995 e a convocar eleições antecipadas, provocando assim a vitória do socialista ex-trotskista Jospin. Como Primeiro Ministro, Villepin também deixou bastante a desejar, embora tivesse sido bem melhor do que o pobrezinho do Raffarin, digno sucessor de La Palisse. Como tive o ensejo de sugerir anteriormente, o pseudo aristocrata Villepin é um personagem demasiadamente vaidoso, um defeito grave para quem tenciona fazer política. Todavia, podemos dar-lhe razão quando tratou de "connards" certos deputados do partido desse anão político que se chama Sarkozy e que, paradoxalemnte, poderá vir a ser eleito presidente. Não admira que a socialista Senhora Dona Ségolène Royal e o democrata-cristão François Bayrou tenham iniciado uma campanha em prol da instauração de uma Sexta República. Um "esforço titânico", tal como aquele em que o meu bom Amigo FAR afirma estar envolvido nestas lides e paragens.

Atenciosamente,

Anónimo disse...

Mister Alípio: Satisfaz-me bastante ver que " sabe " do que está a falar. E trata as coisas pelos nomes. Sarkosy anão mas, para o contexto político francês, claro. Se bem que tenha sido ministro " despachado " em vários tabuleiros e, há dias, a Simone Weil distinguiu-o como modelar governante. O Balladur, um banqueiro de alto coturno mundial, patrono de Sarko, também relevou o mesmo. Portanto, anão é o adjectivo para significar mesquinho ou sem estatura moral. Mas, a França não tem muito para escolher: o Blazy é cirurgião e como ministro dos Estrangeiros foi uma vergonha, como o ja tinha sido na Saúde.... A classe política francesa comparada com a lusitana, é como a diferença do dia e da noite: só que Sarkosy é advogado e não fez nem Sciences-Po nem a E.N. Sup. nem a E.N.A., onde andaram a Ségo, o Hollande, o Villepin e tutti quanti... Mas, ele, Sarko, foi maire aos 28 anos e " roubou " a Cecília grávida a um amigo do show-business... no dia do casamento deles. Boa discussão. Salut! FAR

Anónimo disse...

Excelentíssimo FAR:

Sou levado a crer que Nicolas Sarkozy, aliás Nicolas Paul Stéphane Sarközy de Nagy-Bocsa, é um anão político à escala global. Enquanto ministro da Economia e das Finanças, bem contribuiu para agravar o problema do défice público do país, embora tenha permanecido pouco tempo nesse cartório. Como ministro da Polícia, vulgo do Interior, foi completamente ultrapassado pelos inflamados acontecimentos que se registaram nas periferias das grandes cidades francesas, no outono de 2005. Ele poderá ser um político algo heterodoxo, por não ter frequentado a ENA. Porém não inspira muita confiança: porque traiu Chirac, ao apoiar Balladur nas eleições de 1995, e, também, porque foi lamber as botas ao presidente dos Estados Unidos, o que não é uma atitude digna de um homem de Estado.

Segundo as sondagens, é este personagem de baixa estatura física e intelectual que os franceses se preparam para colocar no pedestal do Eliseu. Esperemos que as contas estejam erradas e que o eleitorado venha a designar um verdadeiro representante da chamada França profunda, que não poderá ser este menino de Neuilly. François Bayrou e Ségolène Royal surgem assim como emanações bem mais legítimas das camadas populares da sociedade gaulêsa e não este descendente de aristocratas húngaros que agora se declara disposto a criar um ministério da Identidade Nacional, para ir buscar uns votozinhos ao eleitorado de Le Pen, o que até suscitou críticas por parte da madrinha Simone Veil.

Anónimo disse...

Boa noite, mister Alípio: Acabo de ler coisas abracadabrantescas: o Laurent Joffrin, o actual director do Libération, publicou umas páginas do seu novo ensaio político- La Gauche Bécassine "- onde prevê a derrota da Ségolène, ele que a apoia. Fundamenta, sintecticamente, a sua tese no facto do PS francês não ter um discurso, nem uma prática política modernas, isto é, ajustadas aos tempos duríssimos da Mundialização.
Segundo o Canard Enchainé, de ontem que chega aqui hoje, o Sarkosy treme porque já perdeu sete pontos nas sondagens. Sobre o Bayrou os politológos dividem-se: há quem diga que o lavrador-prof de liceu não ultrapassa os 10 por cento reais. Ségolène só por milagre irá lá: tem revelado pouca fibra e sustentabilidade teórica, com os elefantes do partido-âncora a " gozarem " um pouco o desastre. Enfim, aquele " bordel ", que podia ser criador e auspicioso, degenerou numa corrida fatal para a derrota. Mas, como o Chirac fez o mínimo por Sarko, numa declaração inusitadamente política e republicana- ao mesmo tempo que o não deixou ficar no Ministério do Interior( sic Canard Enchainé) até ao dia das eleições... Ségò. talvez faça das fraquezas-força e nos espante. Bayrou, de quem vi uma entrevista na TV 5, é uma coisa um pouco sinistra,melíflua, oscilando entre a direita republicana e o mais choco e coxo dos oportunismos. A ver vamos.Não deixe de ser manifestar, mister Alípio. FAR