quarta-feira, 28 de março de 2007

Em Foco

# Arábia Saudita tenta "moderar" o PR iraniano
O rei Abdullah surge cada vez mais como o mediador da paz(será a americana?) no Médio Oriente. Amanhã recebe em Ryad os líderes dos 22 estados que compõem a Liga Árabe. Segundo informações veiculadas hoje pelo Financial Times, o rei saudita e o PR iraniano trocaram palavras "muito duras" numa recente visita de Ahmadinejadh à capital saudita. Aliàs, acrescenta o FT, a reunião da Liga Árabe, que tinha sido marcada para outro estado-membro por recusa do anfitrião, foi recuperada pelo rei Abdullah, tentando ultrapassar "a frustação da algaraviada inconsequente da Liga e examinar as tensões múltiplas que sacodem o mundo árabe". O monarca saudita advertiu o PR iraniano de que os "barcos de guerra estacionados no Golfo não estão lá a passar férias... ", acrescenta a notícia do correspondente do FT em Ryad, que anuncia que os sauditas estão a "pressionar os EUA para que Olmert se sente à mesa das negociações com as autoridades palestinianas, quanto antes".

# Jacques Delors explica sem subterfúgios como funciona a União Europeia
O mais célebre e reputado dos presidentes da Comissão Europeia, onde passou dez anos decisivos para o futuro da Europa no Mundo, 1985/95, deu uma importante entrevista ao Le Monde sobre as fraquezas e as virtualidades da Europa dos 27. Ponto capital foi quando lembrou o funcionamento da União. Claro como água, o sr. Europa- que tanto fez por Portugal- aponta: " É preciso fazer recordar com muita veemência assertiva que o essencial da política económica, da política laboral, da Segurança Social e do escalonamento dos salários são da competência nacional exclusiva ". Está lá, preto no branco., o que nos pode fazer ver o outro lado da " convergência " que o bom do Guterres deixou escapar... Invoca, por outro lado, a " deterioração da economia mundial"( a bolha do imobiliário americano?.), para justificar e alertar : " Os países fecham-se sobre si-próprios, os reflexos nacionalistas regressam ". Delors presta homenagem à grande estatura de Estado de Gorbatchev, Khol, Mitterrand e Bush-pai, que fizeram a transição pacífica da antiga URSS para a democracia.
Só não evitaram foi a proliferação das receitas big-bang do capitalismo anglo-saxónico que desestruturaram tanto as economias dos países do Leste livres, nota com finura.

# Congo de Kabila-II de novo em maus lençóis
O bairro das embaixadas em Kinshasa tem sofrido imenso com os combates de rua entre o exército regular e os 100 homens da guarda pessoal do antigo candidato, Jean-Pierre Bemba. O presidente Joseph Kabila queria dissolver a pequena milicia que assegura a protecção do seu antigo rival na corrida presidencial de Outubro último: Receoso , o infeliz candidato recusou e resolveu ripostar ao cerco efectuado da sua sede-residência. Balanço não confirmado: Dois mortos e quatro feridos civis. A embaixada de Espanha e as instalações da UNICEF foram atingidas pelas rajadas de morteiros e bazzoka. De realçar, no entanto, que as tropas onusinas da MONUC, que patrulham especialmente o bairro residencial e das embaixadas, não se intrometeram entre os beligerantes. Bemba refugiou-se na embaixada da África do Sul. Mais um dossier para a OUA resolver, em conjunto com o da terrível situação do Zimbabué, com apoios diversificados e contestados na região prodigiosa dos Grandes Lagos.

# Zbigniew Brezinski alerta para rastilho da guerra do Iraque
Numa entrevista ao Le Monde, no passado fim de semana, o politólogo e antigo conselheiro de Carter adverte para a indispensabilidade de um calendário fixo para a retirada das tropas americanas do Iraque. Invoca que a guerra do Iraque " não é de interesse nacional", mas tão só, é uma guerra "de arrogância pessoal, que não se pode prolongar indefinidamente ". E alerta, acima de tudo, para os riscos enormes que o prolongamento da guerra podem trazer. Pois, frisa, "os EUA podem-se ver envolvidos num conflito disseminado com o Irão, o Iraque,o Afeganistão e o Paquistão,ao mesmo tempo."

FAR

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