quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Que me quereis, perpétuas saudades?

Car j ' imite... Tout le monde imite.

Tout le monde ne le dit pas.


Aragon


Que me quereis, perpétuas saudades?

Com que esperança ainda me enganais?

Que o tempo que se vai não torna mais,

E, se torna, não tornam as idades.


Razão é já, ó anos, que vos vades,

Porque estes tão ligeiros que mostrais,

Nem todos para um gosto são iguais,

Nem sempre são conformes as vontades.


Aquilo a que já quis é tão mudado,

Que quase é outra cousa; porque os dias

Têm o primeiro gosto já danado.


Esperanças de novas alegrias

Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,

Que do contentamento são espias.


Carlos de Oliveira

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