Armando,
Esqueci-me de perguntar se o Severo veio, para gozar a reforma no bonançoso remanso da valente nação na rota dos aviões da CIA, ou apenas passar umas férias entre os adoradores de torsos nus – (que o Andy Warhol chamava um figo porque não conhecia o Ronaldo) – de jogadores de futebol. Se for este o caso, possivelmente, não nos encontraremos, porque tenho de me recolher até ao Natal para escrever mais uma gloriosa aventura da GNR, que tantas alegrias nos tem dado em teatros de guerra, como o Iraque, em cinemas de reposições, como o Kosovo, e ainda em cafés-teatro do burlesco, como Timor. Os nossos militares merecem todos os sacrifícios para lhes pagar os cerca de setecentos contos por mês, livres de impostos, enquanto elevam o nome de Portugal tão alto como a passarola de frei Bartolomeu de Gusmão (que, curiosamente, nunca passou do chão, mas isso são pormenores de somenos importância num país de repimpada História), mais alto ainda que a dupla cómica Madaílão e Scolarão – essa lusificação de Tom and Jerry. E eu quero contribuir cantando-lhes a guerreira saga numa prosa, sem rimas, mas muita continência e… “os seus documentos, cidadão”, “vai pagar em dinheiro ou Multibanco?”, “tenha uma boa viagem”.
Deves ter reparado na gralha inserida na última mensagem. Onde se lia “loribellizada” deve ler-se “floribellizada”. Mais um portento cultural da fábrica Balsemão, que muito investe nas actrizes portuguesas, vestidas em “Floribella” e nuas em “Jura”, para nos aquecer o serão televisivo e as manchetes do “24 Horas”. Tudo pintalgado de “qualidade” como é hábito numa sociedade moderna e exigente. Se, quando avistava terra, o marinheiro da gávea reclamava alvíssaras ao capitão do navio, Balsemão, por enxergar as “fadas das audiências”, deveria pedir ao Estado mais encomendas de serviço público (para não parecer subsídio). E aproveitar as vantagens deste patusco liberalismo económico que só sabe inventar associações, agências, empresas etc. para prestar serviços ao próprio Estado cujo enfraquecimento advogam. Quando a nós… só poderemos desejar que o jornal Sol não lhe tape a peneira.
Um abraço.
Maturino Galvão
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