Em entrevista à Noticias Magazine de hoje, o ministro finlandês da Educação, Antti Kalliomaki, vem explicar de forma muito simples as bases do "milagre educacional finlandês", que transformou em 30 anos um país relativamente atrasado num modelo de inovação, progresso e dinamismo. Ao contrário do que afirmam os ultraliberais, não parece ter a ver com privatização da educação ou cheques-ensino, mas com outras coisas muito simples:
Antti Kalliomaki: "No meu país todos tem direito a uma educação básica gratuita, que inclui o equipamento necessário e os livros escolares, transporte, serviços de saúde e refeições. (...) Não há propinas no ensino secundário, nos politécnicos e nas universidades. (...) O Ministério financia ainda as actividades extra-curriculares dos alunos do ensino básico e o transporte escolar na pré-primária. A educação é essencialmente financiada pelo governo e pelas autoridades locais."
Noutros pontos da entrevista, compreensivelmente demasiado extensa para ser aqui convenientemente transcrita, Kalliomaki indica os restantes pontos-chave do modelo educacional finalndês: a responsabilidade pela gestão das escolas é das autoridades locais, no entanto o programa e os objectivos educacionais são centralizados e definidos pelo Ministério; a autoridade máxima é um reitor, que é necessáriamente um professor; aposta-se cada vez mais no ensino profissionalizante, que absorve já 38,5 por cento do total de estudantes do secundário. É espantoso verificar como estas linhas se afastam inexoravelmente de modelos tidos e apresentados como "únicos" ou "inevitáveis" pelos ultraliberais de serviço. Aqui, o estado responsabiliza-se pela Educação, e assegura a sua gratuitidade, unica forma de promover a igualdade e evitar o desperdício de cérebros por questões sociais. Como diz a entrevistadora, ao que Kalliomaki concorda absolutamente, "vale a pena investir dinheiro na Educação porque esta dará retorno".
1 comentário:
Pois é, André.
E, por cá, o Ministério faz uma política que visa essencialmente reduzir despesas, esquecendo-se do essencial da questão. Pergunto-me: qual é a média para entrar numa ESE que me dará acesso a ser professor no 1º ciclo. Para entrar em Arquitectura já ronda os 18... O ME está cego e não pretende fazer qualquer reforma séria. Quando o palerma do Sampaio se referiu ao sistema de ensino da Finlândia devia ter mais cuidado e explicar o tamanho do país e outras merdas. O nosso sistema educativo necessita urgentemente de uma reforma à séria. Acho que podemos apanhar uma série de ex-ME numa qualquer conferência pública esta semana(V. Expresso).Seria interessante que alguém os questionasse.
Um abraço do
Fernando Rebelo
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