quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Os primeiros cem dias do consulado de Romano Prodi relançam imagem da Itália solidária e activa

A edição mundial do New York Times elogia a prática política do sucessor de Berlusconi. A Comissão Europeia, a ONU e os EUA saúdam a " habilidade " e a "determinação " do PM italiano. Um rumo claro e exequível para a política externa europeia parece agora ser possível. Por outro lado, a Itália pode refazer a sua abalada economia dinamizando os laços tangíveis que a ligam ao Irão, ao Iraque e à Síria. Para lá das relações estreitas que a ligam à nova Líbia de Kadafi.

O texto da magnífica Christine Fauvet-Miscia, especialista em temas europeus do Le Figaro, tem o condão de nos tranquilizar sobre a empolgante caminhada da heteróclita coligação de centro-esquerda dirigida por Romano Prodi. Insere-se no bom clima de aceitação mundial da experiência da alternância política italiana. Tão massacrada pelo populismo extremista e nauseabundo incarnado pela coligação de direita - extrema direita dirigida pelo polémico e imprevisível Sílvio Berlusconi, a quem Bush facultou o seu estratego principal para o salvar da derrota irremediável.

Christine Miscia recorda as palavras de Prodi no seu périplo europeu, a Bruxelas, Paris e Berlim, que punham a tónica na capacidade de transformação do impasse político da UE. "Seremos alguém no Mundo a ditar cartas, quando o conseguirmos fazer na Europa, repete o PM italiano. Amigo do Vaticano e hábil diplomata do consenso exaustivo e persistente em movimento, Prodi herdou uma economia exangue com uma dívida pública que ultrapassa os 100% do PIB. Muito pior, portanto, que a portuguesa para um país com uma longa liderança histórica e uma economia que fazia inveja a todos os seus vizinhos...

Prodi avançou lesto no processo de cessar-fogo da guerra fratricida do Líbano. Tomou medidas de grande coragem política, guiou com inexcedível brilhantismo todo o dossier e acaba de presidir ao envio de metade dos 2500 solados que integram a parte tricolor da FINUL.

" A Itália que não disfruta, ao invés da França e do Reino Unido, de passado colonial ( se exceptuarmos a Líbia), tira partido junto dos seus interlocutores do papel de mediador que pode exercer face ao Mundo Árabe . Para favorecer em breve uma solução política para o Próximo Oriente, propõe tirar partido de novos canais de discussão tanto com a Síria como com o Irão, com quem instituiu um forte partenariado comercial, destaca a especialista do Le Figaro.

FAR

1 comentário:

Anónimo disse...

O passado colonial da Itália ficou práticamente resumido à antiga Abissínia, hoje a Etiópia, com uma gestão ultramarina ainda mais desastrosa do que qualquer outra potência colonial. A Itália solidária? Ou um Romano Prodi solidário, como absoluta excepção à regra?