domingo, 24 de setembro de 2006

3º mail de um amigo recém-chegado a estas lides:

Armando,

Desta vez consegui ser mais célere no acesso aos mails. Quanto ao almoço gostaria imenso de ir. Vou tentar. Mas não prometo nada, pois o fim-de-semana é sempre um período chato para fazer seja o que for (hábitos de professor). Pior ainda, estou a regressar ao meu ritmo para pegar no teclado, (antigamente dizia-se caneta), outra vez e escrever “Como Água Suja para Baunilha”. Uma despretensiosa crónica da religiosidade portuguesa. Parto de um fait-divers policial: um roubo, que será investigado pela minha heroína GNR, a Angelina Bonitinha. Na trasladação do cadáver da irmã Lúcia do Carmelo, em Coimbra, para o santuário de Fátima, um necrófilo assalta o carro funerário e rouba o corpo. Leva-o para casa. Mete-o na cama. Têm uma vida marital ideal, pois nos bons velhos ensinamentos católicos, a mulher deve ceder aos apetites sexuais do marido como um ditame de Deus. Como consequência do sexo puro e duro o cadáver engravida e nasce o anticristo. Depois as portas do inferno abrem-se para Portugal. Tudo lhe sucede. Até congressos do “Compromisso Portugal”.
Eu uso sempre elementos da realidade para compor os livros. Coisas do arco-da-velha, que poderão parecer ficção, mas que de facto sucederam, são encadeadas com diálogos tirados da boca dos nossos donos – o cardeal patriarca, Wbush, Sócrates, polícias, militares etc. etc. portanto, neste livro as calamidades religiosas que assolarão o “povo à beira-mar plantado” existiram de facto.
Tenho dado uma vista de olhos ao blog. Está fixe. Ou, usando uma linguagem mais moderna, porque foribellizada, “ hiper mega ri-fixe”. Está bastante artístico. Eu acho que se deve usar a arte para destruir a Cultura. No primeiro livro tentei destruir dois mil anos de Cultura. Não poupei nada nem ninguém. Mas ter abusado do palavrão torna-o impossível de ler para os espíritos mais fracos. O português vernáculo borrou a mensagem, por isso neste que estou escrever, faço um esforço para não abusar. Mas como sabes, é impossível escrever literatura portuguesa sem duas coisas – usar palavras em inglês e obscenidades cabeludas (como dizem os brasileiros).

Um abraço.

Maturino Galvão

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