O " segolismo destrói a distância aristocrática entre alta política e os problemas do dia-a-dia"
Uma súbita e arrazadora vaga de adesões ao P.S. francês levou o politólogo, Zaiki Laidi, próximo da mouvance rocardiana,a estudar neste texto os contornos de um inesperado fenómeno político e espectacular no interior do sistema gaulês multipartidário. Verdadeiro fenómeno político, o " segolismo" deve ser tomado " a sério ", frisa o cientista. " Ele exprime a transformação profunda do sentido da política, que deixou de ser um tipo de realidade que transforma os homens para os projectar agora num mundo ou numa realidade diferentes. Gera-se com o objectivo de ajudar as pesssoas no dia-a-dia vivido ".
" O político não é tudo, mas está em tudo ", sublinha o politólogo, acrescentando que " essa é a realidade do nosso tempo, e, voilà, o que o segolismo tenta captar". " O segolismo não é senão a incarnação desta revolução, pela qual os indivíduos inseridos em sociedade não podem viver, exprimir-se e orientar-se senão em relação a mundos vividos , isto é, em relação com os contextos profissionais, identitários e culturais que organizam a vida ".
O alcance da análise prossegue: " A revolução dos ´mundos vividos não elimina o colectivo mas realiza o seu primeiro alvo no indivíduo, para quem um projecto de sociedade
não se pode assemelhar a um modelo chaves-na-mão fazendo sinais para " um outro mundo ". Desta forma, prossegue Zaiki Laidi, " a forma legítima da política torna-se o que os ingleses apelidam de política da vida. Política da vida parte de baixo, dos problemas do quotidiano. Politiliza mesmo as pessoas que não estavam para aí viradas. Destrói a distância aristocrática entre alta política e os problemas do quotidiano. Da mesma forma, desqualifica a racionalidade, estilhaça simbólicamente a distância entre aquele que sabe e o que deve saber. Precisamente, porque parte do a priori que cada cidadão é portador de uma verdade, de um fragmento de experiência e de saber ".
Existe nestas propostas, confia o autor, " uma parte de ilusão, de confusão de géneros e de potencial demagogia: " Tanto mais que o exemplo de Blair está lá para nos mostrar quanto uma filosofia fundada precisamente sobre a vida política, politics life, descambou numa concentração sem precedentes do poder político na Inglaterra. E não existe a priori nenhum para que por encanto a França escape a tal processo".
" O segolismo reenvia-nos também para uma técnica política fundada, sobre a qual o sr. das sondagens yankee, Dick Morris, apelidou de triangulação política. Que foi posta em prática por Bill Clinton e retomada depois por Tony Blair. "Parte da ideia que a direita é, política e sociologicamente, mais forte do que a Esquerda sobre certos assuntos; e que as hipóteses de chance desta serão diminuídas ,se ignorar ou se atacar frontalmente os valores dessa direita ", revela. Leiam o texto e meditem. O que se sabe, por ora, é que a direita francesa, em geral, e Nicolas Sarkosi, em especia, ficaram sonados pelo " clinto-blarismo " da companheira do (ainda) líder do PSF...
FAR
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