Análise de Daniel Vernet sublinha pontos de convergência e perspectivas de colaboração económica e política entre o Ocidente, a China e a Rússia
O presidente chinês, Hu Jintao, deve juntar-se aos seus oito colegas em St-Petersburg , símbolo da intenção suprema de equilibrio e realismo que os estados-maiores das grandes potências mundiais asseguraram preliminarmente. De um modo geral, as pombas e os falcões dos dois lados assimétricos do poder mundial querem esbater diferenças perigosas de análise e intervenção no terreno, em especial no que se refere à assinatura da Carta Energética, aos contornos ameaçadores do dossier nuclear avançado quer pela Coreia do Norte quer pelo Irão e ao quebra-cabeças da guerra sem fim do Médio Oriente . " Não se prevêem grandes e sonantes altercações entre os diversos intervenientes da primeira linha da política mundial",salienta num debate on-line, o editorialista e expert em política internacional do jornal Le Monde, Daniel Vernet, ontem publicado.
Para o especialista do Le Monde, a Rússia não quer nem deseja instituir o diktat de " realismo ofensivo ou de forte competição " com os seus rivais ocidentais e com a China. Assegura, por outro lado, que a presença russa na Ásia Central funciona como tampão e contenção do " contágio islamista . E,em relação à China, é manifesta a inquietação russa pela vizinhança da China junto à fronteira siberiana, território que pode ser cobiçado pelos enormes recursos mineiros que encerra. " Assiste-se a uma espécie de relação triangular Washington,Moscovo e Péquim. Cada um procura estabelecer e reforçar relações com um dos outros dois para suportar o terceiro ", frisa. Mas não ilude o essencial: " Houve um enfraquecimento incontestável da potência russa, porque perdeu os países satélites da era estalinista e também os que tinham feito parte do império tsarista ", acrescenta. A sua influência política e militar é, hoje, " mínima no próximo Oriente. Daí que ande a reboque dos EUA, da União Europeia e da ONU naquelas paragens".
Vernet chama a atenção para a estrutura e composição do estilo de governar de Poutine. Apelida-o de " Poder Vertical ", alertando para o facto de o presidente nomear não só os Governadores territoriais como, a breve prazo, os próprios presidentes das principais autarquias . O grupo que gira à volta de Poutine partilhou/reforçou o poder entre si. É uma espécie " de modelo soviético ", ironiza. No entanto, alerta, existe uma crescente classe média que luta por mais transparência e aposta nas liberdades. Ao mesmo tempo que deseja uma forte e colaborante aproximação com a Europa.
FAR
1 comentário:
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