Não queiras, não perguntes, não esperes
Isto que passa como vida e tu
medes em dias, horas e minutos
ou como tempo passa e vais medindo
em rugas ou lembranças e em sombrias
e plácidas visões de coisa alguma,
às vezes sorridentes, mas sombrias ;
sim: isto, a que dás nomes, que separas
do resto em que surgiu, de que surgiu;
isto, que já não queres, não interrogas,
de que já nada esperas, mas que queres,
por que perguntas sempre, e por que esperas ;
isto, que não és tu, nem vai contigo ,
nem fica quando vais; em que não pensas,
porque ao medir apenas medes e
nada mais fazes que medir- só isto,
apenas isto, isto unicamente:
não queiras, não perguntes, não esperes,
que o pouco ou muito é tudo o que te resta.
Jorge de Sena
Sem comentários:
Enviar um comentário