quinta-feira, 13 de julho de 2006

Rondel

De amor quem amo nunca sei ao certo

e a quem me tem amor sei que esse amor

eu amo ardentemente e nada mais.

Dizer de amor, sei bem de quem não digo;

não sei, porém, já se o disser, de quem.

Tudo se perde no que quero. Às vezes

quando possuo, não possuir quisera.

E teu amor me quer. Como saber

se quero ou não quero que se perca ?

Dizer de amor,assim, pensando em tudo ?

Ser esse amor que sou em teu amor ?

Como é possível nascer outro, enquanto

o mesmo me conheço e a quem nasço ?

Qual um ou outro? O que se esquece? Aquele

que se recorda? O que não pensa ? O que

finge lembrar-se? Mas lembrar o quê ?

Eu amo ardentemente e nada mais.


Jorge de Sena

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