De amor quem amo nunca sei ao certo
e a quem me tem amor sei que esse amor
eu amo ardentemente e nada mais.
Dizer de amor, sei bem de quem não digo;
não sei, porém, já se o disser, de quem.
Tudo se perde no que quero. Às vezes
quando possuo, não possuir quisera.
E teu amor me quer. Como saber
se quero ou não quero que se perca ?
Dizer de amor,assim, pensando em tudo ?
Ser esse amor que sou em teu amor ?
Como é possível nascer outro, enquanto
o mesmo me conheço e a quem nasço ?
Qual um ou outro? O que se esquece? Aquele
que se recorda? O que não pensa ? O que
finge lembrar-se? Mas lembrar o quê ?
Eu amo ardentemente e nada mais.
Jorge de Sena
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