sexta-feira, 28 de julho de 2006

Aviso de porta de livraria

Não leiam delicados este livro,

sobretudo os heróis do palavrão doméstico,

as ninfas machas, as vestais do puro,

os que andam aos pulinhos num pé só,

com as duas castas mãos uma atràs e outra adiante,

enquanto com a terceira vão tapando a boca

dos que andam com dois pés sem medo das palavras.


E quem de amor não sabe fuja dele:

qualquer amor desde o da carne àquele

que só de si se move, não movido

de prémio vil, mas alto e quase eterno.

De amor e de poesia e de ter pátria

aqui se trata : e que a ralé não passe

este limiar sagrado e não se atreva

a encher de ratos este espaço livre

onde se morre em dignidade humana

a dor de haver nascido em Portugal

sem mais remédio que trazê-lo n´alma.

Jorge de Sena

1 comentário:

Anónimo disse...

não sei porque razão, mas penso que terá a ver com a formatação do texto, este aparece cheio de símbolos estranhos que quase impossibilitam a leitura... e tenho pena.

Será software dedicado ? microsoft ?