quinta-feira, 20 de julho de 2006

"Ce funeste langage"

Levanta-te e caminha, hesitante palavra

sobre a aresta do mês onde até mesmo Deus

esquece e a crua luz sensivelmente lavra

através de caídos sucessivos véus


Sinal equivalente ao quente cais que canto

aqui na orla da manhã só prometida

a quem matou a morte e desconhece quanto

à morte se devia a ciência da vida


Já tudo o que passou parece imaginado

e Ana Karenina tem no olhar ausente

a estrada que se perde a cada passo andado


Ó palavra impossível cuja vizinhança

a outra, útil ou portátil, não consente,

abre o poema, símil da lábil criança


Ruy Belo

2 comentários:

Anónimo disse...

Interesting website with a lot of resources and detailed explanations.
»

Anónimo disse...

Nice idea with this site its better than most of the rubbish I come across.
»