quinta-feira, 13 de julho de 2006

Itália: bons exemplos para vencer a crise das indústrias tradicionais

O NY Times revela a prodigiosa aventura dos jeans italianos a 8oo Euros/peça

Sair e ultrapassar a crise com os bons exemplos italianos. Contornar o estertor das regras férreas do fordismo, apostar no dinamismo dos factores complexos de competitividade. Design, luxo e imaginação. Dos sapatos ao vestuário, dos modelos únicos da Lancia e Maserati aos jeans bordados de fama mundial vendidos a 800 Euros cada peça. Tudo isso é uma das muitas deliciosas histórias da edição estival do N.Y. Times. Tinhamos já conhecimento do esplendor inimaginável das colecções de Moda e adereços da Gucci , da Tussardi ou da Dolce & Gabana, que a edição italiana da " Vogue" nos faz sonhar acordados todos os meses. A aventura das Martelli Lavorazioni Tessili- jeans bordados e deslavados- complementa essa aposta na audácia e na classe transalpina. E de que todo o mundo fala e quer comprar, seja por que preço fôr...

A superior factura do texto da NY Times- edição de ontem- introduz-nos na odisseia do fundador da têxtil Martelli, nome genérico e singular dos jeans mais caros e fantásticos do Universo, que deixam para tràs a aura dos Cardin ou dos Yves Saint Laurent. Tudo indica, alias, que a qualidade das peças Martelli é tão grande e imbatível que várias marcas de prestígio lhe encomendam linhas de modelos para vender com o seu próprio label.

A técnica operacional da pré-lavagem das gangas foi copiada de um processo antigo de fabricação japonesa. A arte e perfomance italiana do Design e do Corte, elementos essenciais e únicos, perfazem o resto: o traço singular e a instigação da imaginação total nos adereços e bordados suplementares. Depois é uma questão de marketing e de confiança inseparáveis na qualidade única do produto final posto à venda.

Apesar das quatro fábricas instaladas em Veneto, o consórcio Martelli deslocou já parte da produção para Marrocos, Roménia e Turquia. A Turquia é uma potência da indústria de vestuário e detém marcas famosas no seu reportório, de que a Paul Shark é a mais conhecida. Só que a Martelli inovou ao longo dos anos e colou novas técnicas na produção dos jeans de luxo, que realiza à media diária de 120 mil unidades. Depois a serem vendidas nas boutiques de luxo de Malibou, Los Angeles, New York ou Ryad, a 800 euros/1000 dólares a peça.

" Na verdade, a grande e real aposta da Martelli foi a de ter encontrado as mãos prodigiosas para realizar o trabalho. O trabalho de bordados e aplicação de gemas ou outro tipo de efeitos, é realizado por trabalhadores chineses. Que foram descobertos pelo director Giovanni Petrin por acaso, aquando de uma visita efectuada a diversas unidades de tinturaria na China. Tentamos incentivar os romenos e também os africanos, apontou. Mas a paciência e habilidade chinesas foram mais fortes e convenceu-os a virem trabalhar, perto de duas centenas, em Itália. Legalmente e com os salários nacionais assegurados ", comenta o autor do artigo, John Tagliabue.

FAR

1 comentário:

Anónimo disse...

Mesmo na Silly season é possível tentar perceber alguma coisa. Perspectivar os factores complexos de competitividade e sobrevoar o prodigioso glamour da invenção italiana. Conceitos e ideias-força sob a chancela do NY Times, pois então. Há escritores laureados lusitanos que citam o C.Manhã no blogue que escrevem, agora.É tudo, portanto, uma questão de vontade e de tentar fazer melhor, agora. D´acc?!? FAR