sábado, 19 de abril de 2008

Túneis de Cu Chi (1)




Cu Chi, a cerca de 70 km de Saigão, a caminho do Cambodja. Nesta localidade os Vietcong estabeleceram uma rede de túneis com cerca de 250 km, com hospitais, cozinhas, minifábricas de armamento, armazéns, etc, tudo subterrâneo, até 10 metros de profundidade, e com ligacão directa a Saigão, o que tornou possivel o ataque directo a Saigão durante a famosa ofensiva do TET em Fevereiro de 1968.

Fotos FFC

Maio 68: "O vulcão não está extinto"

Sucedem-se os números e edições especiais de livros, revistas e jornais sobre os 40 anos de Maio 68. Intensa polémica circula e todos os "chiens de garde" do sistema tentam minimizar ou deturpar o valor inovador do grande acontecimento. Só comparável à Revolução Francesa e à Comuna de Paris, quase dois séculos depois. Existe uma efectiva novidade e radicalismo no Maio 68 gaulês: a revolta saltou dos anfiteatros de Nanterre e da Sorbonne para as fábricas, provocando a maior Greve Geral do séc. XX. Os exemplos norte-americano e alemão parecem "casos menores " de sociologia estudantil comparados com a "explosão" social, cultural e política causada pelo Maio francês. Só os aprendizes de feiticeiro ou os lacaios do sistema despótico podem tentar lançar cortinas de fumo inconfessáveis sobre tão radical diferença e singularidade. Isso mesmo se pode ler neste diálogo entre dois historiadores da nova vaga, hoje dada à estampa no Libération, clicar aqui.


Se Pierre Encrevé destaca o "momento inacreditável de Maio 68, um grande mês de suspense, onde tudo parece mudado, suspenso", Fréderik Keck avança com a tese sobre as mutações teóricas e políticas criadas pelo fim da Guerra da Argélia em 1962. "Maio 68 é origináriamente uma reacção de revolta contra o autoritarismo politico longamente suportado. Os estudantes que militaram contra a Guerra da Argélia não esqueceram os argelinos deitados ao rio Sena, em 1961, nem os mortos perpetrados na estação de metro Charonne, em 1962” .

O artigo fala dos bloqueios sádicos da sociedade francesa, que Maio 68 estilhaçou. E destaca o papel inovador da teoria . No final da época de ouro do Existencialismo, começam a surgir os pensadores ensinados por Canguilhem, Koyré e Bachelard. O trabalho de sapa erguido a golpes de audácia por Foucault, Lacan e Althusser ou Claude Lévi-Strauss, começa a dar frutos para a "descontrução das legitimidades dominantes". Maio 68 é um grande momento de optimismo cultural e politico, frisa Encrevé.

« La peur est un terrible frein à la pensée…

P.E. : C’est un universel largement imposé, médiatiquement transmis en permanence. Il y a une construction systématique de la peur à l’appui d’un ordre social et politique international sans fondement éthique.

F.K. :Ce qui fait que l’héritage de Mai 68 est difficile à recevoir aujourd’hui, c’est la différence entre l’insouciance des étudiants de 1968 par rapport aux problèmes de la vie matérielle et la précarité des étudiants quarante ans après. Aujourd’hui, les étudiants se demandent surtout s’ils vont avoir assez d’argent à la fin du mois ou un emploi après leurs études. Dès lors, contester la société en général et s’enthousiasmer pour des discours politiques unifiants est plus difficile.

P.E. :Il y avait probablement plus de pauvres en 1968 qu’aujourd’hui. Les salaires des employés et ouvriers étaient extrêmement bas et les bourses étudiantes aussi maigres que rares. Pourtant, Mai 68 est un grand moment d’optimisme culturel et politique. Il y a une jubilation, en dépit de moments très violents. On expérimente la fraternité dans la liberté, avec l’espoir d’avancer vers l’égalité…
Vous me rappelez une réflexion de Mark Twain : «Ils l’ont fait parce qu’ils ne savaient pas que c’était impossible»…

P.E. :Et Max Weber : «Si on ne s’était pas toujours et encore attaqué à l’impossible, on n’aurait jamais atteint le possible». Une des réalités frappantes de 68, c’est le surgissement, pour un temps bref, du rêve d’un désordre juste… En 2008, dans la société française, il est interdit de ne pas interdire, dans tous les domaines. La politique judiciaire est de plus en plus répressive. Si Foucault voyait les prisons d’aujourd’hui, il n’en reviendrait pas. Sans compter l’incompréhensible violence faite aux travailleurs sans papiers, dont l’apport à l’économie est pourtant indispensable. Aujourd’hui, le monde entier expose un désordre profondément injuste, qui joue sur la peur pour se perpétuer. Je veux penser que cet universel peut se déconstruire. Que l’exigence de justice et le désir de liberté peuvent toujours ressurgir par surprise, que le volcan n’est pas éteint.
F.K. : L’université n’est plus le lieu auquel on peut s’attaquer pour faire surgir un désordre juste. C’est même un des seuls lieux où reste un semblant d’ordre dans une société régie par le désordre injuste. L’école et l’université reprennent la fonction remplie autrefois par l’Eglise, consistant à protéger des menaces du monde extérieur. Cela ne joue sans doute pas en faveur du savoir et de la transmission.
La révolution technologique actuelle a-t-elle pu contribuer à cette peur ? En quoi transforme-t-elle la transmission des savoirs ?

F.K. : Il faut se méfier de cette révolution technologique, car elle risque de détruire l’université au profit d’un savoir entièrement virtuel. J’en prends pour indice le fait qu’en préparation à l’éventualité d’une pandémie de grippe aviaire, tous les cours ont été enregistrés pour que les étudiants puissent les suivre chez eux. C’est très bien de garantir la continuité de l’enseignement, mais il me semble que cette université virtuelle réalise un des rêves de Mai 68 : un enseignement sans maître. C’est un rêve dangereux. Mai 68 montre que la relation maître-élève est nécessaire, même si elle est potentiellement oppressive, justement parce que, en tant que relation personnelle, elle ouvre la voie à la contestation. Il est plus facile de contester l’autorité d’un maître que celle d’un ordinateur.

P.E. :Quand j’étais étudiant, seul le professeur avait accès aux textes qui permettaient de fonder une parole magistrale. Il était difficile d’entrer dans la bibliothèque de la Sorbonne et interdit aux simples étudiants d’aller dans les rayons. A Paris, jusqu’à Vincennes, il n’y avait pas de bibliothèque universitaire en accès libre. Mais cette question est radicalement transformée par Internet, qui intervient désormais massivement dans la distribution des ressources qui fondent le savoir. S’instaure une vraie démocratisation de l’accès aux sources, mais sans la transmission personnelle typique du système d’enseignement, inséparable de l’autonomisation du sujet.

F.K.: L’autonomie, qui est un des buts de 68, n’est pas donnée, elle suppose des conditions sociales qui doivent être construites et soutenues.
P.E.: Mai 68, dans sa vivacité non repérable, résonne toujours comme un appel à ne pas renoncer à devenir sujet de son histoire, individuellement et collectivement. Mais le mode d’emploi est sans cesse à réinventer.»
Libération

FAR

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Ainda Dili (17)


Pintura João de Azevedo

Post com dedicatória

Quero

Quero que todos os dias do ano
Todos os dias da vida
De meia em meia hora
De 5 em 5 minutos
Me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
Creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
E no seguinte,
Como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
Que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
Pois ao dizer: Eu te amo,
Desmentes
Apagas
Teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
Isto sempre, isto cada vez mais.

Quero ser amado por e em tua palavra
Nem sei de outra maneira a não ser esta
De reconhecer o Dom amoroso,
A perfeita maneira de saber-se amado:
Amor na raiz da palavra
E na emissão,
Amor
Saltando da língua nacional,
Amor
Feito som
Vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
Inexoravelmente sei
Que deixaste de amar-me,
Que nunca me amaste antes.

Se não disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamoamo,
Verdade fulminante que acabas de dentranhar,
Eu me precipito no caos,
Essa coleção de objetos de não-amor.



Carlos Drummond de Andrade

Sinais


Desenho Maturino Galvão

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Terra

Somewildwish/30
O homem do cacilheiro não sabe que responder, se pela primeira vez lhe perguntam pela quantidade de energia e pelo real labor dos motores, que fazem com que aquela existência, longe de ser apenas deteriorável um dia, se sustenha para que tanto rume entre as margens.
Assemelha-se-lhe a questão, ao saber qual o volume de coração que deve soprar no desfiladeiro do amor, supondo que em derrocada deverá permanecer ágil.

Sinais


Desenho Maturino Galvão

FESTA MGM LISBOA - Quinta, 17 de Abril



21h30 – Documentário: “Guerra às Drogas”

22h00 – Conversa sobre as vantagens do auto-cultivo

23h00 – Música com:
DJ Unite
DJ Bob Dealer
The Positronics

Aparece! Vem apoiar a organização da Marcha!

Paul Veyne: Podemos viver sem mitos?

O Foucault de Paul Veyne surgiu. Vai fazer acontecimento. Tem o rigor de um trabalho minucioso de filosofia e de história. Conta episódios fundamentais da vida quotidiana do autor de "As palavras e das coisas". Paul Veyne é um dos maiores historiadores do século XX/XXI, e conheceu M. Foucault nos bancos da ENS da Rue d´Ulm.

"A humanidade pode passar sem a existência de mitos, tais como os da consciência e do progresso? Não sei, mas não se imagina que o consiga. Assim como não se consegue vê-la sem religiosidade ou ainda sem curiosidade filosófica. Apesar de todos os Nietzsche e Foucault do mundo, a humanidade gosta de invocar a Verdade e acredita ser verdadeiro aquilo em que crê. "Mitos" é uma palavra demasiado carregada de sentidos múltiplos, falemos porventura mais de enganos; o calvinismo foi o engano da economia da empresa capitalista."

"Essa palavra engano apareceu com grande insistência sob a caneta de Foucault, e tentamo-nos para lhe dar um destino, afirmando que constitui a primeira facilidade das estetizações: não é uma necessidade (cria-a, antes do mais), e não visa qualquer finalidade; as que pretendem continuar são pretextos: a salvação, a tranquilidade da alma, o nirvana, etc. A sua energia procede da sua liberdade, de uma pulsão do eu, da misteriosa "caixa negra" íntima, mais do que qualquer doutrina persuasiva: esta serve tão-somente de engano, de racionalização e de terreno de exercício".

In « Foucault », de Paul Veyne, Albin Michel Editeurs, Paris, Abril, 2008

FAR

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Sinais


Desenho Maturino Galvão

De la fe en el mercado a la fe en el Estado

Incluso los neoliberales más radicales suplican ahora el intervencionismo del Estado en economía y mendigan las donaciones de los contribuyentes. Eso sí, cuando había beneficios, los consideraban diabólicos


Primer acto de la obra La sociedad del riesgo global: Chernóbil. Segundo acto: la amenaza de la catástrofe climática. Tercer acto: el 11-S. Y en el cuarto acto se abre el telón: los riesgos financieros globales. Entran en escena los neoliberales del núcleo duro, quienes ante el peligro se han convertido de repente desde la fe en el mercado a la fe en el Estado. Ahora rezan, mendigan y suplican para ganarse la misericordia de aquellas intervenciones del Estado y de las donaciones multimillonarias de los contribuyentes que, mientras brotaban los beneficios, consideraban obra del diablo. Qué exquisita sería esa comedia de los conversos que se interpreta hoy en la escena mundial si no tuviera el resabio amargo de la realidad. Porque no son los trabajadores, ni los socialdemócratas o los comunistas, ni los pobres o los beneficiarios de las ayudas sociales quienes reclaman la intervención del Estado para salvar a la economía de sí misma: son los jefes de bancos y los altos directivos de la economía mundial.
Para empezar, tenemos a John Lipsky, uno de los dirigentes del Fondo Monetario Internacional y reconocido fundamentalista del libre mercado, quien de pronto exhorta con una llamada alarmista a los gobiernos de los Estados miembros a hacer exactamente lo contrario de lo que ha predicado hasta ahora, esto es, evitar un derrumbe de la economía mundial con programas de gasto masivos. Como es sabido, el optimismo es inherente al mundo de los negocios. Cuando incluso él habla de que los políticos tendrían que "pensar lo impensable" y prepararse para ello, queda claro lo grave de la situación.
El fantasma de lo "impensable", que ahora es una amenaza en todas partes, debe por supuesto despertar el recuerdo de las crisis mundiales de los siglos pasados, y salvar a los bancos del abismo. Entra en escena Josef Ackermann, jefe del Deutsche Bank, quien confiesa que él tampoco cree ya en las fuerzas salvadoras del mercado. Al mismo tiempo, se retracta de su abjuración y afirma que no tiene dudas sobre la estabilidad del sistema financiero. Eso suena tranquilizador. ¿O no? Si el distinguido economista fuera sincero, tendría que admitir dos cosas: que la historia de esta crisis es una historia del fracaso del mercado, y que en todas partes gobierna el desconcierto, o más bien la brillante ignorancia.
El mercado ha fracasado porque los riesgos incalculables del crédito inmobiliario y de otros préstamos se ocultaron intencionadamente, con la esperanza de que su diversificación y ocultación acabaría reduciéndolos. Sin embargo, ahora se demuestra que esta estrategia de minimización se ha transformado en lo opuesto: en una estrategia de maximización y extensión de riesgos cuyo alcance es incalculable. De repente, el virus del riesgo se encuentra en todas partes, o por lo menos su expectativa. Como en un baño ácido, el miedo disuelve la confianza, lo cual potencia los riesgos y provoca, en una reacción en cadena, un autobloqueo del sistema financiero. Nadie tiene mejores certidumbres. Pero de pronto, ahora se sabe en todas partes que ya nada funciona sin el Estado.
¿En realidad qué significa riesgo? No hay que confundir riesgo con catástrofe. Riesgo significa la anticipación de la catástrofe. Los riesgos prefiguran una situación global, que (todavía) no se da. Mientras que cada catástrofe tiene lugar en un espacio, un tiempo y una sociedad determinados, la anticipación de la catástrofe no conoce ninguna delimitación de esta índole. Pero al mismo tiempo, puede convertirse en lo que desencadena la catástrofe, siempre en el caso de los riesgos financieros globales.
Es cierto que los riesgos y las crisis económicas son tan antiguos como los propios mercados. Y, por lo menos desde la crisis económica mundial de 1929, sabemos que los colapsos financieros pueden derrocar sistemas políticos, como la República de Weimar en Alemania. Pero lo que resulta más sorprendente es que las instituciones de Bretton-Woods fundadas después de la Segunda Guerra Mundial, que fueron pensadas como respuesta política a los riesgos económicos globales (y cuyo funcionamiento fue una de las claves para que se implantara el Estado del bienestar en Europa) hayan sido disueltas sistemáticamente desde los años 70 del siglo pasado y reemplazadas por sucesivas soluciones ad hoc. Desde entonces estamos confrontados con la situación paradójica de que los mercados están más liberalizados y globalizados que antes, pero las instituciones globales, que controlan su actuación, tienen que aceptar drásticas pérdidas de poder.
Como se ha demostrado con la "crisis asiática", además de la "crisis rusa" y la "crisis argentina", y ahora también con los primeros síntomas de la "crisis americana", los primeros afectados por las catástrofes financieras son las clases medias. Olas de bancarrotas y de desempleo han sacudido estas regiones. Los inversores occidentales y los comentaristas en general observan las "crisis financieras" solamente bajo la perspectiva de las posibles amenazas para los mercados financieros. Pero las crisis financieras globales no pueden "encasillarse" dentro del subsistema económico, como tampoco las crisis ecológicas globales, ya que tienden más bien a generar convulsiones sociales y a desencadenar riesgos o colapsos políticos. Una reacción en cadena de estas características durante la "crisis asiática" desestabilizó a Estados enteros, a la vez que provocó desbordamientos violentos contra minorías convertidas en cabezas de turco.
Y lo que era todavía impensable hace pocos años se perfila ahora como una posibilidad real: la ley de hierro de la globalización del libre mercado amenaza con desintegrarse, y su ideología con colapsarse. En todo el mundo, no sólo en Sudamérica sino también en el mundo árabe y cada vez más en Europa e incluso en Norteamérica los políticos dan pasos en contra de la globalización. Se ha redescubierto el proteccionismo. Algunos reclaman nuevas instituciones supranacionales para controlar los flujos financieros globales, mientras otros abogan por sistemas de seguros supranacionales o por una renovación de las instituciones y regímenes internacionales. La consecuencia es que la era de la ideología del libre mercado es un recuerdo marchito y que lo opuesto se ha hecho realidad: la politización de la economía global de libre mercado.
Existen sorprendentes paralelismos entre la catástrofe nuclear de Chernóbil, la crisis financiera asiática y la amenaza de colapso de la economía financiera. Frente a los riesgos globales, los métodos tradicionales de control y contención resultan ineficaces. Y a la vez, se pone de manifiesto el potencial destructivo en lo social y político de los riesgos que entraña el mercado global. Millones de desempleados y pobres no pueden ser compensados financieramente. Caen gobiernos y hay amenazas de guerra civil. Cuando los riesgos son percibidos, la cuestión de la responsabilidad adquiere relevancia pública.
Muchos problemas, como por ejemplo la regulación del mercado de divisas, así como el hacer frente a los riesgos ecológicos, no se pueden resolver sin una acción colectiva en la que participen muchos países y grupos. Ni la más liberal de todas las economías funciona sin coordenadas macroeconómicas.
Las élites económicas nacionales y globales (los dueños de los bancos, los ministros de finanzas, los directivos de las grandes empresas y las organizaciones económicas mundiales) no deberían sorprenderse de que la opinión pública reaccione con una mezcla de cólera, incomprensión y malicia. Pero el convencimiento certero de que, en una crisis, el Estado al final acabará salvándoles, permite a los bancos y a las empresas financieras hacer negocios en los tiempos de bonanza sin una excesiva conciencia de los riesgos.
No tiene que ver con la envidia social el recordar que los exitosos banqueros ganan al año importes millonarios de dos cifras, y los exitosos jefes de firmas de capital riesgo y de fondos especulativos incluso mucho más. En los tiempos que corren, los banqueros actúan como los abogados defensores del libre mercado. Si el castillo de naipes de la especulación amenaza con desmoronarse, los bancos centrales y los contribuyentes deben salvarlo. Al Estado sólo le queda hacer por el interés común lo que siempre le reprocharon quienes ahora lo reclaman: poner fin al fracaso del mercado mediante una regulación supranacional.
ULRICH BECK - EL PAÍS - Opinión - 15-04-2008

José Pinto de Sá

Saigão (5)


(Ho Chi Mhin City) Saigão. Vietnam.2008

Foto FFC

Os vinte e nove Sonetos de Amor de Étienne De La Boétie

Soneto X

Je vois bien, ma Dordogne, encor humble tu vas:

De te montrer Gascogne en France tu as honte.

Si du ruisseau de Sorgue on fait ores( maintenant) grand compte,

Si( cependant) a-t-il bien été quelquefois aussi bas.


Vois-tu le petit Loir, comme il hâte le pas?

Comme déjà parmil les plus grands il se compte?

Comme il marche hautain d´une course plus prompte?

Tout à côté du Mince( Mincio), et il ne s´en plaint pas?


Um seul olivier d´Arne ( Arno), enté au bord de Loire,

Le fait courir plus brave, et lui donne sa gloire.

Laisse, laisse-moi faire, et un jour, ma Dordogne,


Si je devine bien, on te connaitra mieux ;

Et Garonne, et le Rhône, et ces autres grands dieux

En auront quelque envie, et possible vergogne.


FAR

Mambo 41

Se ao menos o silencio fosse escorregadio, teria um propósito.
Sempre um se poderia tombar nele e deslizar sem horizonte fechado que apouque, nas avantajadas costas das palavras, nessas desrodas eficientes que permitem o transporte para o interior de alguém, uma vez que o destinatário não se comporte como em tempo de guerra uma estratégica fronteira que existe apinhada de enfartamentos, nem que seus pensamentos de primeira fila, queiram na vida ser a criança que louca se estreita atrás do tronco de árvore no quintal, para não ser a próxima a ter que estar cega, a contar até cem a cada minuto em que se desajeita no encontro com os demais, enquanto progride na audição de si mesma.
As palavras não são blindadas.
O silencio, sim.
Se nele não chove.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Itália: PC fora do Parlamento e Berlusconi quer ser PR

Berlusconi, que quer ser acima de tudo P. da República, vai ter que provar e realizar as promessas que semeou nos últimos dias da campanha, sobretudo as de natureza fiscal. A Itália irá ser governada por uma coligação de centro-direita, onde a ala radical, Liga do Norte, ganhou pontos pelo peso eleitoral que averbou. A coligação vencedora, PDL, encaixa o novo partido de Berlu que consegiu 33 por cento dos votos dos 46 da vitória. A Liga e a União Democrata Cristã, de Cassini, obtiveram o restante. O P.Democrático, de Veltroni, obteve cerca de 39 por cento dos votos.

Com uma dívida pública monstruosa (104% do PIB), um desemprego camuflado e endémico nos principais centros populacionais e um forte e crescente super-endividamento das famílias, a Itália acordou de um pesadelo pela queda do governo arco-íris de Romano Prodi, que quis restaurar o equilibrio macroeconómico da economia transalpina. Ao contrário da política de recuperação social e económica da Esquerda, com uma panóplia de medidas caras ao investimento e ao incremento tecnológico indispensável, Berlusconi tirou partido das receitas orçamentais de duvidosa eficácia " vendidas " por Sarkozy e GWBush, como era óbvio, uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário, tirar aos pobres para dar aos ricos.

Nesta entrevista com Luca Ricolfi, clicar aqui, o grande sociólogo da Universidade de Turim põe a tónica o mau funcionamento do Estado, na disparidade crescente entre o Norte e o Sul do país, no peso da Mafia e da Cosa Nostra no endividamento público. Chama a atenção para a fragilidade dos amortecedores sociais do Estado: fundo de desemprego minoritário e selectivo.Fraca assistência social
e um preço médio de fontes de energia muito acima da média europeia, o que torna vãos os esforços de modernização industrial.

Pourquoi l’Italie est-elle au dernier rang de l’UE?
Parce que l’énergie et les transports grèvent notre économie. En 1987, l’Italie a décidé de renoncer au nucléaire mais elle n’a pas développé d’autres sources d’énergie. L’électricité coûte en moyenne 20 % de plus que chez nos principaux voisins. L’autre grand problème est celui du mauvais fonctionnement de l’Etat, qui gaspille les fonds publics. Les amortisseurs sociaux sont en Italie nettement plus réduits qu’en France ou en Allemagne : il n’y a pas de véritables indemnités de chômage sauf pour les employés du secteur public ou des grandes entreprises, ni d’aides pour la pauvreté extrême, ni suffisamment de crèches ou de soutien pour les personnes âgées. La gauche de la gauche, comme les communistes de Rifondazione, ont eu, à cet égard, raison de demander une augmentation des dépenses sociales. Mais l’Etat dilapide ses ressources par ses dysfonctionnements structurels. Un exemple: si les vingt administrations régionales de la péninsule fonctionnaient toutes comme les deux ou trois qui marchent le mieux - la Lombardie ou certaines régions «rouges» comme l’Emilie-Romagne - le pays économiserait chaque année 90 milliards d’euros, trois fois le déficit public de l’an dernier et 6 points du PIB ! Des zones comme la Campanie, la Calabre et la Sicile, où sévissent les diverses mafias, dépensent 50 % de plus que les autres régions du Sud, à cause des travaux publics inutiles ou surévalués et à cause d’un nombre d’emplois publics trois ou quatre fois plus élevé qu’ailleurs.

Que vont changer ces élections ?Le candidat du Parti démocrate (centre gauche) Walter Veltroni a été le plus courageux en promettant de réduire de 15 milliards d’euros par an la dépense publique pendant cinq ans. Personne n’y a jamais réussi. A droite, l’ambition s’est limitée à 5 milliards d’euros d’économies par an et une promesse de «révolution culturelle» dans l’administration publique. On peut rester sceptique sur ces engagements. Les réformes sont d’autant plus difficiles à mener que les caisses sont vides et l’endettement public atteint 104 % du PIB. Il faudrait miser à fond sur les entreprises, leur redonner de l’oxygène, relancer la croissance. Mais en Italie, la gauche comme la droite doivent tenir compte du consensus social, avec l’idée bien ancrée dans l’opinion que l’argent que l’on retire à l’Etat est de l’argent que l’on retire aux pauvres ou aux familles. D’où le souhait exprimé par de nombreux éditorialistes avant le scrutin d’un match nul électoral qui imposerait la création d’une grande coalition pouvant mener à terme certaines réformes parmi les plus urgentes.

Les inégalités continuent-elles de se creuser ?La misère a incontestablement augmenté. 20 % des familles ont recours à l’endettement pour subsister alors qu’il y a quinze mois, elles n’étaient que 12 %. Cela s’explique par l’augmentation des remboursements des crédits immobiliers et par celle du prix des biens de première nécessité, mais aussi par la pression fiscale accrue. Celle-ci est l’œuvre du gouvernement sortant de Romano Prodi. En revanche, malgré une idée communément admise, le fossé entre le Nord et le Sud ne se creuse pas, même s’il reste énorme : le revenu par tête des régions les plus développées reste de 30 % à 40 % supérieur à celui des zones les plus déshéritées.


FAR

United Nations Volunteers

"This is the internet awareness-raising page of an independent essay writer. It targets historians and military personnel among others who have a clear European vocation in foreign policy and defence issues.
Also, the Eurocorps-Foreign Legion concept and the raising of a Single European Regiment is presented to the internet community as an essential evolution in the European defence identity for several reasons: firstly, as an essential conceptual response to the massacre of Srebrenica after the withdrawal of United Nations peace-keepers on 11th July 1995; and, secondly, as a vital and commensurate evolution in the defence field following the introduction of the Single European currency, the Euro, on the 1st January 1999. (...)"

Mario Zanatti

http://paginas.pavconhecimento.pt/pessoais/dw/Mario_Zanatti/INDEX2.HTM

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ainda Dili (16)


Pintura João de Azevedo

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Terra

Somewildwish/29
foto:g.ludovice

Allan D. Bloom: Weber e Nietzsche

" Weber designa Nietzsche como o ponto de partida comum dos pensadores admiráveis do séc.XX. Indica-nos também qual é o único problema fundamental: a relação entre a razão, ou a ciência, e o bem. Quando fala da " felicidade " ou do " último homem", Nietzsche não quer dizer que o "último homem" seja infeliz, mas únicamente que essa felicidade é nauseabunda. Para se compreender acertadamente a situação em que nos encontramos, é preciso possuir a experiência de um desprezo profundo; ora a nossa capacidade de desprezo está a desaparecer. A ciência de Weber pressupõe esta experiência, que se pode classificar de subjectiva "
In Allan D. Bloom, A alma desarmada.Ensaio sobre o declínio da Cultura Geral. Edit. Julliard.Paris
FAR

domingo, 13 de abril de 2008

Terra

African Woman/15 (Angola 2006)
Foto:g.ludovice


"Nada nos protege melhor da estupidez do preconceito, do racismo, da xenofobia, do sectarismo religioso ou político e do nacionalismo excludente do que esta verdade que sempre surge na grande literatura: todos são essencialmente iguais. Nada nos ensina melhor do que os bons romances a ver nas diferenças étnicas e culturais a riqueza do legado humano e a estimá-las como manifestação da multifacetada criatividade humana."
Mario Vargas Llosa

A propósito da Educação

Jean Paul Sartre seria fulminado como professor, nos dias de hoje ?

“(...) Os estudantes de Sartre no Lycée François I nunca tinham conhecido ninguém como ele. Estavam fascinados por este homenzinho roliço, que aparecia na escola com um velho casaco de tweed –sem gravata– sentava-se em cima da secretária, com as pernas a abanar e arremessava ideias para o ar sem nunca olhar para os seus apontamentos, como se estivesse a falar com amigos.
Ele não era como os outros adultos. Levava as ideias muito a sério mas não levava minimamente a sério a sua posição de autoridade.
Nunca falhava aos estudantes e quase nunca lhes dava notas negativas. Até os deixava fumar nas aulas.
(,,,) Não tinha nada de snob e parecia não haver tema que não lhe interessasse. Era da opinião que tudo nos dizia qualquer coisa sobre a civilização contemporânea. “Vão muitas vezes ao cinema”, dizia-lhes.
Era um imitador brilhante e tão engraçado e inventivo que conseguia provocar risos até numa aula de Filosofia.
Sartre parecia não preocupar-se com as coisas com que os outros adultos se importavam. Os estudantes que chegaram a ver o seu quarto de hotel, ficaram chocados pela sua austeridade espartana. Ele disse-lhes que tinha poucos bens e que não estava interessado em aquisições materiais.
(...) Os seus alunos sabiam que ele estava a trabalhar num romance que continha as suas ideias sobre contingência e liberdade. Às vezes em algumas noites encontrava-se no café com dois ou três dos seus alunos. Fazia-lhes perguntas e eles davam por si a conversarem sobre todo o tipo de coisas. Ele era encorajador e fazia-os ver que tinham opções. Por vezes jogavam póquer, ou Sarte ensinava-lhes canções picantes.(...)”
In: Sartre e Beauvoir, Hazel Rowley, Ed Caderno

W.Street Journal: a terrível sucessão de Thabo Mbeki na África do Sul

São entrevistas fantásticas, conclusivas e muito trabalhadas, as que o The Wall Street Journal-Europe oferece. A realizada com o provável successor do PR sul-africano, o actual líder do ANC, Jacob Zuma, não foge ao timbre de alta qualidade. Está lá tudo, o que importa saber. E as questões mais dificéis- acusações de violação de uma adolescente- não são evitadas. Bem como as de alta corrupção com a compra de armamento ao construtor francês, Thomson-CSF. " Outras luminárias do ANC estão implicadas no negócio, mas agora, e de novo, novas investigações criminais perseguem o líder, J. Zuma ", frisa o jornalista. Paira o espectro de Mugabe sobre a poderosíssima África do Sul, sublinha Matthew Kaminski.
Jacob Zuma, de etnia Zulu, é um populista. Antigo membro do aparelho de segurança do ANC, ganhou fama por emprestar a sua voz nos funerais e nos comícios de militantes do ANC, ao longo dos anos. Seduziu os deserdados e recuperou de um passado " criminógeneo " no ano passado, à beira das eleições para a liderança do partido fundado por Nelson Mandela. Diz que quer assegurar a continuidade do regime. Ninguém acredita. Sobretudo os seus rivais, entre os quais, Mbeki, o ainda PR, que não perdem pitada em o incriminar. Nos jornais e na opinião pública. Racismo étnico não deve existir, sómente uma consciência dilacerada dos sucessores de Mandela em verem o seu trabalho de reconciliação em maus tratos.Que podem ser perigosos e ambivalentes. Mesmo que Zuma desminta e diga que tudo faz pelo ANC…
" É quase impossível argumentar sobre a qualidade das grandes mudanças políticas e o crescimento, em referência como imprevisto e a ultrapassagem da era Mbeki. A liderança em África da reconciliação, do fomento da democracia e de um sofisticado capitalismo debatem-se agora pela frente com a incerteza. Os cenários possíveis da sucessão perfilam-se: do optimista, progresso continuo rumo a uma democracia multiracial, ao fatalista, marcado por um lento declínio confeccionado pela corrupção e as taras do Neo-Marxismo; não sendo de minimizar o desenlace apocalíptico, estilo colapso actual do Zimbabué ", aponta o entrevistador.
Se " Zuma não é um intelectual político, estilo Mbeki, ou um inspirado e carismático líder à Mandela", caracteriza o jornalista, M. Kaminski, " possui evidente experiência política e é muito folgazão ". Conserva ainda as suas ligações ao povoamento que o viu nascer. É poligâmico e tem para cima de 18 filhos. Ao contrário de Mbeki, que nunca mais regressou ao seu torrão depois da saída da prisão.O perfil controverso de Zuma perturba o estado-maior do ANC. E, por isso, querem substitui-lo, agora que se desencadeou uma nova e longa averiguação criminal sobre o negócio das armas. Rumores dão o número dois do ANC, Kgalema Motlanthe, como uma séria alternativa a Zuma. O recém e polémico líder do ANClevanta muitas suspeitas por ser apoiado pelo campesinato pobre, os sindicalistas e o P.Comunista, ao mesmo tempo que garante que o" business branco continuará a controlar a economia ".Há, já quem o compare ao PR brasileiro, Lula…

FAR

sábado, 12 de abril de 2008

Terra

Somewildwish/26
Fotos: g.ludovice


Atear o impalpável dia.

Partir enfim, sempre amando no sobretudo incerto,

a simples alma de tudo, como se nela houvesse a real estadia!

(Um mimo à Múkua)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Mambo 40

A doença só existe como morte se não é sublimada. Assim as próprias palavras e imagens enfermas, se "ensujadas" com o barro da imaginação, podem de súbito esquecer a sua viuvez da vida; elas existem sãs onde nasce rasteiro em deslutos o primeiro querer dizer do que corre nas quentes veias.
Tenho pelo menos um amigo que pensa que pensa que primeiro pensa e depois sente, ao entregar-se ao escrever.
Atafulhada de sentires, é então quando penso nestes, sobre eles, e sobretudo com eles.
Não é muito racional talvez, andar com um carrinho de supermercado mental, cheio de coisas enviadas desde a porosa sensibilidade, mas é como penso que vivo desde que comecei por inventar sem saber após alguma reflexão de onde chegava isso precisamente, se de irreconciliáveis momentos em que o corpo é a experiência da existência, se era apenas isso um desfoco que habitava redutos próprios do descanso das ideias ou se como duas linhas férreas aquela união de antiga vizinhança se comprometia a tornar desfalecida a dúvida...
Sentimos ou pensamos primeiro? sobre o vazio que se esboroa e se rende à linguagem...

Estórias natalícias

Era um menino especialista em criar Natais a destempo. Bastava apetecer-lhe que fosse Natal e era. Depois fazia o que fazem todos os meninos no Natal: mostrava ou falava do presente que lhe fora dado.
Em cada ano criava um, dois, muitos Natais.
Era vê-lo, de riso aberto, desembrulhando a novidade e anunciando-a 'urbi et orbi'.
Anos houve em que tinha dificuldade em inventar Natais, mas ele era um menino cheio de recursos: criava uma festa de anos ( que, como qualquer menino ou menina sabe, é uma forma de receber presentes tão legítima como no dia de Natal...) e, nessa festa, preparava sábia e antecipadamente o próximo Natal.

Nós ouvíamos a gargalhada claramente e sabíamos que dali a algum tempo seria Natal.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Da Capital do Império

Olá,

Tennessee Williams chamava-lhe “o anjo das cinco horas”. O “drink” que ele bebia ao fim da tarde num período da sua vida em que todos diziam que a sua capacidade criativa tinha acabado.
Five O’ clock angel. I think of you . How you always get me through.
Não era uma gaja, não. Era talvez aquilo que o Keith Richards gosta de beber no Bemelmans Bar no Hotel Carlyle de Mannhattan e a que ele chama de “lixo nuclear”. Pois outro dia estava a olhar para umas fotos antigas. Estavam lá caras que já não existem. Eles. Elas. Tinha comigo o meu “five O’clock angel”, neste caso um “cuvée” australiano. Não mau. O que não é de admirar. Isto porque durante meses meses e meses tentei encontrar um vinho australiano que fosse mau. Tenho a dizer-vos que é difícil. Australianos não sabem fazer zurrapas. Nesses meses todos encontrei um (1) vinho australiano … zurrapa.
Pois com o “five o’clock angel” “cuvée” australiano olhei para as fotos e lembrei-me:

Empty space
Where once I saw a face
Memory stands by me now

I feel the passing of the years
Bitter teardrops
I see shadows everywhere
But I still carry on
Though there’s a lot of good ones gone

Peter Wolf

Abraços,
Da capital do Império

Jota Esse Erre

Saigão (4)


(Ho Chi Mhin City) Saigão. Vietnam.2008

Foto FFC

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Itália: debole perspectiva para Legislativas do Week-End

Morosidade, desconfiança e desmobilização na campanha eleitoral para as Legislativas em Itália.
O famoso e especulativo avanço nas sondagens do novo partido de Silvio Berlusconi, o PDL, parece ter diminuído. Apesar disso, o líder do Partido Democrático, Walter Veltroni, tem continuado a fazer a sua campanha moderada em autocarro. Os observadores políticos avançam a medo com a hipótese de uma Grande Coligação. Por isso, Berlu baixou para níveis muito moderados as suas críticas à Esquerda e, facto único, vai dizendo que "será preciso fazer muitos sacrifícios para pôr a casa em ordem". Veltroni tenta fazer esquecer os 2O surrealistas meses de Romani Prodi, de forma a fazer das fraquezas força, como é curial. O sistema eleitoral, não satisfaz ninguém e pode deixar tudo como está: ausência de maiorias estáveis e duradouras: 35 por cento dos eleitores ainda estão indecisos…

A crise política italiana, a entrar no seu ritmo de cruzeiro já com dez anos, deixa atónitos e desmobilizados os militantes políticos de todo o espectro partidário. A grande revista norte-americana, a Newsweek, próxima do NY Times, fez recentemente uma monstruosa fotomontagem com as caras dos dois líderes, a que chamou de "Veltrusconi", a caminhar para abrir espaço político à hipótese de surgimento de uma Grande Coligação. A hipótese tem sido mais ventilada pelo campo da direita do que pelo novíssimo Partido Democrático. Et pour cause…

As fanfarronices e o bluff inverosímil de Silvio Berlusconi transmutaram-se num discurso suave e didáctico, a revelar dúvida e inquietação. O célebre polietileno, Giovanni Sartori, não tem poupado críticas a Veltroni pela " aceitação " mole da táctica do líder da Direita. Berlusconi sabe das sondagens que se estreitam dia apòs dia. A última dava-lhe um reduzido avanço no Senado, a par de uma maioria mais confortável no Parlamento. Mas tudo será muito frágil e perigoso, claro.

Se Massimo Cacciari, edil de Veneza, afirma alto e bom som, que não "existem grandes diferenças ideológicas" entre os programas dos dois blocos, pois, frisa, ambos preconizam um capitalismo moderno e clean, o politólogo Paul Ginsbourg, da Universidade de Florença, que recentemente publicou um livro sobre o Sistema Berlusconi, defende a tese de que a Esquerda italiana faz mal " em fechar os olhos " ao estilo nepotista, negocista e "turvo" legalmente do líder do bloco da direita. "A esquerda tem ocultado tudo isso. O que, por certo, lhe vai custar muito caro, a longo prazo". Sabe-se, entretanto, que Veltroni já disse que o juíz anti-corrupção, Antonio Di Pietro, não iria ser seu ministro da Justiça…

FAR

20 anos de roubo. De A a Z.

O melhor post desportivo de 2008.
Porque até no futebol, não há povo que resista sem memória.
Com a devida vénia ao blog Benfiquista Vedeta da Bola, que juntou momentos fantásticos do futebol português, dos 100 metros de José Pratas aos quinhetinhos, passando pelo mitíco Guarda Abel.

Abriu a época da caça


Voltamos mais logo

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Zen (4)


Madeira da passadeira. Brighton Beach, New York, USA.

Foto Jota Esse Erre

Alexander Solzhenitsyn: À beira dos 90 anos luta para escrever!

É uma das grandes imagens-força do autor do Arquipélago do Goulag, a saga que completou a crítica do sistema soviético no princípio dos anos 80: a obsessão descomunal contra o marxismo-leninismo e, paralelamente, a paixão pela escrita.. Numa entrevista ao The Observer, a edição semanal do The Guardian, a mulher e o biógrafo do taumaturgo russo desvendam alguns lances da vida actual do Nobel. E anunciam que, até ao final do ano, Dezembro será o mês do 90° aniversário do escritor, estarão à venda 12 dos 30 volumes dassuas Obras Completas, sem ainda as Cartas e as Notas inerentes…

Solzhenitsyn vive numa cadeira de rodas durante o dia. Raramente sai da datcha, sita na zona Oeste de Moscovo. A mulher Natália diz que ele não sai à rua há cinco anos. Não votaram nas Presidenciais de Março, portanto. Tem relações normais com Putin e os seus colaboradores. Admira a força do PR russo por não deixar alienar o prestígio da Rússia, agora que a NATO quer alargar o circulo dos seus membros até às fronteiras da nação.

O povo russo recomeçou a ler A.Solzhenitsyn, diz o seu biógrafo DM.Thomas. Apesar de algumas polémicas azedas e inconsequentes sobre o misticismo e o irracionalismo integrista, o Nobel é fervoroso adepto da Igreja ortodoxa russa. Esconjura tanto o secularismo do Ocidente como o comunismo. O autor de "A Roda Vermelha", mesmo com grandes dificuldades e saúde abalada, procura sem fraquejar, "tudo o que se relacione com a tragédia da repressão na antiga URSS, o arquipélago do Goulag e outros campos de internamento e a perdição dos deserdados, trabalhadores do campo errantes que, após o final da II Guerra Mundial, Estaline transformou em escravos, sem dó nem piedade", frisou a sua mulher Natália ao jornalista Luke Harding, em Moscovo.

FAR

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sinais


Desenho Maturino Galvão

Breaking News

O Táxi Pluvioso está de volta

ALAIN BADIOU, A CAMINHO DE UMA NOVA TEORIA DO SUJEITO - Conferência, 10 de Abril



Conferência no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (metro:Entrecampos)

10 de Abril * 18h * Sala Polivalente

por BRUNO BOSTEELS (Cornell University)
Autor dos livros Badiou and Politics e Alain Badiou o el recomienzo del materialismo dialéctico, Bruno Bosteels realizou o seu doutoramento na University of Pennsylvannia e foi professor em Harvard e em Columbia. Actualmente é professor na Cornell University. Entre as suas principais áreas de interesse contam-se a literatura e a cultura sul-americanas, mas tem igualmente investigado temas como os movimentos radicais dos anos 60 e 70, o dandismo e anarquia na viragem do século XIX para o século XX ou a recepção de Marx e Freud na América Latina. Também editor da revista Diacritics, Bosteels tem publicado vários artigos sobre filosofia europeia contemporânea, acompanhando muito particularmente a filosofia de Alain Badiou.

Do México (4)


Luz invade um cenote mágico. Estado de Campeche, Yucatán, México. Fev. 08

Foto Pedro Caldeira Rodrigues

A Guerra do Iraque vista de Portugal!

Trata-se de uma ocasião soberana para analisar o modo como se processa a construção da Grande Informação em Portugal nos dias que correm: a interpretação das origens da Guerra do Iraque, cinco anos depois. Para lá de se poder avaliar o tipo de interpretações assimiladas, a cartografia das referências principais e os ângulos inefáveis de exame crítico, a soft polémica entre Miguel Sousa Tavares e José Pacheco Pereira desperta a atenção para o que falta dizer e assinalar. Em cima da hora, anotamos um primeiro quadro geral de notas suplementares de análise crítica aos textos de MS Tavares (Expresso, 31/3) e J.P. Pereira (Público, 22 e 29/3).

1. O quadro geral de referências dos dois brilhantes polemistas parece muito limitado. Será táctica usada para desviar a atenção do contraditor? MS Tavares prolonga uma rapsódia abundantemente reiterada pela Imprensa mundial de referência. Em que ele se tornou mestre com o passar dos anos. E remete para Dominique de Villepin, a carga maior de defesa da sua tese de que não existiam ADM (armas de destruição massiva), no Iraque de S.Hussein. JP Pereira baseia-se, principalmente, num artigo ditirâmbico de Hans Blix, o chefe da das inspecções da ONU no Iraque de S.Hussein, publicado no The Guardian, este ano, em que "achava compreensíveis" os motivos por que Bush e Blair acreditaram na presença de ADM…

2. Existem centenas de livros e milhares de páginas de Revistas e Jornais sobre o dossier da Guerra do Iraque. Há necessariamente que contar com manobras de intoxicação, de diversão e de falsificação. E de que modo isso se repercute por ondas no Universo…

3. No interior de um manancial imenso de analises e contra-análises destacam-se os artigos e livros de Seymour Hersh, o grande analista da The New Yorker, de quem nos socorremos várias vezes aqui no Blogue. Hersch contribuiu para a queda dos Neo-Cons no interior dos inner circle de GW Bush, o que é fantástico e enorme. E por que forma o realizou? Por meio de uma contrastada análise de Informação sem limites. Releu, entrevistou e pediu conselho aos maiores especialistas e actores do processo politico norte-americano , pelo menos desde o consulado de Bill Clinton.. Com esse material publicou grandes analises na sua revista, que depois reuniu num livro capital, Chain of Comand. Onde é traçada toda a génese da invasão do Iraque pelos EUA e aliados.

4. No essencial, e o livro tem mais de 600 páginas, Hersh consolida a sua tese afirmando que a ficção da existência de ADM no Iraque, o pretexto decisivo para o desencadear da invasão, teve início numa carta de Weinberger, Carlucci e Rumsfeld, datada de 1998, e endereçada a Bill Clinton para ele derrubar S. Hussein. Como uma bola de neve, e o ascendente do P Republicano na vida política norte-americana subsequente, o alvitre do trio infernal passou para os think tanks da direita americana onde se acoitavam os neo-cons, Richard Perle e James Woosley, que manipulavam pelos cordelinhos de um" meccano" estrutural e diabólico os colaboradores e cientistas sociais que mais tarde encheram os gabinetes de Cheney e Rumsfeld. O dinheiro para essa mega operação, essa descomunal superprodução Ideológica e de Contra-Informação, provém por ínvios caminhos da Arábia Saudita…O que parece paradoxal e surrealista à potência n. Onde a própria Cia foi ultrapassada e evitada pelos conselheiros de Rumsfeld em guerra com os do moderado Collin Powell.

FAR
.

domingo, 6 de abril de 2008

Sacuntala de Miranda – da coragem cívica à pesquisa histórica


Faleceu no passado dia 30 de Janeiro, Sacuntala de Miranda, Professora universitária, investigadora, cidadã. Num país ocupado pela obsessão acéfala do futebol, consumismo e centros comerciais, o desaparecimento desta prestigiada micaelense nem sequer foi notado.
Após uma estadia em Londres, onde concluiu estudos universitários e participou na famosa “recepção” a Marcelo Caetano, em 1973, que chamou a atenção do mundo para a guerra colonial, regressa a Portugal para defender o doutoramento. Da sua passagem pela Inglaterra, refira-se ainda que, no decorrer das suas investigações, contactou com o reconhecido historiador Eric Hobsbawm e com o dirigente trabalhista Tony Benn. Iniciaria depois de 1974 uma carreira académica onde se evidenciou na orientação do mestrado em História Contemporânea da Universidade Nova. Colaborou em diversas publicações da sua área de investigação, sendo, quanto a nós, esclarecedor salientar a sua participação nos volumes XI e XII da Nova História de Portugal, com direcção de Joel Serrão e A. H. de Oliveira Marques, Presença, 1992.
Quanto aos estudos que incidem na sua terra natal deixou-nos três interessantes livros: O Ciclo da Laranja e os “gentlemen farmers” da Ilha de S. Miguel – 1780-1880, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1989; Quando os Sinos Tocavam a Rebate, Salamandra, 1996; A Emigração Portuguesa e o Atlântico, 1870-1930, Salamandra, 1999. E ainda um número especial da revista Ler História, “Açores: peças para um mosaico”, publicado em 1996, o qual beneficia da contribuição de diversos investigadores da realidade insular, iniciativa da nossa autora.
Em O Ciclo da Laranja Sacuntala de Miranda proporciona aos leitores o conhecimento dessa época de abundância que na ilha de S. Miguel se prolongou desde a segunda metade do século XVIII até às últimas décadas de Novecentos, quando as pragas desse tempo, o “coccus” e a “lágrima”, liquidaram a espantosa produção. Vários factores contribuem para a cultura e exportação da laranja: a pujança do mercado britânico numa fase de expansão económica, o dinamismo de uma classe de proprietários e comerciantes micaelenses, a fertilidade do solo, a mão-de-obra barata. O lucro e a abastança desta intensa actividade gerou as fortunas, os títulos e os palacetes dos grandes proprietários, mas beneficiou também os camponeses pobres. E enquanto os navios eram carregados de citrinos para os portos da Grã-Bretanha, alguns fundaram, em 1843, a Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, a qual iria promover o desbravamento das terras incultas, contactar associações estrangeiras, ou divulgar, através do seu orgão, O Agricultor Micaelense, as espécies de plantas que poderiam adaptar-se ao fecundo chão da ilha. Surgem os esplêndidos jardins de S. Miguel, alguns ostentando o nome do fundador. Um dos mais proeminentes elementos da S. P. A. M., José do Canto, irá propor a criação de um imposto sobre a laranja exportada para custear as obras de construção do porto artificial de Ponta Delgada, as quais, no entanto, só terão início em 1862.
No livro, Quando os Sinos Tocavam a Rebate, a autora ocupa-se das tensões sociais que tiveram lugar no Verão de 1869, em diversos concelhos de S. Miguel. Estes “motins de Antigo Regime”, evidenciam as dificuldades que enfrentava a população camponesa da ilha quando já se faziam sentir os efeitos do abrandamento da portentosa época da laranja. Neste caso, o motivo principal dos “alevantes” é a escassez do milho, base alimentar dos trabalhadores rurais. Após a colheita, o milho era muitas vezes açambarcado pelos grandes proprietários e comerciantes, esperando altura de melhores preços a fim de o exportar para outros mercados. Ao mesmo tempo, as alterações que o liberalismo introduziu, como a extinção das ordens religiosas, a abolição dos dízimos, o pagamento dos impostos em dinheiro, as novas medidas que substituem os padrões tradicionais utilizados no comércio, se por um lado reduzem o poder e as influências dos grandes, ou aniquilam a força do clero, provocam grande instabilidade entre a população mais pobre. Por outro lado, a incompreensão dessas alterações por parte de uma população analfabeta gera desconfiança nas autoridades. Na Ribeira Grande os sinos tocaram a rebate e a multidão «armada de foices, machados, martelos e facas, em grande agitação e vociferando contra os impostos,» invade os Paços do Concelho e todas as suas repartições, parte a mobília que lança pelas janelas, assim como pedaços dos livros de matrizes da Fazenda Pública. A intervenção do Governador Civil, que obriga os grandes proprietários a abastecerem o mercado local, e algumas “sopas” oferecidas pelas Misericórdias, trouxeram de novo a paz à “Ilha Verde”, para que tudo ficasse na mesma.
Numa linha de continuidade, surge o título A Emigração Portuguesa e o Atlântico, obra que as grandes causas da diáspora dos ilhéus: a crise da produção laranja e o desemprego; a abolição do tráfico de escravos, em 1851, e da escravatura, em 1880, aumentando a necessidade de mão-de-obra para a cultura do café; o vapor e o desenvolvimento das companhias de navegação transatlânticas que se dirigiam para o Brasil, primeiro destino dos emigrantes insulares, que mais tarde haviam de encaminhar-se para o Hawai e para os Estados Unidos. Como pano de fundo, o regime de grande propriedade, consequência inevitável da pobreza. Escrevia o jornal O Norte, no dia 10 de Maio de 1892: «Pouco aqui tinham; alguns nem uma palhota possuem, tudo vendem. O produto quase nunca chega para o pagamento de passagens e passaportes. (...) Quase todos embarcam descalços, mal vestidos e sem real na algibeira.» A odisseia da emigração como parte integrante do trabalho duma investigadora açoriana.

Mário Machado Fraião

Ainda Dili (15)


Pintura João de Azevedo

Pierre Hassner: O que está em jogo na Chechénia, no Kosovo e no Tibete

Temos que passar a uma velocidade superior de análise e combatividade. Por isso, no xadrez cerrado da geopolítica mundial urge perceber o longo braço-de-ferro que os USA, a Nato e os países chave da UE jogam em diversos tabuleiros com a Rússia e a China, principalmente. Os objectivos políticos são incontornáveis a que se junta agora depois da Queda do Mundo de Berlim e da Guerra no Iraque, uma desenfreada corrida ao controlo e posse das matérias-primas essenciais. Sobre tudo isso damos a ler um texto recente do grande historiador e politólogo francês Pierre Hassner, porventura o mais americano dos intelectuais franceses e muito marcado pelo estilo e moderação do mestre Raymond Aron. Ler aqui na íntegra, clicar.
Pierre Hassner caracteriza com bisturi a força e nuance dos casos políticos onde se joga a libertação de um povo, uma cultura e uma identidade histórica. "Os países ocidentais são, cada vez mais, chamados a tomar partido sobre crises e conflitos entre uma nação, imperial ou post-imperial, dominante e um povo dominado. Toda a gente é unânime sobre três pontos que são outros tantos dilemas. De início, proclamam-se ligados aos Direitos do Homem e, ao mesmo tempo, à soberania dos Estados e à estabilidade das fronteiras. Em seguida, devem gerir, ao nível da acção, uma tensão, entre os princípios universais, morais ou jurídicos que defendem, e os interesses, as alianças e os envolvimentos dos seus próprios estados".

Quer a Chechénia, quer o Kosovo ou o Tibete são vítimas de um jogo multipolar muito cerrado e compacto entre as superpotências. Hassner sublinha, por isso, que estes três casos politico-civilizacionais "têm um estatuto jurídico incerto e flutuante, com uma identidade cultural, histórica e uma vontade política muito vincadas, perante o desejo de conquista e a opressão de regimes nacionalistas, comunistas ou post-comunistas".

Sobre a Chechénia, Hassner avança com a tese de que a antiga URSS " deportou a população no tempo de Estaline ", depois de de a ter conquistador duramente no séc. XIX". A propósito do Kosovo, o historiador faz sintética análise notável: "O Kosovo, depois de ter conhecido sucessivamente a dominação dos búlgaros, dos imperadores bizantinos, dos Sérvios e dos Otomanos, sucessivamente; foi conquistada pelos Sérvios com brutalidade extrema, de novo, em 1912, arrancado à Albânia, tornado independente por uma negociação entre as grandes potências; e finalmente, incorporado no reino jugoslavo, depois na Federação Jugoslava de Tito, com um duplo estatuto de autonomia no interior da Sérvia e a nível federal ".

Sobre a revolta no Tibete, Hassner mostra-se muito pessimista. "O Tibete, herdeiro de um império considerável, possui ligações religiosas e, por vezes, protectorados antigos com a China; e conheceu através dos séculos inúmeras invasões, pontuadas por fugas e regressos de sucessivos dalai-lamas, não sendo incorporado na Chia senão por Mao Tsé-Toung em 1950. Viveu uma grande revolta popular em 1959, reprimida violentamente pelos chineses". O politólogo aponta que "Pequim optou pela via repressiva e da assimilação forçada que, muito provavelmente, irão gerar outras revoltas e mais repressão até à exaustão da religião tibetana".

FAR

Terra

African Woman/14 (Angola 06)
foto:g.ludovice

sábado, 5 de abril de 2008

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Zimbabué: Jornalista do NY Times detido pela polícia de Mugabe

Barry Barack, enviado do NY Times, e pelo menos mais outro jornalista estrangeiro foram detidos pela polícia de Mugabe. O cônsul americano em Harare contactou na prisão o enviado especial, que foi acusado pelo governo de violar as regras do "jornalismo e actuar sem acreditação". Desconhece-se se outros jornalistas estrangeiros foram igualmente detidos. Por outro lado, as forças policiais invadiram várias sedes do MDC, o partido da Oposição, que venceu as Legislativas e confessa liderar a contagem dos votos das Presidenciais.

A tensão e os rumores ganham o campo político zimbabueano, o que deixa os observadores perplexos. Esta vaga repressiva orientada pela Polícia, parece ser "um mau sinal", revelava o enviado da Reuters no telegrama que o NY Times Online publicou. A hipótese de uma segunda volta das Presidenciais, apesar do candidato da Oposição ter atingido mais de 50 por cento dos votos, pode estar comprometida. O que pode originar uma onda indescritível de violência e caos, num ambiente infernal de fome e miséria assustadoras.

(Mais aqui)

FAR

Zen (3)


Fogo no céu. Maryland, USA.

Foto Jota Esse Erre

Mambo 39

Os primeiros sofrimentos são como as grandes chuvas.
Não se sabe se tudo se vai entranhar em afundamentos na perda ou apenas revolvida a superfície, areja-se o novo caule já surgido entretanto, o que guarda a desejada imperdível flor.
Por causa dessas estranhas parecenças de momentos, muitas vezes como se tem a própria sombra, temos uma imparável sarna mental, sentimo-nos como se nos pudessem chamar de cão vadio, de um quem perdido e afirmamos a fenda da nossa existência com a convicção de quem vê uma paisagem. Fugazes compleições.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Exposição


Metamorfose
A evolução da Arquitectura em Portugal
19 de Abril a 7 de Maio
Galeria de Arte Praça do Mar
Quarteira
(ver Mambo 33)

Campos de reeducação: O silêncio cúmplice de Cavaco Silva

De visita a Moçambique, Cavaco Silva perdeu uma excelente oportunidade de servir para alguma coisa. Além de descomprometido com a “esquerda”, tinha ainda a vantagem de ter pela frente a pessoa certa para tratar de um assunto que há décadas ensombra a história conjunta de Moçambique e de Portugal, a tal história do “cheiro a terra molhada e a temperos exóticos” (traduza-se: cheiro a cadáver e a trampa em geral). O dito assunto (os campos de reeducação, lembram-se?) é um dossier que continua por fechar. Aliás, continua por abrir. Cavaco podia tê-lo feito agora, é só lhe ficava bem. Teria dado uma excelente lição aos seus predecessores de esquerda. Mas não. Faltaram-lhe tomates, ou interesse, ou vontade política. Sucede que houve Operação Produção. Sucede que milhares de moçambicanos foram detidos e degredados sem qualquer julgamento. Sucede que na onda foram também muitos portugueses, e que, até hoje, nunca houve um sinal de arrependimento, um pedido de desculpas, ou uma reabilitação pública, já para não falar de indemnizações mais que justificadas. Armando Guebuza, actualmente Presidente da República de Moçambique, era na altura ministro do Interior, e foi o mentor do cambódjico processo, responsável directo por milhares de detenções sem culpa formada, e, pelo menos, centenas de mortes. Quer dizer: a pessoa certa para reabrir os arquivos, e informar de uma vez por todas quantos portugueses foram na leva, quais os seus nomes, qual o destino que tiveram, e, na pior das hipóteses, onde param os seus ossos. É chato, é macabro, mas há famílias e amigos que gostariam de ver este assunto arrumado. Pela minha parte, exijo a reabilitação da memória do anti-fascista e anti-colonialista português Virgílio David da Silva Faustino, meu grande amigo e companheiro de exílio, detido e deportado sem culpa formada. Sem culpa nenhuma, aliás. Cavaco optou pelo silêncio, e quem cala consente. É pena. Os moçambicanos, afinal as principais vítimas do monstruoso “processo reeducativo”, apreciariam por certo outra atitude do PR português, já que há muito aguardam em vão pela reabilitação dos seus “reeducandos”. Guebuza tem as mãos manchadas de sangue. Nada de estranho num dirigente africano, daqueles que o Ocidente patrocina e sustenta no poleiro. Só que, neste caso, também há sangue português, e Cavaco, se pretendia ser de facto o presidente de todos os portugueses, tinha obrigação de não se calar. Mas calou-se. Se existe de facto algo em comum entre Portugal e Moçambique não é o Eusébio nem o seu marisco favorito. Se existe um passado comum, é esse, o da tirania. E se existe um futuro comum, passa pela liquidação efectiva de heranças como a Operação Produção. O resto é demagogia, paternalismo e cobardia perante a História. O resto é merda, em resumo.

José Pinto de Sá

SF: A era da turbulência gera a moral do imprevisto

Sem tirar nem pôr. Criar vagas psicadélicas e fazer fé no mercado auto-regulado. Bancarrota à vista? Hipotecar títulos do tesouro no estrangeiro e enfraquecer o dólar. Tudo no segredo? Sem dar nas vistas? Como nos livros/filmes de Ficção Científica, é evidente! Vamos ver a loucura - a palavra mágica - que incendiou as primeiras páginas dos grandes diários económicos mundiais, via Fórum dos Economistas do Financial Times. E é só um " cheirinho"…

No auge da crise do mercado financeiro anglo-saxão, Alan Greenspan escreveu um artigo surrealista no FT, onde dizia preto no branco que jamais se conseguem evitar os riscos na economia de mercado; e que ele, o mercado, se constrói e avança por si. Alice Rivlin, economista próxima dos Clinton, ataca: o pecado não reside nos modelos imperfeitos - de controlo de gestão dos empréstimos- mas, isso sim, sublinha, não sendo necessários modelos extremistas, urge perceber o que acontece quando" o preço das casas cai e o seguro dos empréstimos desaparece" na volatilidade complexa da economia, dando surgimento ao ciclo recessivo e à destruição do mercado de trabalho e da competitividade industrial.

"O colapso nos mercados de crédito não constitui nenhuma surpresa para os estudantes de gestão e de crédito bancário. Ele deriva da errância dos incentivos e de um paupérrimo estilo gestionário", assevera por seu lado Mary Schranz, economista do Citigroup, que ante visiona para o consumidor norte-americano tempos difíceis: "A inflação vai ser bastante alta, o valor da moeda tenderá a ser fraco e o fundo dos problemas financeiros acabará por permanecer inalterável ",ante visiona sem pestanejar. E no resto do Mundo?

Martin Wolf, o economista-editor-em-chefe do FT, entra na discussão. "Existe uma grande quebra na regulação". E " os riscos geram má gestão " em cadeia dos agentes e entidades da concessão do crédito, incluindo as agências, os bancos e sociedades de investimento "E esta farpa directa a Greenspan: "Não poderemos ignorar por mais tempo as acções de cruzeiro (Hedge Funds). Temos que observar cautelosamente todos os incentivos em acção no interior do sistema financeiro- um assunto que Mr Greenspan evita. Isso não é só ignorância. Constitui, isso sim, uma obstinada e tendenciosa ignorância". A era da turbulência gera a moral do imprevisto, com efeito.

FAR

Do México (3)


Monumento Maia. Estado de Campeche, Yucatán, México. Fev. 08

Foto Pedro Caldeira Rodrigues

quarta-feira, 2 de abril de 2008

III - Zimbabué: Mugabe pode inclinar-se à pressão das armas

É um interminável e absurdo filme de horror: percentagens quase iguais de votantes para o ditador e Oposição, com ligeira vantagem desta no número de lugares ganhos para o Parlamento; recontagens alucinantes de votos e poucos casos de denúncia de "chapelada", assim resume hoje o NY Times o estado da situação no Zimbabué. Os planos para Mugabe instruir um "golpe de Estado" parecem estar afastados, de uma vez por todas.

Entretanto, o Presidente sul-africano, Mbeki, parece ter sido visto em Harare para ajudar a encontrar uma solução ao impasse político criado. Londres, Washington e Bruxelas aconselham Mugabe a resignar. As altas chefias do Exército e da Polícia tentam salvar a pele, e mostram-se abertas ao encontro de um entendimento com o líder da Oposição, Morgan Tsvangirai. A seguir…

FAR

Mugabe perdeu o parlamento, NY Times

Ainda Dili (14)



Pintura João de Azevedo

terça-feira, 1 de abril de 2008

"a carolina michaëlis fica onde nós quisermos, nomeadamente ao canto da boca"

"também eu vou atirar uma posta de pescada sobre a polémica do vídeo na carolina michaëlis, mas já agora de pescada zero, que costuma designar aquela que se coze em água e sal para desesfaimar, palavra que acabo de inventar, o gato lá de casa, coitadinho. das minhas memórias do ensino secundário, e estas podem fornecer pistas sobre a situação patética que é a minha vida adulta, guardo com especial fervor as 'visitas de estudo' programadas pela professora de matemática, personagem a dar para o blasé, na versão amigável, totalmente tresloucada-chique, na versão maldosa, que muito gostava de laurear com os seus alunos sob a capa do interesse complementar ao plano de estudos. para tal pagava-se inscrição e alugava-se a camioneta, o motorista sempre o mesmo, os destinos mais ou menos variáveis, sempre rumo a norte, vila real, por exemplo, local onde conheci de perto as potencialidades dos garragões de vinho levados para o quarto da residencial, ou covilhã/serra da estrela, em que certa e determinada ressaca me fez perder a viagem de camioneta à zona da torre, razão pela qual fiz esse trajecto à boleia numa carrinha de caixa aberta em pleno janeiro, rodeado de laranjas, por forma a não perder as dinâmicas de grupo da turma durante o resto do dia. e o estudo incluído na vistia, claro. pois bem, numa dessas viagens de grande instrução acabei por receber de forma enviesada uma série de informação com que nunca sonhei, nomeadamente em termos estéticos, uma vez que, em determinada altura em que foi necessário bater à porta da professora para combinar algum plano das festas, a senhora aparece à ombreira da dita [porta] com o ar mais natural do mundo, secundada na penumbra pelo motorista do machibombo, sempre o mesmo, sempre fiável. presa ao colete de forças mental das equações de segundo grau, da fórmula resolvente ou dos casos notáveis a nossa interlocutora esqueceu-se de supervisionar ao espelho a figura com que iria aparecer aos seus instruendos de 16/17 anos, observadores implacáveis, e como tal ostentava um comprometedor pintelho ao canto da boca, enquanto perorava acerca do cumprimento dos horários das visitas, ou coisa que o valha. na altura telemóveis nem vê-los. youtube muito menos. poupou-se no enxovalho imediato, ganhou-se na hilariedade privada, liberta aos borbotões entre os nossos grupos de amigos ao longo de anos a fio. obrigado stora. obrigado sistema educativo. telemóveis nas aulas? isso é coisa para meninos."
pedro vieira, Irmão Lúcia, 1.4.08



Recordações da Casa Amarela, João César Monteiro

Uma genuflexão perante o Irmão Lúcia e o
Sinusite Crónica.

Em fôlego de rio

Levava-a todo o dia ao rio depois de descida a faladora ponte, areava-a pois na paisagem com areias, sempre punha esforços no hábito de compreender os fundos, revirava-a de lado em sucessivas voltas, esfregava-lhe o que liga a base ao circular e amolgado encosto para as duas asas, que sobre o carvão sempre a aqueceram demais nas vontades das mãos, percorria-lhe teimosamente o redondo dos esbatidos parafusos com aqueles dedos que perseguem a fugitiva doença no momento da cirurgia, recuspia-lhe nos grãos em arranjos de começar de novo o saber dos escondidos brilhos, roçava-lhe nova areia uma e outra vez numa paixão de seres que sempre se querem afundar só para estarem de verdade, já tarde em sol depois das tensas lambidelas da terra sacudia-a, como fazia aos seus panos após estar ali sentada de pernas abertas com a panela no meio, como um filho protegido dos ventos da vida nas ternuras de mãe, sem que a emprestasse muito tempo a outras mãos, não fosse esse alguém começar-lhe a descuidar as quantas coisas que estranhamente, existem num vazio. A mente dela era uma panela. O coração também talvez.

Múltiplas hipóteses

Pintura em azulejo 2001- Serpa

Do choque

"(...) já agora, assinalo o meu profundo choque por o Presidente da República precisar do YouTube para se chocar (profundamente) com as escolas portuguesas." UM PASSO LONGE DEMAIS, DN, 1/04/08, João Miguel Tavares

Há festa na aldeia



II - Zimbabué: Atraso na contagem eleitoral pode revelar fraude massiva

Três dias depois das Presidenciais, a contagem de votos tem sido realizada gota-a-gota, o que segundo observadores bem colocados pode denunciar fraude massiva. A jornalista sul-africana, Heidi Holland, disse ao Liberation que Mugabe "tudo fará" para se perpetuar no poder. Desenvolvendo uma análise psicológica que sustenta após a realização de um livro de entrevistas com o PR zimbabueano, a jornalista admite que Mugabe vai tentar manipular os resultados e agarrar-se ao poder. O déspota considera-se injustiçado pelos antigos colonos brancos, a Coroa britânica e pelo seu próprio povo, sublinha a repórter. Entretanto, os 14 países da Comunidade da África Austral para o Desenvolvimento (SADC), revelam-se muito "apreensivos" com a demora da contagem eleitoral e as represálias dimanadas das cúpulas militares afectas a Mugabe.

O NY Times Online, que acerta rigorosamente as notícias, revelava hoje de manhã, citando outro biógrafo de Mugabe, que "ele só não alterará os resultados a seu favor, se o não conseguir"; ao mesmo tempo, o mesmo observador, afirma "não ser certo que as forces militares e militarizadas estejam a cem por cento com Mugabe". Por outro lado, o NYT Online revela que a administração de GW Bush faz pressões sobre o Governo de Harare para que a contagem e revelação dos resultados eleitorais se processe sem lentidão.

Por fim, e ao meio-dia de hoje, o The Guardian On Line relata que, segundo membros do Corpo Diplomático instalados em Harare, há grande expectativa e a maior das atenções sobre uma reunião que decorreu sob a égide de Mugabe no Palácio presidencial, onde se discutiram duas opções: ou Mugabe se declara reeleito ou as F. Armadas decretam o estado de sítio para impedir a revolta da população. De acordo com o jornal, o ministro da Justiça, Patrick Chinamasa, de perfil autoritário e brutal, perdeu a sua reeleição no departamento de onde é natural. Vários outros ministros são dados como batidos, adianta a mesma fonte.

FAR

Aqui vídeo do New York Times

É 1 de Abril

Caixa de comentários do Blasfémias

«Pelo Rei e pela Grei! Diz:
31 Março, 2008 às 10:11 am
Tudo isto se resume a um ponto:
A “rapaziada de Abril”, que tomou as escolas e universidades de assalto, que insultou e expulsou professores, que fez e desfez programas escolares em nome de “amanhãs que cantam”, que fez doutoramentos com júris “populares”, que invadiu e destruiu embaixadas, que abandonou o Império à sua triste sorte, etc., etc., envelheceu! Tem hoje filhos e filhas que frequentam as Escolas portuguesas… E o resultado é este!
Para haver democracia não era preciso isto!
Resposta para “Ali há quem mande*”»

Não é peta.

Saigão (2)


(Ho Chi Mhin City) Saigão. Vietnam. 2008

Foto FFC