O PM interino e general na reserva apresentou ontem o seu governo que
marginaliza toda a classe política de Bangkok
A sequência tailandesa golpe de estado -corrupção -golpe tem origem primeva nos putschistas de 1932 conduzidos por um antigo estudante que frequentou Paris, a Sorbonne e os meandros efervescentes do Quartier Latin. A LUAR, a UDP e a LCR lusitanas quarenta anos depois seguiram as pisadas desse tipo de sublevação leninista e blanquista, se bem recordamos. Ora, a estudantil revolta de Bangcok instalou a monarquia constitucional no reinado e aboliu centenas de anos de despotismo e escravatura. O pior é que o ciclo de golpes de Estado se sucedeu: quase duas dezenas em 50 e tal anos, e o penúltimo levava já 16 de esquecimento...
Os militares golpistas e fiéis ao rei - que " governa os militares "- têm-se multiplicado em declarações apaziguadoras e confiantes. O pior é que o estado de sítio se mantém. O pior é que a Liberdade de Expressão e de Reunião não funcionam. E pior: não se sabe quando serão restauradas. Acresce o facto da classe política de Bangkok ter sido marginalizada pelo novo poder...militar. O que preocupa todo o Mundo: o Japão, os EUA, a Índia e a China, cada qual pela sua ordem de razões efectivas.
A classe intelectual tailandesa mostra-se muito inquieta com o " estilo " do governo tecnocrático imposto pela Junta. O partido do sinófilo PM no exílio auto-dissolveu-se e os partidos da oposição ao anterior governo civil não esboçam nenhuma reacção visível à luz do dia. O meio estudantil permanece mergulhado em muita angústia existencial, se bem que o general pm seja budista e não-corrupto. E o rei já tem uma idade muito avançada para tentar liderar qualquer opção de renovação política estrutural.
A Tailândia foi apanhada no turbilhão das profundas mexidas de intervenção económica regional manipuladas pelo Japão e a China, desde o início do ano. Uma nova divisão do trabalho e consideráveis perdas nas taxas de investimento e lucro, fizeram da Tailândia - que vive da exportação de arroz, do turismo e da incipiente indústria de componentes automóvel - num elo muito fraco da cadeia sincronizada e estabelecida pela ASEAN, onde os contornos económicos e políticos são disputados palmo a palmo pelos dois gigantes da zona.
FAR
2 comentários:
Uma pecisao: os 60 dias de jejum democrático sao o teste efectivo e crucial para os militares e os budistas... provarem que querem restabelecer a democracia pluralista na Tailândia, segundo precisao do incomparável NY Times, claro. Esse era o ponto axial nuclear do texto que desmobilizei com a pressa. Vale? FAR
Errata. Uma precisão...FAR
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