Se a política é a economia concentrada, a dupla asiática dominante pode desarmar as fanfarronices da Coreia do Norte e confortar o crescimento contínuo da zona económica de maior dinamismo mundial do séc. XXI
A posse de um estudo do economista francês, Claude Meyer, recentemente revelado pelo jornal Le Monde, permite-nos aprofundar uma das temáticas mais fascinantes da actualidade política mundial: o estado e o ritmo da colaboração/parceria económica sino-nipónica. As grandes diferenças ideológicas não impediram um real entrosamento das duas economias gigantes. A japonesa pelo alto nível tecnológico das suas exportações e capacidade de investimento no exterior; a chinesa pelo valor quase intangível da produtividade do seu exército inumerável de mão-de-obra a baixo preço e o despertar de um mercado interior que atrai todas as grandes potências mundiais. Só que o Japão lidera em tudo no investimento e na cooperação com a China, suplantando de longe o norte-americano e o das outras principais potências mundiais.
De acordo com Meyer, investigador associado da Universidade Chinesa de Hong-Kong e prof. do famoso Instituto de Sciences-Po e da U. Paris-I-Sorbonne,a única sombra que pode perturbar a parceria económica vencedora sino-nipónica pode vir a revelar-se pelas tendências nefastas da corrida à hegemonia política de um dos dois países no concerto da Ásia e do Pacífico. Se o PC chinês apostou tudo na política económica para ampliar a sua base de sustentação política mundial, o Japão espera consolidar o seu avanço tecnológico substancial e afastar as veleidades hegemonistas da classe política de Pequim sem remissão.
A diferença entre as duas economias continua enorme. O PIB japonês pesa três vezes mais do que o chinês e representa, por si só, perto de 60 por cento do total da Asia Oriental. O salário médio do japonês é 2000 por cento superior ao chinês. A rede bancária japonesa estende-se por toda a vasta zona e a ajuda dispensada cifra-se em volumes gigantescos sem comparação possível com outros prováveis competidores. Contudo, o modelo económico nipónico tem que fazer frente ao grau de saturação atingido, o peso da dívida publica e o envelhecimento crescente da sua população ", diz o especialista.
Em contraste, analisando os traços essenciais da economia chinesa, Meyer aponta para a forte taxa de poupança, o afluxo massivo de investimentos estrangeiros e grandes mercados de mão-de-obra a baixo preço. Alerta para a improbabilidade da economia chinesa continuar a crescer ao ritmo de 7/10 por cento ao ano. Porque, explica, múltiplas contrariedades pesam sobre o crescimento chinês: a desigualdade crescente, a fragilidade financeira e, sobretudo, a excessiva dependência do exterior, quer para a compra das matérias-primas quer para a importação de tecnologias e a disputa de mercados de exportação.
FAR
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