A nova esquerda chinesa reivindica uma alternativa social ao burocrato-estatismo

The New York Times Magazine (13/10/06) revela
A nova esquerda chinesa reivindica uma alternativa social ao burocrato-estatismo

Um intelectual tibetano que estuda os efeitos da modernidade no Oriente, em especial na China e na Índia, Panjaj Mishra, publicou esta semana um longo artigo onde expõe o acidentado percurso dos intelectuais da oposição de esquerda ao regime chinês. Trata-se de um texto muito interessante e documentado. Por vezes, parece-nos que estamos na Lisboa fantástica dos anos 70, a fervilhar de ideias e com os cafés de Entrecampos e Campo Grande - Grã-Fina, Vavá e Tatoo, entre muitos outros - a servirem de palco a animados debates dos caixotes de livros expostos nas livrarias da moda da época.
O investigador parece não ter saído da área do café Thinker´s, adstrita à Universidade Tshinghua de Pequim. Onde encontrou os expoentes mais carismáticos de uma nebulosa intelectual que aposta na reforma por dentro do comunismo chinês... E que dá pelo nome de
Nova Esquerda, composta por sobreviventes nos dois sentidos plenos da palavra aos trágicos acontecimentos ocorridos pela intervenção sanguinária do exército na Praça de Tiananmen em 1989.
Advogando uma alternativa chinesa para a economia neoliberal, a única forma de garantir a sobrevivência a 800 milhões de carenciados e pobres, os mentores da Nova Esquerda chinesa propõem que seja o regime a reformar-se: por muito que isso possa parecer utópico e paradoxal. O combate à corrupção estimulada em crescendo nos últimos meses e os esforços para domar os excessos da força da economia de mercado são destacados como elementos de mudança pelos cérebros da N. Esquerda.
" Nos últimos anos, revela o mais carismático líder da N.Esq. Wang Hui ao articulista, os novos ideólogos reflectiram muito e eloquentemente sobre o maior paradoxo contemporâneo da China: o autoritarismo de estado encorajando a economia de mercado selvagem,se bem que reivindicando o socialismo. Revelaram como é que o PC, apesar de oficialmente promover o igualitarismo, abriu as portas aos ricos patrões do privado. Muitos dos delegados nas províncias abusam do poder discricionário para se tornarem homens de negócios, em vez de defenderem as populações rurais que passam a explorar. A aliança entre a elite política e os objectivos de promoção comercial, faz lembrar o mesmo tipo de alianças existentes nos EUA e em muitos países da Ásia do Sudeste ", frisa o investigador projectando as análises dos seus entrevistados.
" Zhu Xueqin, professor de História da Universidade de Shangai e um dos mais reconhecidos intelectuais liberais, afirmou-me que ele quer mais, não menos, reformas de mercado. Segundo ele o afirma, a presente instabilidade que agita a China não é originada pelas forças económicas mas pela política repressiva do regime que impossibilita a emergência de uma democracia representativa e de um governo constitucional "., refere o investigador que, dos últimos trabalhos publicados em livro, o NY Times destaca o volume sobre " Temptations of the West: How to be Modern in India, Pakistan, Tibet and Beyond ".

FAR