quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Coreia do Norte: laxismo chinês ou realpolitik implacável?

O pragmatismo político chinês " largou " as cordas a Kim Jong II para melhor negociar o futuro de Taiwan e continuar na demanda de matérias-primas através de toda a Ásia sem ser controlado pelos EUA

O artigo de François Géré, geopolitólogo do IFRAE, que pode ler aqui situa o enquadramento geral das implicações da experiência atómica norte-coreana. Pequim revê a 180 graus toda a sua política internacional e coloca-se ao lado da ONU e das grandes potências. Porquê esta viragem tão nítida? Quando Pequim acaba de reforçar os laços económicos com a sinistra clique no poder em Shianouk-Ville (Camboja), concluindo uma linha férrea que a conduz directamente ao mar da Ásia do Sudeste, vital para as trocas económicas indispensáveis ao seu desenvolvimento. E continua a apoiar todas as ditaduras sanguinolentas espalhadas pelo globo... Tudo por causa da posse reclamada de Taiwan e do secreto desejo de dar como troca a Coreia do Norte aos americanos.

A política de contenção e realismo chinesa tem-lhe dado frutos: para lá de grande envolvimento em África, nas suas zonas petrolíferas, Pequim entrou em grande numa parceria petrolífera com o Cazaquistão ( Ásia Menor); e inaugurou um novo porto de mar em Rangoon ( Myanmar) sobre o Indico e perto das costas paquistanesas dotado de central de escutas intercontinental, com incidência principal na Índia, dizem as más-línguas.

Vejam-se as performances da política externa chinesa em menos de uma semana: grande restauração política e económica com o Japão, com vantagens para o congelamento temporário da corrida aos armamentos entre os dois irmãos inimigos. Reforço do prestígio internacional ao alinhar com os outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU na condenação do atrevimento norte-coreano. Há quem diga, por outro lado, que é por causa da realização dos Jogos Olímpicos de Pequim dentro de dois anos, que a China se mostra tão apaziguadora e realista.

FAR

Artigo de François Géré no Figaro

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