sábado, 28 de outubro de 2006

Balanço da Universidade de Outono


(Foto tirada, com a devida vénia, da Oficina das Ideias)

Como é de bom costume, a destempo, pois, aqui se balançam os resultados das sessões informais do British Bar. Também conhecidas pelo aglutinado “Universidade de Outono “2+2=5”.
Mais uma vez, podemos dizê-lo, esta proposta de pedagogia popular saldou-se por um êxito retumbante. Embora a maioria das sessões não se tenha realizado, por razões clínicas, umas vezes, por atropelos de calendário, outras.
Graças às qualidades motivacionais dos elementos mais disciplinados do painel, foi possível, a despeito do confusionismo reinante à partida, chegar a algumas conclusões, à chegada. Com algum exagero dir-se-á que o trajecto entre o contador de pérfida Albion e a Palhota foi percorrido como que numa travessia bíblica, ao sabor da literatura de viagens, ou como numa deambulação antropológica, com tons de idiotia pós-graduada.
Mas vamos a resultados. A jóia da edição 2006, estimou-se, recairia sobre o segmento White Man Burden (monetarização do lobolo, chapa como o caminho mais directo e célere para o inferno, etc), a cargo de G da Silva. Nem brilhou de baça. Silva entrou de sendeiro e recolheu de sendeiro.
Para expiar o fracasso e penitenciar-se de Fróis, o núcleo duro da UO decidiu que o mesmo Silva terá de apresentar, em 2007, um trabalho sobre a cruz de Lorena, ou, em alternativa, pregar Lorena numa cruz.
Auspiciosas foram, porém, as conquistas do “2+2=5” no capítulo liberdades e boa governação. Mesmo os mais obtusos servos da escuridão e do estalinismo, quando confrontados com as políticas sociais, económicas, culturais, do PS, tombaram convencidamente ajoelhados, e, como o ‘tonton alienatus’ de Orwell, esse ex-polícia, ex-terrorista, convertido à humanidade por razões olfactivas, verteram lágrimas sentidas por José Sócrates. Apenas por receio de errar por defeito, e por respeito ao nojo dos recém-convertidos, não se reproduzem aqui as declarações de arrependimento dos ex-comunistas, e outros transviados da história, que se têm recondicionado à evidência de que o governo de Sócrates é, sem dúvida, o melhor dos últimos 20 anos, muito provavelmente, um dos excelentes da UE. No fim de contas, até as manifestações que (aparentemente) contestam, nas ruas, o executivo do PS, fazem-no como pleito à liberdade. No final do dia, lá estão eles de roda e mão dada, brincando de Siegfried ao som de Vangelis.
O mundo pode andar perigoso, admitimo-lo, mas esta não será a sua adjectivação mais funesta. Medra é uma enfadonha falta de imaginação, bem ilustrada pelo genérico da proposta em discussão na Gulbenkian, e objecto de referência no “2+2=5”, na senda da crise dos valores. Estranha crise esta, que não repercute no NYSE, no Nasdaq, no Footsie, no Hang Seng, no Straits, no Nikkei, e outras bolsas de valores. O que não escasseiam são valores. Com a vossa licença, vou já aplicar uns tostões na bolsa de derivados. No terceiro mandato de Sócrates.

JSP

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