" O que este movimento revela como contradição fundamental da sociedade capitalista burocrática não é a 'anarquia do mercado', a " antinomia entre o desenvolvimento das forças produtivas e as formas de propriedade" ou entre a " produção colectiva e a apropriação privada ". O conflito central em torno do qual todos os outros se ordenam revela-se como sendo o conflito entre dirigentes e executantes. A contradição intransponível que organiza a dilaceração desta sociedade manifesta-se na necessidade de o capitalismo burocrático excluir os homens da gestão das suas próprias actividades e na sua impossibilidade de lá chegar (se lá chegasse, logo desabaria por esse facto). A sua expressão humana e política encontra-se no projecto dos burocratas transformarem os homens em objectos (quer seja pela violência, a mistificação, a manipulação, os métodos de ensino ou os chamarizes 'económicos') e na recusa dos homens em deixar-se levar.
" O funcionamento do capitalismo burocrático cria as condições de uma tomada de consciência, materialmente incarnadas na própria estrutura da sociedade alienante e opressiva. Quando os homens são levados a lutar, é esta estrutura social que são obrigados a pôr em causa; tanto mais que o anarco-despotismo burocrático põe constantemente o problema da organização da sociedade como um problema explícito aos olhos de toda a gente ".
In "Mai 68. La brèche"; C. Castoriadis, Edgar Morin, Claude Lefort. Editions Du Seuil.
FAR
3 comentários:
Saltou um parágrafo. Onde vem o corte, sem sentido, no primeiro periodo. O Pensamento Castoridiano, na base de Maio 68 e da renovacao da Ultra- Esquerda universal e francesa de Hoje, nao pode sofrer beliscaduras. Aqui vai o parágrafo completo, na linha 4: " O conflito central em torno do qual todos os outros se ordenam revela-se como sendo o conflito entre dirigentes e executantes ". Feroz crítica- com densas lições da história revolucionária - que deita por terra todos os aprendizes de feiticeiro e manipuladores de massas, leninistas ou trotsk- leninistas de águas mil... FAR
Segundo Zizek: o "Homo Sacer" Agambeniano.
Para a história deste Fragmento: Dei nas milhares de páginas de Castoriadis, num livro de 1996- com uma crítica ao famigerado " Processo Histórico ", alibi marxista e paranóia dos militantes estalinianos. Ora, dada a hora matinal, 5 horas lisboetas,decidi jogar pelo seguro e publicar o fragmento desse livro maravilhoso sobre Maio 68, para mim o melhor ,com tradução do magnífico António José Massano, o tradutor de Montalban e o copyrighter dos livros de Maria João Avillez, entre muitas outras obras de mérito. FAR
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