sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Sim por fim

Este post será, em princípio, o último que irei colocar até às 19 horas de domingo (reservo-me o direito de legítima defesa se os blogues do Não quebrarem o pacto). Quero aqui fazer um breve balanço de uma campanha que, como poucas, apaixonou tanta gente- e a sua primeira grande virtude foi mesmo essa: pudemos sentir, para o bem e para o mal, um cheirinho da verdadeira democracia, essa que não pertence a directórios partidários mas a todos nós. Sentimo-nos parte mesma dessa democracia, importantes, decisivos na nossa singularidade. Para quem acredita na democracia participativa, este foi um motivo de orgulho e esperança, mesmo que, note-se, o referendo não seja vinculativo (e eu espero bem que seja, em nome da instituição referendo, que muito prezo apesar das curiosas nuances com que é aplicada em Portugal- mero meio de desresponsabilização das maiorias em temas controversos).
Não irei repetir os argumentos que me levam, desde o princípio, a tomar uma clara posição pelo Sim. Registo que tive oportunidade de aprofundar outros, em blogues, artigos de jornal, debates ou simples conversas. Registo também que, se possivel fosse, e eu pensava seriamente que não, saio da campanha ainda mais convicto da justeza da minha posição pelo Sim. Espero e confio que o dia 11 de Fevereiro de 2007 seja lembrado para sempre como o dia em que Portugal deu um passo decisivo em direcção à urbanidade, à liberalidade dos costumes, à civilização.
Com maior ou menor brilhantismo, com mais ou menos empenho, todos procurámos dar o nosso contributo pela causa que defendemos. Da minha parte, fiz o que pude e o que sei. Orgulho-me da maioria dos meus contributos; reconheço que por vezes me excedi (como num certo e famoso post de que os leitores habituais deste blogue certamente se recordam), também, reconheça-se, porque me fizeram subir a mostarda ao nariz. Seja. A vida é feita de apostas, umas certas, outras erradas.
A blogosfera foi palco central do debate, o que só surpreenderá os mais distraídos. Cada vez mais os blogues serão elementos do processo mediático-democrático, transportando as suas virtudes e os seus defeitos. Habituemo-nos, e saibamos cultivá-la da melhor forma, rejeitando os seus ramos podres. Também neste caso, o futuro está nas nossas mãos.
As análises sobre o que correu bem e o que correu mal ficarão para depois dos votos contados, até porque dependem muito do resultado final. Termino com um sincero apelo aos meus compatriotas para que, independentemente da sua opção neste referendo, não deixem de votar. Se há algo que ainda resta da Democracia, nestes tempos de império económico, isso é o voto, e ainda mais neste caso. No dia 12 seremos todos portugueses, com as nossas idiossincracias, e o mundo continuará a girar. Até lá!

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro André: O impacto mediático dos Blogues é, já imenso.Em Portugal, pelo que leio, ele agencia uma colecção fantástica de meios de Informação e Conhecimento.
Só é penda ter acabado o blogue de Filosofia, que citava Wittgenstein a cada fracção de texto...

E agora esta revelação sensacional lida num jornal de papel, NY Times: O blogger Matt Drudge parece " pesar " mais na política americana do que o grande e fantástico jornal NYT. Ora, tudo isso nos obriga a uma exaustiva e criadora posição , onde a humildade e a transparência se apresentam como condições necessárias e imprescindíveis para a avançar em frente, com qualidade
e pluralismo essenciais.

JPP, no Abrupto, tem agora publicado umas " Notas sobre a Cultura de Blogue ", onde as suas posições elitistas e sigilosas se liberalizam, a olhos vistos: Por causa da grande qualidade dos Blogues nacionais, claro está. FAR

Anónimo disse...

Amanhã estaremos todos a depositar a nossa escolha na urna. Não falte ninguém ... e, no momento de por o X, lembrem-se de ler a pergunta e a ela responder - é só à pergunta que têm de responder.
Confio no bom senso das pessoas.