Estaremos continuados para um outro, não apenas porque temos um corpo como um cais de onde partem intensamente mundos interiores que desejam trocar claridades pelas palavras e gestos, mas porque temos um nome que é como um caminho de regresso ao pulsar do nosso pensamento. Só compreendo o anonimato quando se pretende ficar no obscuro patamar dos bastidores, por autêntica humildade ou filosofia que inclua em si a compreensão de que o que se faz ou diz é o que poderá ser significativo e não quem foi o andaime disso, que vale; ou ainda, quando a omissão de uma identidade se relaciona com o salvar uma existência, qualquer que seja o reino a que pertença.
Mas não entendo o avanço de ideias e menos ainda se forem de carácter manipulador ou emotivo, sem assinatura.
Um nome é um rosto e quem o é, deve-lhe dar o valor dos seus próprios passos e se esses são sombra, melhor extingui-los dos caminhos comuns até que se tornem outra coisa que seja retratável, até na ciência uma teoria só é reconhecida se for passível de exposição à refutação.
Um vomitado deseja-se sem nome, por provir da maledicência dos nossos rumores físicos, mas se há algo que se deseja calorosamente transmitir? E se não há fogajem nisso, qual a razão de ser da palavra que se lança sem a mão cuja linha de carne conduz à face? Soa-me a guerra, onde a desproporção de forças gera a absoluta ilusória vitória de uma das partes, mas ainda assim os campos de batalha costumam trazer bordados a quente sangue, um nome.
Vale o que vale uma opinião e apresentando-se desconhecida, é como valendo o que vale estar além disso, decapitada.
2 comentários:
Está tudo dito. Até apetece citar Platão...FAR
mai nada! este vai p o agavetado. bj
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