quarta-feira, 14 de maio de 2008

Citações universais esparsas de António Maria Lisboa (1)


" É fácil ser subversivo– a palavra não custa…é um caso de hábito de audição. Eu sou subversivo, tu és subversivo, nós somos subversivos – um verbo que se conjuga só nestas três pessoas como se sabe:as duas primeiras do singular, a única do plural-. O Romance e os seus problemas, uma presença, a Presença ( e Régio? porquê Aquilino? e porquê Fernando Pessoa a figura central? Por assiduidade ao café? pelo seu inglês clássico?ou pelas respostas às charadas que enviava para Londres?

" Houve centro? e a haver não seria esse Magnífico Sá-Carneiro de que todos se serviram e perante o qual Pessoa perde todas as pessoas porque Sá-Carneiro é o seu assassino?A que distância um do outro: Pessoa, o capacho-confesso, Sá Carneiro…um Esfinge-Gordo, exacto! Um, um literato, fazendo um esforço de Quatro para não recuperar o meio – fracassando; o outro, excesso do meio!, toda uma " Confusão " dum " tempo incerto ", de " pés fincados na terra ", embora nem sempre a cabeça os acompanhasse- e ainda bem, claro ". ( Resposta a uma entrevista de Adolfo Casais Monteiro sobre o Movimento Surrealista em Portugal, in D.Popular, 30 Agosto 1950. Texto inserto no volume de "Poesia de A.M. Lisboa, realizado por M.C. de Vasconcelos, Editora Assírio e Alvim, 1995, Lisboa.

Nota Bene: Ao andar a reler Jorge de Sena, escritos e correspondência, confirmei a importância das influências de M-Cesariny, António Maria Lisboa e de António Pedro, dos três grandes realizadores do Movimento Surrealista Português, na escrita e pensamento do genial autor de " Peregrinatio ad loca infecta ". Justamente, de António Maria Lisboa, Sena chama a atenção para a inexcedível densidade do seu pensamento crítico e poético.


FAR

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro FAR: troca lá isto tudo por
miúdos. Talvez lá cheguemos!
(MMI).

Anónimo disse...

Jorge de Sena gostava muito da poesia do Cesariny, que é, de facto, de alta loucura e beleza. Pena é ser tão escassa. Sobre o António Maria Lisboa escreveu um ditirâmbico elogio, onde o classificava como um pensador muito bom e difícil. Se nos lembrarmos que tudo isso se passou no início dos anos 50,época de grande fome e repressão política, mais valor temos que atribuir ao A.M. Lisboa, um dos líderes de vanguarda do Movimento Surrealista português.Aproveitem a Feira do Livro e comprem os volumes de Ensaios de Jorge de Sena sobre a Literatura Portuguesa( 3 unidades), onde há pérolas de alta erudição e pistas maravilhosas para compreendermos ainda melhor a nossa Literatura de todos os tempos. Por exemplo, Sena gosta muito do António Nobre e do Teixeira de Pascoaes, sobre quem tem textos decisivos. Obrigado pela questão formulada, não hesite em questionar. FAR